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Aprendendo com a Medicina de Família e Comunidade

Aprendendo com a Medicina de Família e Comunidade
Leonardo Cardoso
mar. 2 - 4 min de leitura
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A medicina me encanta por vários motivos. Um deles é a quantidade de possibilidades que um médico tem para se especializar. Até o último levantamento que fiz eram 54. Tem especialização para aqueles que gostam de ação. Para aqueles que são mais tímidos. Para os que gostam de ver o corpo por dentro. Para os que gostam de trazer uma nova vida ao mundo. Para os que gostam de investigar a causa da morte. E, dentro dessas 54, uma chama a minha atenção em especial: a medicina de família e comunidade.

Tida por muitos (e eu pensava assim) como a mais simples das especializações, afinal conta com apenas 2 anos de residência, para mim, é a mais complexa de todas. Um médico de família nunca sabe quem vai atender nem qual patologia vai tratar.

Há quase 1 ano eu tenho convivido com ela. Já passei pela simples retirada de um medicamento utilizado por um paciente diabético até a suspeita de lesões metastáticas de uma possível recidiva oncológica. Já atendi pacientes com depressão e pacientes que estavam passando por crises previsíveis do ciclo de vida, as quais possuíam um prazo para terminar. Já atendi criança, idoso, homem, mulher e até uma família inteira.

De simples, a medicina de família e comunidade tem apenas sua sigla: MFC. Mas ela chama a minha atenção. Por meio dela posso atender os pacientes no consultório, como também ir até suas casas. Por meio dela posso passar por várias áreas ao mesmo tempo. Por meio dela posso enxergar o paciente como um todo. Por meio dela posso viajar por minhas emoções.

Já conversei com vários pacientes, ri, chorei, fiquei sem nenhuma reação, torci para reencontrá-los algum dia. E a cada atendimento percebo que o ser humano é único no palco da existência. A cada atendimento vejo que há um mundo novo para descobrir em cada pessoa. E a cada atendimento fica claro que o currículo que tanto trabalhamos para construir com trabalhos, eventos, congressos, cursos e tantos outros fica mínimo diante da história de vida que cada paciente nos conta.

Mas, mesmo sendo tão diferentes, eles possuem algo em comum. Ao final de cada atendimento, seja num consultório, seja em suas casas, todos dizem a mesma palavra, que para mim, é a mais linda de todo o dicionário: “Obrigado!”. O sentimento de gratidão é o mais belo de todos. Por meio da gratidão é possível perceber a dádiva que é estar nesse negócio chamado vida. Por meio da gratidão é possível ser feliz, mesmo quando as coisas não saem como o planejado. Por meio da gratidão é possível amar. A si mesmo. As pessoas a sua volta. Aquilo que fazemos. A vida.

A medicina de família e comunidade me encanta pelo seu lado dinâmico, pela aventura que é não saber o que me espera do lado de fora do consultório, pela possibilidade de conhecer novas histórias a cada atendimento, pela chance de acompanhar uma família e ver seu desenvolvimento. Mas o que mais me encanta nela é a possibilidade de poder exercer meu papel enquanto médico, sem precisar deixar de lado a visão espiritual que possuo sobre a vida.

 


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