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A medicina e seu poder de inspirar cidadania

A medicina e seu poder de inspirar cidadania
Rodrigo Souza
jan. 6 - 3 min de leitura
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O preconceito e a desonestidade são aspectos deletérios da condição humana, que expõem, respectivamente, as nossas intransigências e problemáticas morais. O médico, enquanto agente de uma ciência biopsicossocial está inserido e vulnerável a essa conjuntura, frente a ela, entretanto, não pode deixar-se corromper, pois como prenunciou no juramento de Hipócrates: "praticará sua profissão com dignidade e consciência, não permitindo que concepções de nenhum tipo intervenham entre seu dever, pacientes e colegas".

Nesse sentindo, é papel do galeno ser instrumento de preservação da vida, auxiliando aqueles que padecem das segregações da sociedade, e ao mesmo tempo disseminar, seja no habitáculo de seu labor, seja em sua conduta cidadã, os predicados basilares que edificam sua arte.

A missão de acolher, proteger, escutar sem julgar e cuidar com equidade são os pilares que cristalizam a medicina como um ofício sacro. O código de ética médica, por exemplo, consagra em seu artigo 1º, a profissão como um trabalho a serviço da coletividade.

Tendo em vista essas concepções e diante dos paradigmas sociais marcantes da contemporaneidade, tais como as intolerâncias de ordens variadas e as corrupções disseminadas da micro à macro escala no seio social, a empreitada de ser médico alcançou novas extensões (de desafios e responsabilidades). Isso porque, o médico pela prática da alteridade, do elo honesto e transparente e do diálogo respeitável e ético, detém nessa perspectiva, o caminho para resgatar no outro seu bem estar, mas também inspirar-lhe a conduta da integralidade.

A práxis médica é também um compromisso democrático dos doutores, consolidado na horizontalidade entre companheiros, que guiados por um mesmo ideal de beneficência, empreendem uma mesma jornada. Nesse ensejo, o exercício da transversalização e do respeito começa pelos colegas, qualificados por Hipócrates como irmãos, entre os quais as insígnias e os títulos não podem ser abismos; as responsabilidades devem ser compartilhadas, podendo ambos ser e se sentir membros valorizados de um espaço de gestão colegiada.

Sob esse cenário, concebe-se uma profissão amparada primordialmente na fraternidade, que não só ata laços entre os sujeitos da saúde, como também fortalece uma ação proativa em favor do outro.

Consoante Immanuel Kant, o homem é um ser dotado de duas virtudes que lhes são peculiares: a razão e a vontade. Destarte, constitui-se imprescindível aos herdeiros de Esculápio usar da razão para agirem além da epiderme de seus enfermos, pois diante das infortúnios patológicos do mundo, os bons valores tornaram-se um remédio também; bem como se abastecer da vontade de praticar a concórdia, a fim de fazer brotar das relações interprofissionais, a exemplaridade do bem comum.


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