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Aspectos da COVID-19 em crianças e adolescentes

Aspectos da COVID-19 em crianças e adolescentes
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jun. 27 - 4 min de leitura
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Nesta semana a revista científica The Lancet - Child & Adolescent Health  divulgou um artigo abordando os aspectos mais relevantes da COVID-19 em crianças e adolescentes da Europa.

Os dados existentes até então eram provenientes de estudos na população chinesa, dificultando uma equiparidade de resultados com as populações pediátricas do ocidente.

O principal objetivo deste estudo coorte, realizado por profissionais vinculados ao Paediatric Tuberculosis Network European Trials Group, foi reunir informações acerca de desfechos clínicos em pacientes pediátricos de até 18 anos infectados pelo vírus SARS-CoV-2 provenientes de 31 países da Europa.

Ao todo foram abordados 585 casos de infecção pelo vírus SARS-CoV-2 conduzidos por 77 instituições de saúde localizadas em 21 países europeus: Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, Dinamarca, Estônia, Alemanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Lituânia, Noruega, Portugal , Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia e Reino Unido.

Os resultados obtidos demonstraram que a idade média da população acometida foi de 5 anos, variando de 3 dias a 18 anos completos. Sendo que 40% dos casos foram registrados em menores de 2 anos.

A proporção entre pacientes com a COVID-19 do sexo feminino e sexo masculino foi de 47% e 53%, respectivamente.

Quanto a presença de comorbidades cerca de 145 pacientes (25%) apresentavam alguma condição médica preexistente e desses 3% se enquadravam em mais de uma categoria .

Dentre as condições mais comuns destacavam-se:

  • Condições Pulmonares: Asma (16 indivíduos) e displasia broncopulmonar (6 indivíduos);
  • Condições Cardiológicas: Cardiopatia congênita (25 indivíduos);
  • Condições Imunossupressoras: Terapia imunossupressora (29 indivíduos), Imunodeficiência (3 indivíduos), Quimioterapia (25 indivíduos) e Transplante de Célula Tronco (3 indivíduos);
  • Condições Neurológicos: Epilepsia (9 indivíduos) e Paralisia cerebral (8 indivíduos);
  • Condições renais: Doença Renal Crônica (9 indivíduos).

No que diz respeito a sintomatologia 65% dos pacientes apresentaram febre de no mínimo 38°C abrindo o quadro. Desses 50% cursaram com sintomas semelhantes aqueles de infecção do trato respiratório superior e 25% apresentavam evidência de infecção do trato respiratório inferior, 22% dos pacientes apresentavam sintomas gastrointestinais, sendo que desses 7% apresentavam somente sintomas gastrointestinais e 16% dos pacientes eram assintomáticos mas tinham PCR-COVID-19 positivo.

Dos pacientes acometidos 62% prosseguiram com internação hospitalar, sendo que 8% desses indivíduos necessitaram de seguimento em UTI, onde 4% evolui com insuficiência respiratória necessitando de ventilação mecânica.

Os fatores de risco relacionados a admissão em UTI  foram pacientes menores que 1 mês, sexo masculino, presença de comorbidades e presença de sinais ou sintomas de infecção do trato respiratório inferior.

Quatro pacientes vieram ao óbito, sendo que a taxa de letalidade apontada foi aproximadamente 0,7%.

No que diz respeito a terapia instituída o número de pacientes que fizeram uso de antivirais ou imunomoduladores foi muito pequeno, impossibilitando correlações conclusivas sobre sua eficácia.

É interessante notar que apesar dos bebês serem os mais acometidos por formas mais severas da COVID-19, a taxa de mortalidade é baixa quando comparada aos pacientes adultos e principalmente com mais de 70 anos, o que permite intuir que a imunosenescência parece contribuir muito mais para quadros de infecções mais graves que a imunoimaturidade.

Muitas outras características estão sendo apontadas como oriundas de infecção pelo vírus SARS-CoV-2 em crianças, incluindo lesões elementares da pele semelhantes as causadas pelo vírus da varicela, dengue e urticariforme.

 

Texto elaborado por Renata Campos Cadidé

Veja mais em:

  1. Götzinger, F. et al. (2020). COVID-19 in children and adolescents in Europe: a multinational, multicentre cohort study.  The Lancet Child & Adolescent Health. S2352-4642(20)30177-2.
  2. Galvan Casas, C. et al. (2020) Classification of the cutaneous manifestations of COVID-19: a rapid prospective nationwide consensus study in Spain with 375 cases. British Journal of Dermatology.

 


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