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Medicina do Estilo de Vida: O Poder do Hábito

Medicina do Estilo de Vida: O Poder do Hábito
Amanda Zanlorenzi
fev. 1 - 4 min de leitura
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A Medicina do Estilo de Vida é um conceito desenvolvido pelo Dr Edward M. Phillips, também fundador do Instituto de Medicina do Estilo de Vida localizado na Escola de Medicina de Harvard.

Segundo a definição do American College of Lifestyle Medicine, essa abordagem consiste no ‘’uso terapêutico de intervenções de estilo de vida baseadas em evidências, para tratar e prevenir doenças a ele relacionadas em um cenário clínico. Ela capacita os indivíduos com o conhecimento e as habilidades para fazerem mudanças de comportamento eficazes, que abordem as causas subjacentes da doença.”

Trata-se, portanto, da prevenção, recuperação e, fundamentalmente, da manutenção da saúde por meio de mudanças de hábito, envolvendo essencialmente quatro pilares:

  • Prática regular de atividade física
  • Alimentação equilibrada
  • Sono de qualidade
  • Administração e controle do stress.

Nesse contexto, não faltam evidências de que muitas doenças, especialmente as doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), estão fortemente relacionadas aos aspectos supracitados. Surge, portanto, um novo desafio na prática médica: a realização de uma consulta que permita uma orientação direcionada ao autocuidado dos pacientes, de forma a proporcionar transformações efetivas na maneira de os indivíduos configurarem suas vidas.

O fato é que mudar ou criar um novo hábito é uma tarefa árdua. Afim de compreender melhor esse assunto, recentemente li um livro fantástico chamado ‘’O Poder do Hábito’’,  no qual o jornalista Charles Duhigg, com base em um estudo realizado junto ao MIT (Massachusetts Institute of Technology), explica que os hábitos são ciclos simples, gerados pelo nosso cérebro com o intuito de ‘’economizar energia’’. Eles funcionam como um looping formado por uma deixa (ou gatilho), uma rotina e uma recompensa, e é justamente essa associação que permite a criação de novos hábitos e a consolidação de hábitos antigos.

De acordo com a pesquisa, após identificado esse ciclo, a forma mais eficiente de alterar o looping do hábito é substituir uma velha rotina por uma nova, mantendo o gatilho e a recompensa. O Alcóolicos Anônimos, por exemplo, utiliza justamente esse método. Inicialmente, os participantes fazem uma lista do que exatamente buscam ao beber. A organização, então, oferece novas rotinas que atendam a esses desejos, substituindo a bebida por encontros e reuniões, os quais suprem a principal recompensa citada por eles: relaxamento e companheirismo. O desejo pela bebida e a recompensa permanecem, mas ao mudar a rotina, o habito é efetivamente alterado.

Um dos conceitos apresentados pelo autor que mais me chamou atenção foi o dos ‘’Hábitos Angulares’’, que consistem em mudanças ‘’simples’’, capazes de gerar pequenas vitórias. Esse mecanismo gera um ciclo de conquistas e modificações em vários âmbitos da vida, como é o caso de alguém que começa a praticar atividade física e, por consequência, passa a alimentar-se de forma mais saudável, dormir melhor, experimenta as sensações agradáveis da endorfina e, ao sair para caminhar ou frequentar a academia, também aprimora as relações interpessoais.

Penso que essa ferramenta pode ser estendida para os mais diversos desafios de mudança. Tudo o que é novo exige um trabalho extra do nosso cérebro, mas se soubermos manejar nossos mecanismos de auto sabotagem, podemos sair da zona de conforto e nos transformar como indivíduos.

Como estudante de medicina, achei bastante interessante compreender esses conceitos, não apenas pensando no desafio relacionado à orientação dos pacientes, mas também em desenvolvimento pessoal. Afinal, “Toda a nossa vida, na medida em que tem forma definida, não passa de uma massa de hábitos – práticos, emocionais e intelectuais – sistematicamente organizados pra nossa felicidade ou nosso sofrimento e nos conduzindo irresistivelmente rumo ao nosso destino, qualquer que seja ele.”  William James.


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