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Brasileiros MD - Oswaldo Cruz

Brasileiros MD - Oswaldo Cruz
ANA CAROLINA AZEVEDO SALEM
abr. 28 - 8 min de leitura
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Brasileiros MD - Oswaldo Cruz

Conheça a biografia de um dos maiores médicos e sanitaristas brasileiro

Oswaldo Cruz nasceu em 5 de agosto de 1872 em São Luiz de Paraitinga- SP, filho do médico carioca Bento Gonçalves Cruz e de Amélia Bulhões da Cruz. Com 5 anos, mudou-se com a família para o Jardim Botânico no Rio de Janeiro.

E com apenas 15 anos, entrou para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde logo se interessou pelo laboratório e pelo microscópio. Dois anos depois, ainda na faculdade, publicou dois trabalhos sobre microbiologia. Naquela época, esse ramo da ciência promovia uma mudança significativa na medicina (a "revolução pasteuriana"), graças às descobertas de pesquisadores como o francês Louis Pasteur e o alemão Robert Koch. Em 1892 concluiu o curso com a tese: Veiculação Microbiana pelas águas (uma exigência acadêmica da época para se obter o título de doutor em medicina).

No mesmo dia em que Oswaldo apresentou sua tese, poucas horas depois, morria seu pai, aos 47 anos, vítima de nefrite. Responsável por sustentar a mãe e as cinco irmãs, ele teve de adiar o sonho de especializar-se em microbiologia e soroterapia, para assumir a clínica do pai e o emprego dele no ambulatório de uma indústria (Fábrica de Tecidos Corcovado).

No ano seguinte (janeiro de 1893), se casou com Emília da Fonseca (sua namorada da adolescência), filha de um rico comerciante português, o comendador Manuel José da Fonseca. Como presente de casamento, o sogro deu ao jovem médico, um laboratório de análises e pesquisa instalado na casa onde o casal foi morar, na Rua Jardim Botânico, no Rio.

Em 1894 foi trabalhar na Policlínica Geral do Rio de Janeiro, onde montou e chefiou um laboratório de análises clínicas ligado ao Serviço de Moléstias Internas da casa. Ainda nesse ano, ajudou o recém-criado Instituto Sanitário Federal a diagnosticar como cólera uma epidemia que se propagava pelo vale do Paraíba.

Em 1896, graças à ajuda do sogro novamente, seguiu com a família (sua mulher, e os dois primeiros filhos) para Paris, para se especializar em Bacteriologia pelo Instituto Pasteur, onde foi muito bem recebido, inclusive com uma bolsa, sendo dispensado de pagar pelo material usado nas pesquisas. Pensando na carreira como pesquisador, também fez estágios em uma fábrica de vidraria para laboratório, tornando-se, posteriormente, o primeiro a fabricar ampolas no Brasil. 

Para sustentar sua família na cidade francesa, Oswaldo empregou-se em uma clínica de urologia, e mais tarde conseguiu um estágio em medicina legal, no Instituto de Toxicologia de Paris em investigação criminal.

Em 1899, quando voltou ao Brasil, encontrou o Porto de Santos assolado por uma epidemia de peste bubônica. Foi convidado então, para integrar uma comissão da Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP), onde ajudaria a combater a doença, tomando medidas para evitar que ela se alastrasse para outros portos brasileiros.  Nessa época, o único lugar que produzia o soro antipestoso, era o Instituto Pasteur de Paris, insuficiente para suprir a demanda. Então em 1900, foi criado no Brasil, o Instituto Soroterápico Federal (mais tarde Instituto Oswaldo Cruz), na antiga Fazenda de Manguinhos no Rio, tendo como diretor técnico o bacteriologista Oswaldo Cruz. O qual mantinha estreita parceria com os médicos Adolfo Lutz e Vital Brazil, do Instituto Soroterápico do Estado de São Paulo, mais tarde Instituto Butantan.

Após assumir a direção geral do novo Instituto em 1902, foi nomeado no ano seguinte Diretor Geral de Saúde Pública, hoje seria o equivalente ao Ministro da Saúde, com a missão de combater as três principais doenças que assolavam o Rio de Janeiro, de tempos em tempos: peste bubônica, varíola e a febre amarela. As quais conferiam ao Rio (então capital da República), a reputação de “túmulo do estrangeiro”. Do ponto de vista sanitário, o então Distrito Federal envergonhava o Brasil perante as outras nações. Navios procedentes da capital do país eram forçados a cumprir quarentena em outros portos ao redor do mundo, para evitar que doenças como a febre amarela se alastrassem.

Em pouco tempo, graças às campanhas de saneamento do jovem médico (como o combate aos ratos nos bairros mais pobres e a pulverização de navios suspeitos), a peste bubônica foi erradicada no Rio.

Em contrapartida, o combate à febre amarela e à varíola foi mais difícil. Em meio à ignorância da população e às polêmicas medidas que vinham sendo tomadas para reurbanização da cidade - como a derrubada de cortiços e alargamento de ruas - Oswaldo Cruz e o prefeito Pereira Passos enfrentaram forte oposição e revoltas. Até mesmo pela comunidade científica, que na época acreditava que a febre amarela era transmitida pelo contato com roupas, suor, sangue e secreções de doentes. Oswaldo, porém, acreditava em uma nova teoria, proposta por um médico e pesquisador cubano (Carlos Juan Finlay): que conseguiu provar ser um mosquito o transmissor da doença. Implantou-se assim brigadas para percorrer casas, jardins, quintais e ruas, a fim de eliminar possíveis focos de insetos – eram os famosos “mata-mosquitos”.

Apesar da intensa reação popular, o então Presidente da República - Rodrigues Alves – confiou no jovem médico, e os resultados das campanhas não demoraram em aparecer. O número de mortes causadas pela febre amarela no Rio caiu de 584 (em 1903) para 48 no ano seguinte. E no começo de 1907, Oswaldo Cruz pôde anunciar o fim da epidemia de febre amarela.

Mas o ápice da oposição foi em 1904, quando o sanitarista tentou promover a vacinação em massa da população, a fim de erradicar a varíola, que chegava a matar 130 pessoas por semana na cidade. Na época, a imprensa, os positivistas e a população insurgiam contra a obrigatoriedade da vacina e milhares de crendices eram usadas como argumento: muitos acreditavam que a vacina não funcionava e transmitia sífilis e tuberculose, ou ainda diziam que a vacina na verdade era um veneno para matar os mais pobres. Em meio a esse clima de tensão, enquanto o Congresso discutia sobre a obrigatoriedade da vacina, surgiu uma rebelião popular - a “Revolta da Vacina”- apoiada pelos cadetes da Escola Militar da Praia Vermelha. O governo derrotou a revolta, mas decidiu também suspender a obrigatoriedade da vacina. Em 1908, ocorreu uma nova epidemia de varíola, que levou a população aos postos de vacinação. Nesse momento, reconheciam então o valor do sanitarista brasileiro.

Na comunidade científica internacional, porém, seu trabalho já era reconhecido há muito tempo. Em 1907, no Congresso Internacional de Higiene e Demografia de Berlim, foi premiado com a medalha de ouro pelo trabalho de saneamento do Rio de Janeiro. Também reformou o Código Sanitário e reestruturou todos os órgãos de saúde e higiene do país.

Além das grandes ações promovidas para o saneamento do Rio, Oswaldo Cruz também formou importantes expedições pelo interior do país, como a erradicação da febre amarela no Pará e a ação contra a malária – que assolava os operários da construção da estrada de ferro Madeira- Mamoré - na Amazônia.  Em 1913 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, e em 1915 deixou a direção do Instituto Oswaldo Cruz, com a saúde bastante debilitada, para se tornar prefeito de Petrópolis, onde tão logo que assumiu, já iniciou um projeto para reforma sanitária e reurbanização, além de diversas outras ações, mas que não pôde ver realizadas. Em 1917, faleceu com insuficiência renal, aos 44 anos de idade.

Fontes: http://www.projetomemoria.art.br/OswaldoCruz/biografia/index.html

   https://portal.fiocruz.br/pt-br/content/oswaldo-cruz


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