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MHealth para promover o cuidado híbrido em idosos crônicos

MHealth para promover o cuidado híbrido em idosos crônicos
Antonio Valerio Netto
mai. 1 - 5 min de leitura
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Atualmente existem por volta de 1200 operadoras de plano de saúde ativas no Brasil que possuem milhões de beneficiários sendo que em torno de 15% são idosos (acima de 65 anos de ambos os sexos) (ANS, 2019). Desses idosos, 72% possuem  doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). São aquelas de progressão lenta e de longa duração, que muitas vezes levamos por toda a vida. Podem ser silenciosas ou sintomáticas, comprometendo a qualidade de vida. Nos dois casos, representam risco para o paciente.

A maioria dessas doenças está relacionada ao avanço da idade e ao estilo de vida – hábitos alimentares, sedentarismo, estresse entre outros aspectos. Entre as principais ocorrências no Brasil estão: diabetes, hipertensão e cardiopatia (Biosom, 2017).

Os custos com os tratamentos desses idosos têm aumentado anualmente, dificultando a gestão financeira dos planos de saúde, e podendo, em poucas décadas levar a um colapso financeiro dessas empresas. Um caminho para evitar este quadro negativo é a realização de atividades preventivas de forma escalável e com baixo custo, principalmente junto ao público de idosos que responde por volta de 15% da população desses planos, mas é responsável por mais de 50% dos valores gastos anualmente. Isto é, se dobrar o número de idosos dentro do plano, este pode não conseguir se viabilizar economicamente.

Para tornar a medicina preventiva financeiramente viável, a tecnologia tem sido uma aliada neste processo. Uma das principais abordagens é o emprego de mHealth. Trata-se do uso de tecnologias móveis e sem fio, como telefones celulares, dispositivos mobile de monitoramento de pacientes, assistentes pessoais digitais e aplicativos de softwares móveis (APPs), para apoiar a realização dos objetivos da área de saúde.

Um exemplo do seu uso esta associado a biotelemetria para coleta de dados por longo tempo com o intuito de ajudar a desenvolver estratégias de minimização dos efeitos de uma fadiga oncológica, gerando sequências de procedimentos fisioterapêuticos, um possível aconselhamento psicológico, ou mesmo, viabilizando intervenções de origem farmacológico e não farmacológico entre outras atividades.

mHealth é um excelente meio para viabilizar uma proposta de valor que tem sido estudada nos últimos anos para a prevenção e acompanhamento de idosos com condição crônica (FAPESP, 2018). Essa proposta envolve o cuidado híbrido ou combinado (do inglês blended healthcare ou blended care). Trata-se da junção de atividades envolvendo o atendimento presencial e o cuidado digital com o objetivo de prover um acompanhamento do desempenho do paciente no seu autocuidado (Valerio Netto & Tateyama, 2018). Atua como extensão do atendimento físico. São complementares um ao outro, não importando a proporção do uso de cada um, no processo de cuidado do individuo assistido.

A inspiração veio do Fisital. Darryl Rigby, professor de Harvard, se referiu ao aprendizado das empresas que precisaram ter seus modelos de relacionamento com o cliente e com o mercado contemplando os dois ambientes: offline e online. O cuidado híbrido funciona como uma ponte entre a prestação tradicional de assistência presencial e as soluções de Saúde Digital (eHealth). O seu processo de atuação pode ser observado na figura abaixo.

Por exemplo, de posse de um smartphone conectado na Internet, os pacientes poderão, além de transmitir as medidas fisiológicas, analisar essas atividades no tempo (data e horário), com o objetivo de identificar determinados tipos de padrões de comportamento. Para o módulo de análise dos dados capturados podem ser empregados os algoritmos analíticos (Health Data Science) para identificar esses padrões, e posteriormente, construir uma base histórica de dados fisiológicos/comportamentos e alertas recorrentes.

Referente aos benefícios de forma geral, as plataformas baseadas em cuidado híbrido irão prover um grau de assimilação elevado do conhecimento do perfil do histórico de medidas fisiológicas e de atividades do paciente (comportamento), pois é um sistema que pode promover um estudo analítico dos hábitos e rotinas (toma o remédio adequadamente, faz caminhada, etc.), podendo, inclusive estimular novas rotinas para o usuário monitorado. Com isso, visa oferecer aos profissionais de saúde uma formatação de dados mais adequada (evidências), possibilitando, assim, que os mesmos possam desempenhar suas funções de forma mais segura e eficaz junto ao paciente.

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