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Os desafios para a doação de órgãos no Brasil

Os desafios para a doação de órgãos no Brasil
Fernando Antônio Ramos Schramm Neto
dez. 18 - 3 min de leitura
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A doação de órgãos representa, sem reservas, a concessão de partes do corpo para fins terapêuticos. Partindo dessa premissa, com a melhoria dos métodos de cura em hospitais, torna-se imprescindível para pacientes necessitados, em espera, o recebimento de tais órgãos.

Questões religiosas, familiares ou até problemas de tratamento hospitalar, no entanto, geram obstáculos à implantação eficaz de tal processo em questão no Brasil. A conclusão, é imediata: longas filas prioritárias de espera e uma certa “marginalização” de tais necessitados, inclusive por seus familiares.

Parafraseando o médico canadense William Osler, a Medicina é a arte da incerteza e a ciência da probabilidade. Embora, teoricamente, seja um dos mais sublimes processos da ética e do altruísmo humanos, a doação de órgãos constitui-se como um desafio para certas famílias, seja por razões pessoais, em virtude do “respeito ao falecido”, ou por inúmeros registros de erros médicos ao reportar morte cerebral a pacientes com traumas encefálicos.

Em meio a tal “fogo cruzado”, encontra-se quem, de fato, precisa de ajuda e não a tem: os enfermos. Um exemplo são as cerca de 2 mil pessoas, em média, que falecem anualmente por falta de doadores, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. A gênese da ética, intrínseca ao emocional humano, deve unir médicos e pacientes.

Ademais, é evidente que a moral de cada um assemelha-se a uma lente, e é a partir dela que todos enxergam o mundo. A criação pessoal e a personalidade fazem com que todos tenham sua própria ótica sobre o que é certo ou errado, mas o que se deve priorizar é que a doação deve ser consequência do altruísmo existente no espírito humano, embora muitas vezes venha corrompido por razões próprias.

Um exemplo são os médicos que ignoram a prestação de cuidados a pacientes com traumas encefálicos visando “agilizar” a doação de seus órgãos e credibilizar-se na profissão, ou os vários transplantes feitos em laboratórios ilegais, com conservação mal feita dos órgãos transplantados. Às vezes, a moral humana é corrompida por ela mesma.

Parafraseando Hipócrates, o “pai da Medicina”, as forças naturais que se encontram dentro de nós são as que, de fato, curam as enfermidades. A doação não deve ser vista como o oferecimento de uma parte do corpo para que o outro possa viver, e sim no outro que oferece o seu corpo para que aquela parte continue vivendo.

É imprescindível, portanto, que o Ministério da Saúde deva suscitar o orgulho e a importância de se doar órgãos, por meio da criação de matérias voltadas para cada tipo de público, da elaboração de propagandas e de anúncios, objetivando aumentar cada vez mais o número de cidadãos que se prontificam a tomar tal atitude.


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