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O fim das provas na faculdade de medicina

O fim das provas na faculdade de medicina
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mai. 6 - 4 min de leitura
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O texto a seguir foi retirado do site KevinMD e foi elaborado por um estudante de medicina estadunidense, embora o sistema de admissão as escolas médicas nos estados unidos seja diferente do que ocorre no Brasil os problemas biopsicossociais se perpetuam em todo o continente americano. Confira o seu relato que foi traduzido (de forma livre) pela nossa equipe.

"Não deveria haver provas na faculdade de medicina. Quarenta e poucos por cento dos candidatos são aceitos em uma ou mais escolas de medicina. Para se inscrever na faculdade de medicina, é necessário não apenas ter se formado ou estar prestes a se formar na faculdade, mas também ser aprovado no MCAT e ter o apoio de um comitê de inscrição pré-médico.*

Desde o primeiro dia da faculdade de medicina, os alunos devem sentir que seus colegas e professores estão ao seu lado. Para as pessoas cínicas que duvidam que seriam capazes de abordar a faculdade de medicina como algo diferente de um jogo de soma zero, uma luta estilo Jogos Vorazes pelo programa de residência principal, essas pessoas ou não deveriam ser admitidas, ou pelo menos deveriam obter ajuda. As notas alimentam a competição que alimenta a falta de autoestima dos alunos, o que ameaça a compaixão dos futuros médicos pelos pacientes, e assim por diante.

Mais importante ainda, os pacientes se machucam. Eu não me considero uma pessoa competitiva pelos padrões da faculdade de medicina, mas quando eu era um estudante do terceiro ano concluindo estágios básicos, me peguei abordando cada um dos meus pacientes como um fator determinante em "como eu me sairia" (ou seja, qual nota receberia) em um determinado estágio. Imagine que você é um paciente e um estudante de medicina está aplicando uma agulha em forma de borboleta três, talvez quatro vezes, em busca desesperada por um flash, porque querem que o residente saiba o quão “competentes” eles são. Este exemplo pode causar apenas um pequeno incômodo para o paciente, mas imagine esse estudante de medicina graduando-se e indo para sua residência cirúrgica de primeira escolha e carregando a mesma mentalidade para o centro cirúrgico. A segurança do paciente sempre deve vir em primeiro lugar, e devemos estar em um ambiente onde o pedido de ajuda deve ser encorajado, e não visto como um sinal de incompetência ou fraqueza. Porque o ambiente atual em que estamos fomenta o nervosismo, o que leva a erros médicos.

Ao longo do ano passado, vivenciamos a pandemia mais mortal da história recente, um presidente que se recusou a admitir irregularidades e um evento violento no Capitólio.** Quando recebi uma mensagem sobre a perda de um membro da família, estava fazendo rondas com minha equipe médica. Com medo de mostrar fraqueza, fiquei o dia inteiro, apenas mencionando que não estava bem na hora de sair para o time noturno. Eu estava muito preocupado em como seria visto se saísse no meio das rodadas. A faculdade de medicina me endureceu significativamente, em alguns aspectos bons, mas se 2020 nos ensinou alguma coisa, é que:

 devemos lembrar que nós e nossos pacientes somos apenas pessoas imperfeitas fazendo o nosso melhor. Precisamos acabar com a competição sem fim no que deveria ser um campo colaborativo, e isso começa eliminando as provas na faculdade de medicina."

 


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Adam Lieber é um estudante de medicina. Seu texto original pode ser acessado através deste link.

* nos estado unidos o sistema de aceite na faculdade de medicina é diferente dos vestibulares brasileiros.

** Aqui o autor se refere ao ex-presidente estadunidense Donald Trump.


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