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Por que você fez medicina?

Medicina em Crônicas - Elomar R. Moura
jan. 16 - 3 min de leitura
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Salvar vidas? Ajudar as pessoas?

Consolidar um significado ao seu exercício profissional é fundamental, uma boa reflexão acerca dos impactos que você tem na realidade no seu entorno, também.

Existem aqueles que observam em fotos de infância sua profissão precocemente, outros fantasiam-se de heróis e heroínas. Em resumo, as nossas expectativas frente ao mundo são formadas desde cedo. Um ponto importante é relacionar o senso comum sobre a medicina com nossas fantasias.

Se eu pudesse por um verbete em um dicionário em relação à medicina seria: A arte da cura. Todavia, com o sentido original da palavra, a sua etimologia, "cura" advém de cuidar, ou seja, a medicina como a arte do cuidar. Por que se relaciona tanto a medicina ao salvar vidas?

Fantasias infantis, não como uma fantasia boba e destituída de sentido, mas como uma projeção originada de um determinado período cronológico das nossas vidas. Particularmente, os super-heróis foram um elemento formador da minha trajetória.

O heroísmo como desejo infantil, precisou ser substituído com o passar do tempo, aos 18 anos não podíamos vestir capas, roupas coloridas e sair voando pela cidade e resolvendo problemas. Dessa forma, a maior proximidade que a sociedade encontrou nessa função foi o exercício médico, um grande erro.

Salvar vidas não é o dever da medicina, defendo sempre a medicina como a arte do cuidar, caso os cuidados sejam possíveis para total resolução do problema, chegamos na cura. Entretanto, ainda projetamos no jaleco, uma capa com superpoderes e que no futuro, se essa fantasia não for desmontada, a impotência frente aos casos clínicos reais fatalmente levará o profissional a desilusão.

É evidente que podemos ter uma interferência vital na vida de um paciente em determinado momento, ajudaremos diariamente com orientações, conselhos e diretrizes. Assim como, outras ocupações também ajudam, desde o agente de trânsito ao escoteiro.

Nossas fantasias nos construíram, porém, salvar vidas não é papel do médico, mas sim, de super-herói.

Ajudar? Várias ONG’s por vezes impactam muito mais vidas que um médico.

Por que você faz medicina? Salvar vidas?

Deixemos nossas capas e uniformes coloridos na infância, onde elas realmente têm superpoderes.

 


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