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Design Medicine

Design Medicine
Daniel Heringer
abr. 14 - 4 min de leitura
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Design thinking é um método de design para resolver problemas. É um ótimo jeito de se solucionar questões difíceis, uma vez que se baseia na ideia de definir com precisão as necessidades das pessoas, antes de se pensar na solução em si.

Uma das técnicas do design thinking é o Double Diamond, um jeito simples de sistematizar um processo de se resolver problemas, o qual é resumido em 4 etapas, como ilustra a imagem abaixo. 

(Fonte da foto: https://share.atelie.software/apreciando-o-brilho-do-double-diamond-c1d61f35a705)

Aprendi esse método antes mesmo de ter contato com a propedêutica médica, no início da minha faculdade, e quando tive a oportunidade de ler os livros de semiologia, fiquei feliz em ver como os métodos são parecidos, afinal, médicos são excelentes em resolver problemas!

A medicina atualmente treina profissionais para solucionar questões individuais, o que me leva a acreditar que isso nos torna as pessoas mais indicadas para resolver também problemas sistêmicos e em escala. Gostaria de ilustrar essa ideia com um exemplo corriqueiro.

Dr. João está em seu consultório quando um paciente entra para sua primeira consulta. Masculino, meia idade, fácies atípicas, caminha sem dificuldades para a cadeira e se assenta sem aparentar problemas. Depois de acolher com simpatia, João segue com a identificação. Nesse momento consegue captar um pouco do perfil da pessoa que está passando por um momento de aflição.

Em seguida, com a primeira pergunta propiciatória, João descobre a queixa principal. Ao identificar o problema se coloca no lugar do paciente com empatia, para ver com os olhos dele e entender as aflições de quem está a sua frente.

Sem perder tempo, já sentindo as dores do paciente, ele faz a anamnese e o exame físico com o objetivo de entender a fundo como é que está aquela pessoa. Uma verdadeira entrevista de profundidade com testes parametrizados. Quando já está confiante de ter compreendido a situação, passa à primeira etapa de divergir as ideias sobre o problema: o diagnóstico diferencial. Ele explora quais são as possíveis causas daquela dor e escolhe apenas uma hipótese, uma ideia, que seja verdadeiramente a necessidade do paciente.

O primeiro ciclo, o do problema, se encerra nesse ponto, e a partir daí, João inicia o ciclo da solução.

Ele já entendeu como o paciente está, mas, qual será a melhor maneira de resolver essa dor? Mais uma vez, ele faz uma divergência de ideias, pensa em várias maneiras de chegar numa solução, antes de convergir para aquele caminho que vai atender melhor às aflições da persona à sua frente. Nesse momento ele termina o segundo ciclo e parte para as últimas fases.

Agora sim ele já entendeu quem é a pessoa a sua frente, explorou opções para entender e encontrar o verdadeiro problema, analisou as possibilidades de solução e definiu uma conduta. Essa é a deixa para a parte de testar o protótipo de solução que ele deu. O paciente segue sua vida e no retorno vai mostrar se esse tratamento foi capaz de solucionar suas dores.

A medicina nos apresenta maneiras de resolver problemas grandes e difíceis de cada um dos pacientes. Já o design thinking é um jeito de resolver problemas grandes e difíceis, geralmente em escala, os quais incomodam não apenas uma, mas muitas pessoas.

A Saúde brasileira enfrenta problemas também grandes e difíceis, apesar de haverem tantos médicos que são excelentes em resolver problemas, porém vivem em situação de caos devido a esses problemas. Talvez isso continue acontecendo porque ninguém ensina aos médicos como solucionar problemas sistêmicos, restringindo sua resolutividade aos individuais.

No entanto essa situação pode ser mudada. Eu não acredito que design thinking deva ser só coisa de designer ou de engenheiro, mas também de médico. Nesse desafio de resolver problemas sistêmicos, não há nenhum profissional mais adequado para transformar a saúde que o próprio médico, que pode usar sua experiência no individual e passar a impactar ela em escala.

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