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Uma reflexão sobre a Telemedicina

Uma reflexão sobre a Telemedicina
Jefferson Kleber Forti
ago. 15 - 3 min de leitura
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Temos acompanhado a manchetes dos jornais, referente a resolução do Conselho Federal de Medicina, tratando do assunto telemedicina. E uma série de indagações vêm à tona.

Recordando minha formação acadêmica, lá na semiologia, onde aprendemos a ouvir o paciente, entendendo seu problema e nos aproximarmos dele. Realizando todos os passos do exame físico; palpando, auscultando, observando, percutindo, cheirando. Enfim, formei-me acreditando que essa proximidade era mais importante do que os melhores recursos propedêuticos.

Quando iniciei a cirurgia vascular não pude deixar de lembrar do Dr. Kallas, cirurgião vascular das antigas, falando da importância de palparmos os pulsos dos pacientes. Lembrando de uma fala de um renomado professor, afirmando que em cirurgia vascular, na angiologia e várias especialidades, noventa por cento do diagnóstico seria realizado através de uma anamnese e exame físico bem feitos.

Assim construí minha formação, acreditando que a proximidade com o paciente, era fundamental para realizarmos uma boa medicina. Afirmo constantemente para meus pacientes e familiares, que a empatia é o melhor medicamento que podemos oferecer àqueles que se encontram em sofrimento.

Não sou absolutamente contra a tecnologia, muito pelo contrário. Acredito que ela é uma grande parceira. Vislumbro um futuro onde nanorobôs serão capazes de reparar genes defeituosos, medicações sendo personalizadas, cirurgias serão cada vez menos invasivas. Vislumbro uma medicina menos agressiva e mais objetiva. Mas, nem por isso creio que nos distanciemos dos pacientes. E não continuemos a ouvi-los e a tocá-los.

Nesses anos como médico descobri que os interesses da indústria e dos convênios médicos, sobrepujam muitas vezes as barreiras da ética e sensatez. E nós médicos muitas vezes embalados pela promessa, pelo marketing poderoso, nos curvamos e damos aval a muitas mentiras.

A telemedicina veio para ficar! Acho difícil mudarmos isso, pois somos apenas um elo, muitas vezes enfraquecido por uma desunião incompreensível. Muitos de nós se curvarão a tela, mantendo o distanciamento do odor pútrido das feridas, protegidos do potencial elevado de transmissão de algumas doenças. Assegurando uma “medicina” àquele que nos assiste, sem tocá-lo, sem levar o calor de nosso conhecimento. Acreditando que a imagem e o relato serão suficientes para realizar o tratamento.

 

Como discípulo de Apolo, Esculápio e Hipócrates, manterei fiel os preceitos preconizados pela boa medicina. Continuarei a me curvar, não a tela, mas ao paciente, compreendendo sua dor, sentido o odor pútrido da ferida, tocando a chaga. Oferecendo meu conhecimento como instrumento. Vou continuar a exercer a medicina como prática de proximidade e confiança. Compartilhando minha fé, como uma cápsula de esperança e lealdade.

 

Jefferson Kleber Forti

Cirurgião Vascular

 


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