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Diagnóstico X Anamnese computacional: um erro de conceito

Diagnóstico X Anamnese computacional: um erro de conceito
Domingos Sávio Oliveira Bezerra
abr. 26 - 2 min de leitura
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Falamos em nosso último texto (Diagnóstico médico computacional: médicos X inteligência artificial) sobre como a tecnologia aplicada à saúde evoluiu muito nos últimos anos e demonstramos isso em um artigo publicado no JAMA Internal Medicine chamado “Compararison of Physician and Computer Diagnostic Accuracy”, da Harvard Medical School. Neste artigo, o autor relata a experiência com um software que realizou a análise de casos clínicos propostos, como em uma prova de faculdade, através da inteligência artificial. Mas algo no título do artigo nos chamou a atenção: é usado o termo “Diagnóstico Computacional”.

Será que no estudo em questão o computador estava efetivamente realizando um DIAGNÓSTICO?

Celmo Celeno Porto, em seu consagrado livro "Exame Clínico" (1992), afirma que o Diagnóstico é o resultado final de um trio formado por Anamnese + Exame Físico + Exames Complementares.

A anamnese – entrevista feita pelo profissional na realização da consulta – é muito importante como uma etapa do exame clínico. Inclusive o autor (PORTO, 1992) afirma que cerca de 70% do acerto do diagnóstico depende de uma boa anamnese. Dessa forma, o médico, a partir de um questionário direcionado, obtém informações importantes sobre a história atual e pregressa do paciente e conjectura hipóteses diagnósticas com razoável grau de acerto.

Então quando o artigo publicado no JAMA fala em diagnóstico computacional está na verdade errando conceitualmente.

  • A máquina executou o exame físico do paciente? Não (ainda).
  • A máquina correlacionou resultado de exames complementares ao resultado da anamnese e do exame físico? Não (ainda).

A partir disso, podemos concluir que a máquina não fez um diagnóstico conforme o conceito definido acima. Ela simplesmente formulou possíveis hipóteses baseadas em uma entrevista sintomatológica. Portanto, executou na verdade apenas uma anamnese computacional.

É interessante no futuro tentarmos discutir, conceituar, pensar sobre o que é uma anamnese computacional, um exame físico computacional, um diagnóstico computacional e talvez até prescrições computacionais.

Estamos vivendo uma era de avanços em tecnologia da saúde. Estamos colocando nossas caravelas n’água. É fantástico termos um ambiente como o site Academia Médica, do ilustre colega Dr. Fernando Carbonieri, como um local para debate desses temas tão atuais, empoderando médicos e  profissionais da saúde  e incentivando o posicionamento como líderes dessa nova fronteira. Lembramos a todos do programa especial de imersão em formação executiva chamado Leadership, Innovation & Management - LIM, nos dias 04 a 06 de maio de 2018.


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