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Especialidades Médicas - Oncologia

Especialidades Médicas - Oncologia
ANA CAROLINA AZEVEDO SALEM
jul. 10 - 11 min de leitura
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Dando continuidade a nossa série de textos sobre especialidades médicas, hoje é dia de falarmos da Oncologia.

Também conhecida como Cancerologia, essa especialidade é responsável pelo estudo, diagnóstico e tratamento dos tumores malignos sólidos. Podemos dividi-la em: oncologia clínica, cirúrgica, e pediátrica. Apesar de existir essa divisão clássica, o tratamento para o câncer é multidisciplinar, portanto essas áreas se inter-relacionam entre si e com outras especialidades e profissões, como: radioterapia, radiologia, patologia, medicina nuclear, cuidados paliativos, nutrição, fonoaudiologia, fisioterapia, enfermagem, psicologia e praticamente todas as outras áreas cirúrgicas (CAD, cirurgia de cabeça e pescoço, neurocirurgia, etc).

Não deixe de conferir a Agenda dos Concursos de Residência Médica 2016

O tratamento dos tumores hematológicos (como o mieloma múltiplo, leucemias e linfomas) fica a cargo de outra especialidade que também se relaciona com a oncologia e que comentaremos em um outro texto: a Hematologia.

Assim como fizemos com a gastro, vamos comentar um pouco sobre cada área da Oncologia, começando então pela:

Oncologia Clínica:

A oncologia clínica, como o próprio nome já diz, lida com o tratamento clínico dos tumores malignos sólidos em adultos, ou seja, é responsável pelo tratamento clínico de todos os tipos de cânceres, exceto os hematológicos.

A residência em oncologia clínica tem como pré-requisito os dois anos em clínica médica e como duração mais três anos (mudança realizada após a resolução da CNRM de 2007 ).

De acordo com a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), as instituições credenciadas para Residência Médica em Cancerologia/Clínica devem, obrigatoriamente:

-Disponibilizar leitos específicos em unidade de internação de adultos, ambulatório específico para atendimento em cancerologia clínica, unidade de pronto atendimento/urgência/emergência.

-Assegurar, segundo as características da instituição, atividades de atenção ambulatorial e em unidade de internação com pacientes com enfermidades onco-hematológicas.

Além disso,  o conteúdo programático para cada ano de residência deve estar distribuído da seguinte maneira:

Conteúdo programático Programa de Residência Oncologia Clínica

A atuação do oncologista clínico é mais ambulatorial, ou seja, a carga horária total é principalmente representada pelas consultas e complementada pelas visitas aos pacientes  internados (em quartos, enfermarias, UTIs). Não havendo portanto plantões específicos para o oncologista clínico, a não ser no setor de quimioterapia (que funcionam apenas de segunda à sexta no período diurno) ou para as intercorrências, em que o paciente necessita de algum atendimento de urgência e o médico precisa ser chamado.

Apesar dessa atuação eminentemente ambulatorial e com "poucos plantões", a carga horária efetiva do oncologista clínico é muito alta. Pois o paciente oncológico é um paciente que demanda muita atenção do seu médico, seja através do telefone, ou da internet, ou mesmo presencialmente, fazendo com que o oncologista  precise estar disponível praticamente em tempo integral para o paciente.

Isso deve ser muito bem pensado e trabalhado por quem pensa se tornar um oncologista, para que no futuro, você saiba administrar bem o tempo que irá dedicar ao trabalho, de forma que isso não interfira muito na sua vida pessoal também.

Outro desafio para o oncologista é a complexidade de lidar com um paciente oncológico. Não só do ponto vista prático da doença em si, mas também de todas as questões que estão relacionadas à ela. Como por exemplo, saber lidar com a angústia e preocupação dos pacientes e familiares, tratando-os sempre com empatia e oferecendo conforto desde o momento do diagnóstico até o tratamento, principalmente nos casos de pacientes terminais.

É claro que, características como compaixão e empatia são intrínsecas, da personalidade de cada um, mas saber como dar uma má notícia, de um câncer terminal, por exemplo, é uma habilidade que pode ser aprendida. E que deve ser muito valorizada para quem pensa seguir essa área.

Geralmente com o tempo e com a prática, é que essa habilidade pode ser adquirida, mas existem também alguns protocolos que podem ajudar principalmente para os estudantes de medicina, que ainda vão entrar em contato com essa realidade durante a prática no internato.

Oncologia Cirúrgica: 

A oncologia cirúrgica, como o próprio nome já diz, é a especialidade que vai lidar com o tratamento cirúrgico do câncer, realizar procedimentos cirúrgicos de diagnóstico nos pacientes com suspeita ou presença de tumores, e pode também promover o tratamento paliativo em pacientes terminais.

Para comentar sobre essa área da oncologia, entrevistamos o cirurgião oncológico: Dr. João Carlos Simões. Coordenador e Chefe do Serviço de Cancerologia do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba:

AM- Como é a residência em Oncologia Cirúrgica?

"A Residência em Cancerologia Cirúrgica, tem como pré-requisito os dois anos de Cirurgia Geral e tem mais 3 anos de duração.

 Competências Específicas 

1 - Atuar na área de cirurgia oncológica para o tratamento dos tumores de cabeça e pescoço, tórax, abdômen, partes moles, uro-ginecologia

2 - Realizar atividades de propedêutica e tratamento multidisciplinar em Oncologia Cirúrgica  em ambulatórios, enfermarias e centro cirúrgico.

3 - Desenvolver condutas terapêuticas nas áreas cirúrgicas de: Abdome, Ginecologia ; Mastologia; Tecidos Ósseo e Conectivos; Tórax e Urologia.

4 - Desenvolver atividades científicas através de sua participação em protocolos desenvolvidos nas diversas seções cirúrgicas, publicação de trabalhos em periódicos médicos e apresentações em jornadas e congressos médicos nacionais e internacionais.

5 - Desenvolver atividades multidisciplinares nas seções de Anatomia Patológica, Oncologia Clínica e Radioterapia.

  • Aqui exemplificando as cargas horárias / anual de um residente R1 (Programa de Residência em Oncologia Cirúrgica do Hospital Evangélico de Curitiba):
    • Carga horária ambulatorial anual: 528h
    • Carga horária de centro cirúrgico anual: 528h
    • Carga horária de atividade científica anual: 528h
    • Carga horária de atividade de enfermaria anual: 528h
    • Carga horária de plantão em pronto-socorro (sobreaviso): 14 dias corridos de plantão intercalados com 3 semanas de descanso – 264h/anual
    • Carga horária anual dedicada à cancerologia básica: 264h
    • Período de descanso diário: 1h de almoço
    • Estágio obrigatório: 30 dias corridos no Serviço de Radioterapia / Patologia/
    • Eventos científicos obrigatórios: Jornada Anual do Serviço de Cancerologia e Congresso do Médico Residente do Hospital Evangélico de Curitiba. Autorizado a participar de um Congresso da especialidade (nacional ou internacional) ano.
    • Férias: período de 30 dias
    • Procedimentos realizados sob orientação dos supervisores até o final do primeiro ano de residência: punções e drenagens superficiais, biópsias superficiais, excisão de tumores de pele, reconstrução de defeitos cirúrgicos com retalhos locais e enxertia, laringoscopias com biópsias, traqueostomias, excisão de pequenos tumores de boca, excisão de cistos benignos da região cervical, excisão de tumores de partes moles, tireoidectomias parciais ou totais para patologias benignas, excisão de nódulo benigno da mama, laparotomias, laparorrafias, ooforectomias simples, histerectomia para tumores benignos, estomias, enterectomias e enteroanastomoses.
    • Apresentação até o final do período de um TCC .
    • Rodízios nas subáreas: pele e reparadora I (60 dias ou 480h), cabeça e pescoço I (60 dias ou 480h), mastologia I (60 dias ou 480h), cirurgia abdominal I (60 dias ou 480h), cirurgia pélvica I (60 dias ou 480h), radioterapia (30 dias ou 240h), 30 dias de férias."

    Para saber mais sobre o conteúdo programático para os outros dois anos de residência em cancerologia cirúrgica, clique aqui.

    A Resolução 07/2006 da CNRM também dispõe sobre os requisitos mínimos e o conteúdo programático para os Programas de Residência Médica em Cancerologia Cirúrgica.

    AM - Como é a rotina do cirurgião oncológico? "A rotina como cirurgião oncológica dependerá se ele trabalhar num serviço do SUS  universitário ou só com  pacientes de convênios e particulares. Um dia típico para um cirurgião que trabalhe em hospital universitário do SUS, por exemplo, seria: Pela manhã : atendimento no ambulatório do SUS - recebendo novas consultas de todas as áreas oncológicas ou de áreas específicas por ex: mama, ginecológico, pele , sistema digestório etc. E reconsultas e curativo de pacientes operados. Visita às enfermarias com discussão dos casos internados com os médicos residentes e revisão dos exames de imagem e de anatomia patológica. No período da tarde: Cirurgias oncológicas. No final da tarde:  Atendimento em consultório. No período da noite: Estudar os casos pendentes e consulta à biblioteca pela internet." AM - Quais os desafios de seguir essa especialidade? "Os desafios da profissão estão relacionados em fazer um atendimento de qualidade a todos os pacientes, o que exige sempre um bom relacionamento médico paciente, um adequado estadiamento de cada doença, competência cirúrgica e um seguimento cuidadoso do paciente e que muitas vezes ultrapassa os 5 anos ou mais. É óbvio que para o cirurgião oncológico os desafios são se manter atualizado, estudar todos os dias, participar de congressos e também ter férias e momentos de lazer com a família para evitar a Síndrome de ' Burnout'." AM - Quais as áreas de atuação da cirurgia oncológica? "-Cabeça e pescoço -Mastologia -Urologia -Ginecológica" AM - Como está o mercado de trabalho para o cirurgião oncológico hoje? "O mercado está crescendo pela abertura de novos centros hospitalares do SUS chamados CACONS e UNACONS e que demandam mais profissionais e constituições de novos serviços particulares e de convênios." Os Unacons são Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia e os Cacons são Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia, que fazem parte de hospitais de nível terciário. A diferença entre os Unacons e os Cacons, é que os primeiros podem ter em sua estrutura física a assistência radioterápica ou então, referenciar formalmente os pacientes que necessitarem desta modalidade terapêutica. Enquanto que, os Cacons, devem, obrigatoriamente, contar com assistência radioterápica em sua estrutura física. AM - E para finalizar, o que você diria para o estudante de medicina que pensa em seguir essa área?
    "A mensagem para os estudantes de Medicina é que, antes de tudo, para seguir esta área difícil da cirurgia,  precisa ser vocacional. Além de ter muita compaixão aliada a um conhecimento técnico da cirurgia."
    Fontes: -Livro : Como Escolher a Sua Residência Médica -CNRM -Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica -Instituto do Câncer

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