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Empatia: o que é mesmo?

Empatia: o que é mesmo?
Gabriel Couto
abr. 9 - 3 min de leitura
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Empatia, segundo consta no famoso dicionário Michaelis, é um substantivo feminino que pode ser caracterizado como a "habilidade de imaginar-se no lugar de outra pessoa". Pronto, a pergunta está respondida. 

Mas saiba que empatia vai muito além disso.

Parece uma definição simples, um conceito superficial de dicionário, algo que aprendemos numa passada de olhos por um Porto da vida ou para uma prova de propedêutica. Entretanto, eu garanto que, apesar de ser uma qualidade elementar para todo profissional da saúde - assim digo porque não é algo só para os descendentes profissionais de Hipócrates, mas para todos os profissionais da área -, é um conceito que sempre vale a pena reavaliar se nós como médicos - e até como cidadãos - estamos o desenvolvendo de forma correta.

Trago aqui um fato super comum na clínica, que pode ser originado a partir da falta de empatia, bem como sua consequência: falta de adesão por parte do paciente.

Você, um (a) baita médico (a), avalia o seu paciente, em especial se tratando no Sistema Único de Saúde (SUS), e conclui que ele é uma daquelas pessoas baseadas na motivação - como é a uma boa quantidade das que vemos por ai -, ou seja, se ninguém tiver lá dando força e lembrando que ele precisa se tratar certinho, ele para. Um erro que pode acontecer é o (a) médico (a) prescrever um remédio que, além de ser caro é necessário fazer seu uso, por exemplo, mais de uma vez ao dia, todo santo dia.

Neste caso, a falta de empatia de entender e se colocar na realidade do paciente vai fazer com que ele corra o risco de não comprar o remédio por não ter como arcar com as despesas - caso o remédio não seja coberto pelo SUS. Isso fará com que tenha a tendência a não fazer o uso correto, porque acha ruim ter que tomar o remédio mais de uma vez todos os dias, já que sempre alguém precisa ficar em cima.

Então, devemos nos colocar no lugar do paciente e entender que preço e posologia são sim fatores que interferem na adesão ao tratamento. Portanto, é necessário entender situação por situação, colocar os pesos na balança e tomar a decisão clínica baseada nas seguintes perguntas:

  • O paciente pode pagar pelo remédio?
  • O paciente costuma a ter adesão a outros tratamentos?(é bom perguntar isso aos familiares para evitar possíveis induções ou mentirinhas).

Essa linha de raciocínio foi necessária para chegarmos a uma conclusão de que "empatia" não é um conceito simples, é algo complexo e que exige muita atenção e raciocínio, pois precisamos sair da zona de conforto e assumir o papel do paciente.

Como lhe mostrei no início, empatia é uma habilidade.

Calma, não tirarei mais do seu tempo conceituando agora "habilidade", mas todos sabemos que ela não surge do dia para a noite. É preciso treinar fora do ambiente de trabalho, colocar em prática dentro dele e, não menos importante, ter capacidade e a calma também de ensinar a como se colocar no lugar do outro aos que iniciam agora a carreira médica.

 


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