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Por que você (leitor) deveria escrever?

Por que você (leitor) deveria escrever?
Renata Campos Cadidé
ago. 26 - 5 min de leitura
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Olá, leitor, gostaria de compartilhar algumas palavras contigo.

Não sei se você é um calouro, um veterano, um interno ou um especialista, mas, neste momento, quero nomeá-lo como um possível escritor.

E quando eu digo possível escritor não exagero ao dizer, pois acredito que qualquer pessoa pode se expressar por palavras, algumas em prosa, outras em versos, em crônicas ou cientificamente.  Fato é que todos nós somos potenciais escritores pois a fala é comum a todos e por que não seria a escrita?

Neste mundo em  que estamos vivendo, em constante desenvolvimento e diariamente bombardeados de inovações tecnológicas e novas verdades, a profissão médica e os pacientes precisam da contribuição de boas palavras, seja para desmistificar assuntos científicos e temas relacionados à profissão, ou para retomar a crença na humanidade e na ética do trabalho médico.

Dedicar tempo para explicar e se fazer entender, escolher o idioma que mais se adapta ao seu estilo e aos daqueles que são o alvo da sua comunicação, não é ensinado na escola de medicina e neste século se mostra crucialmente importante.

Uma vez ouvi numa adaptação teatral a frase:
"Se não está escrito, não existe"

Uma frase muitos simples, que faz referências aos autos “Quod non est in actis non est in mundo” . Porém de tão singela me caiu como um peso sobre os ombros: Se algo não for escrito, passado adiante, registrado de alguma forma, padece. Sua existência é posta à prova por quem o sabe, por quem viu e só. É pó a partir daí.

Então o primeiro ponto positivo de se tornar um escritor é a permanência. Registrar em palavras sua passagem pela vida. Se está escrito, existe (porque alguém o fez).

Mas o que seria um assunto pra mim? Ou pra você? Não gostaria de deixar um registro de "uma coisa qualquer".

Quando penso no passado, quando relembro médicos de outras eras, encontro títulos que vão muito além da medicina.

Astrólogos, filósofos, artistas, meu sentimento é que para ser médico é necessária muita técnica e conhecimento, mas também permeia um pouco de "encanto" na figura curativa e acolhedora que foi incorporada pela profissão.

O segundo ponto positivo para iniciar o caminho [sem volta] da trilha da escrita é esse: A palavra do médico tem peso.

Se a decisão de escrever for instituída em tentativa de ajudar outras pessoas, sejam elas colegas ou pacientes, de forma compreensiva e atenciosa, mas também embasada cientificamente, considero que você está preparado e pronto para dar o seu melhor na escrita, neste caso não para salvar uma vida, mas para resgatar e transmitir o seu melhor possível para muitas outras vidas.

Terceiro ponto: escrever o torna paciente e resgata sua sensibilidade

A rotina acaba tornando o médico menos paciente, menos tolerante aos pontos fracos e erros, menos disposto a ouvir e menos capaz de se importar. 

Somos um pouco treinados a reconhecer um momento de fragilidade humana como mais um evento diário passageiro da longa lista de eventos que já passamos e ainda iremos passar. 

Já ouvi uma vez que "Se o médico for tocado por todas as histórias de vida de seus pacientes ele não conseguiria absorver tanta lamúria e de certo perderia sua sanidade mental."

Os pacientes precisam do conhecimento médico, mas isso não é tudo. Eles precisam de alguém que também os enxergue como pessoas, não só como doenças.

Devemos entender quais são nossos limites, para nos permitirmos exercitar a presença e a solidariedade em momentos oportunos sem que isso impacte negativamente em nossa vida pessoal.

Não vejo forma mais clara de entender os limites da empatia que a escrita.

Escrever sobre os acontecimentos fortalece e edifica o sentimento, aponta o limite entre amparo e o próprio bem-estar. Escrevendo, podemos nos sobressair e reconhecer nossos limites, nos permitindo agir apenas dentro deles, tentando sempre ser melhores como seres humanos e médicos.

Além disso, escrever pode ser uma chance de obter alívio e recuperar as energias nem que seja no "desabafo das palavras".

Terceiro ponto: Credibilidade e Reconhecimento

Credibilidade deriva de confiabilidade e o reconhecimento de valorização.  Hoje em dia, com tantos veículos midiáticos que exaltam a imagem e a presença é fato que quem não é visto, não é lembrado.

Escrever, como eu disse, torna algo como um ato permanente e mais do que isso, torna-o visível. 

A visibilidade pode gerar credibilidade e reconhecimento.  A escolha de compartilhar textos pode refletir na sua reputação profissional,  e construir bons vínculos por meio do alicerce das palavras. 

Por isso, aproveite o poder das palavras e da comunicação para ajudar as pessoas. Seja com as melhores informações disponíveis ou demonstrando o lado humano da sua profissão dizendo o que não é dito, muitas vez por falta de tempo.
 


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