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Implante elétrico experimental utilizado no tratamento de depressão profunda

Implante elétrico experimental utilizado no tratamento de depressão profunda
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out. 13 - 3 min de leitura
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Cientistas da Universidade da Califórnia, em São Francisco (EUA), desenvolveram um implante elétrico experimental que promete detectar e tratar de forma personalizada a depressão profunda. Para pacientes com depressão resistente ao tratamento de longo prazo, esta nova terapia pode ser transformadora. Há um ano, eles instalaram o dispositivo no crânio de uma mulher de 36 anos, chamada Sarah. E os primeiros frutos do projeto são animadores: a participante do estudo afirma que o dispositivo trouxe mudanças positivas para sua vida e seu comportamento.

As descobertas publicadas em um artigo na revista Nature Medicine intitulado "Neuromodulação de circuito fechado em um indivíduo com depressão resistente ao tratamento" representam um marco de sucesso nas tentativas de aplicar os avanços da neurociência ao tratamento de transtornos psiquiátricos.

No método de duas etapas, os pesquisadores primeiro identificaram um biomarcador neural específico por meio da eletrofisiologia intracraniana ao longo de vários dias. Ao mesmo tempo, eles identificaram um local de tratamento onde a estimulação elétrica focal poderia melhorar os sintomas.

Os autores então implantaram um dispositivo no local identificado, capaz de detectar e estimular os impulsos elétricos. O dispositivo implementa uma terapia de circuito fechado que dispara a estimulação cerebral profunda terapêutica quando a gravidade do sintoma aumenta, gerando o biomarcador específico que é detectado pelo dispositivo.

O sucesso limitado de tentativas anteriores de tratar a depressão com estimulação cerebral profunda se deve em grande parte ao fato de as abordagens anteriores fornecerem estimulação elétrica constante a uma área do cérebro, ao passo que a depressão pode envolver diferentes regiões do cérebro em diferentes pacientes. Por outro lado, o sucesso deste estudo de prova de princípio baseia-se na descoberta dos pesquisadores de um padrão específico de atividade cerebral que indica o início dos sintomas pelo biomarcador no paciente e na personalização do dispositivo de estimulação cerebral profunda para desencadear uma resposta seletivamente quando detecta o padrão que constitui o biomarcador.

Esta abordagem de circuito fechado cria uma terapia sob demanda que é exclusiva para o cérebro do paciente, a região afetada e o circuito neural que causa os sintomas.

O implante, que tem o tamanho de uma caixa de fósforos, é acoplado no osso craniano, sob o couro cabeludo, em cirurgia minimamente invasiva. O aparelho emite cerca de 300 impulsos elétricos por dia, o que equivale a meia hora de estimulação. De acordo com o artigo, a paciente Sarah não sente exatamente esses impulsos percorrendo seu cérebro, mas descreve uma sensação súbita de positividade e estado de alerta. Um ano depois, Sarah permanece colhendo os frutos do dispositivo, sem efeitos colaterais. Apesar de estar funcionando muito bem com ela, segundo os próprios pesquisadores, ainda não é possível afirmar com convicção se o dispositivo pode ajudar outros pacientes com depressão profunda. 

 

Representação gráfica do dispositivo acoplado ao crânio (Imagem: UCSF/Nature Medicine)

 

Referências:

Scangos, K.W., Khambhati, A.N., Daly, P.M. et al. Closed-loop neuromodulation in an individual with treatment-resistant depression. Nat Med (2021). https://doi.org/10.1038/s41591-021-01480-w

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