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Diabetes autoimune latente do adulto (LADA)

Bárbara Figueiredo
mar. 18 - 4 min de leitura
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O conceito de diabetes autoimune latente em adultos, cuja sigla em inglês é LADA, de “latent autoimmune diabetes in adults” foi introduzido pela primeira vez em 1993, por Tuomi e Zimmet para definir pacientes diabéticos adultos que não requeriam insulina inicialmente, mas que apresentavam autoanticorpos contra as células-beta e progressão mais rápida para insulinodependência.

Ou seja, trata-se de uma forma de instalação lenta de diabetes autoimune que ocorre devido a incapacidade do pâncreas na produção adequada de insulina, provavelmente devido a algum motivo que lentamente danifica as células produtoras de insulina no pâncreas.

Fisiopatologia

No LADA, a disfunção da célula β tem sido reportada como intermediária entre os dois principais subtipos de diabetes. Fenômenos genéticos, imunológicos e metabólicos parecem convergir com outros processos de doença, como a insulinorresistência, condicionando a apoptose da célula β e contribuindo para o aparecimento da LADA.

O LADA, na maioria dos casos, acomete pessoas com mais de 30 anos de idade, o que corrobora em possíveis diagnósticos errôneos de diabetes mellitus tipo 2, pois como são mais velhas do que é típico para alguém com diabetes tipo 1, que geralmente se inicia antes dos 18 anos, quando os sintomas começassem a se desenvolver seria porque inicialmente o pâncreas ainda produzia alguma insulina,  ou seja, resultado da posterior resistência insulínica, ainda mais se estes pacientes tiverem fatores de risco para tal patologia, como forte histórico familiar ou obesidade.

Porém, mesmo com as similaridades com o DM 2, clínica e terapeuticamente, enquanto o diabetes tipo 2 é devido à resistência à insulina, o diabetes autoimune latente em adultos é um diabetes por insuficiência de insulina. Estima-se que mais de 50% das pessoas diagnosticadas como portadoras de diabetes mellitus tipo 2 não relacionada à obesidade podem realmente ter LADA.

Diagnóstico

O diagnóstico é tipicamente baseado no achado de hiperglicemia, associado à constatação de que a causa é devida a uma falha das ilhotas de Langerhans ao produzir insulina, idade inferior a 50 anos ao diagnóstico, presença de sintomas agudos, índice de massa corporal < 25 kg/m2, história pessoal ou familiar de outras doenças autoimunes. A presença de pelo menos duas destas características clínicas justifica o pedido de anticorpos antiglutamato descarboxilase (GADA).

No LADA, os anticorpos anti-insulina (IAA) são raros, enquanto os GADA são característicos, mas estes podem se tornar negativos ao longo do tempo. Indivíduos com título elevado de GADA ou com positividade para maior número de anticorpos, geralmente apresentam um IMC inferior, menor secreção endógena de insulina e progressão mais rápida para insulinoterapia. Assim, o título de GADA pode permitir identificar indivíduos que respondem pior à terapêutica com antidiabéticos orais e que apresentam maior risco de cetoacidose.

A detecção de um nível baixo de peptídeo-C e anticorpos contra as ilhotas de Langerhans reforçam e sustentam este diagnóstico. Uma diferenciação com o diabetes tipo 2 pode ser feita porque as pessoas com LADA tipicamente têm níveis baixos, embora às vezes moderados, de peptídeo C à medida que a doença progride, e aqueles com resistência à insulina ou diabetes tipo 2 são mais propensos a ter níveis elevados de peptídeo C devido a uma produção excessiva de insulina. Clinicamente, os indivíduos com LADA representam um grupo heterogêneo de doentes com títulos variáveis de anticorpos, índice de massa corporal (IMC) e progressão para insulinoterapia.

 

Referências

Groop LC, Bottazzo GF, Doniach D. Islet cell antibodies identify latent type I diabetes in patients aged 35-75 years at diagnosis. Diabetes. 1986;35:237-41

Pozzilli P, Di Mario U. Autoimmune diabetes not requiring insulin at diagnosis (latent autoimmune diabetes of the adult): definition, characterization, and potential prevention. Diabetes Care. 2001;24:1460-7

Rosário PW, Reis JS, Amim R, Fagundes TA, Calsolari MR, Silva SC, et al. Comparison of clinical and laboratory characteristics between adult-onset type 1 diabetes and latent autoimmune diabetes in adults. Diabetes Care. 2005;28:1803-4.

 


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