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Uma vida dedicada ao outro

Uma vida dedicada ao outro
Emanuella Machado
ago. 17 - 3 min de leitura
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Hoje parei para pensar sobre como a carreira médica se dá atualmente, sobre como os alunos de medicina visualizam seu futuro e suas perspectivas. Pude perceber então que muitas vezes eles se perdem em meio à quantidade incessável de provas e exames, que testam nada além das suas capacidades de decorar o que está exposto nos livros de clínica médica, ou ainda naqueles extensos textos de fisiologia ou anatomia do básico.

Muitas vezes me perguntei se todo aquele esforço realmente valeria a pena e se era realmente a medicina que eu queria para minha vida. Estaria disposta realmente a abrir mão dos natais em família para encarar os bêbados do natal em um hospital longe de casa? Estaria mesmo disposta a adiar o plano de conhecer 10 países em uma única viagem nas férias de inverno? Até hoje não tenho essas respostas. 

Até hoje não compreendo o fundamento da mecanização que os alunos de medicina sofrem nas faculdades. Todos os tratos de núcleos de nervos cranianos e mecanismos de ação da proteína G passados pelos professores com certo grau de desinteresse me fazem refletir diariamente em que ponto isso será útil para minha carreira clínica. Alunos sofrem com a robotização imposta pelas faculdades mais tracionais, onde são obrigados a decorar capítulos inteiros de livros em menos de 2 dias porque antes estavam decorando capítulos de outros livros. 

O mais frustrante para um estudante de medicina não é estudar e não ir bem em uma avaliação. E sim saber que poderia ter ido melhor se as questões fossem contextualizadas, que exigissem deles não apenas a capacidade de decorar, e sim a capacidade de desenvolver seu raciocínio clínico.

Tudo isso nos leva a pensar se realmente vale a pena abrir mão do final de semana em família; deixar de ir no show da sua banda favorita para não perder aulas; até mesmo deixar de ir ao cinema no domingo com os amigos, isso tudo para decorar o que ainda não foi decorado, estudar o que não estudado.

Hoje em dia já não desperdiço momentos de lazer e diversão. Aproveito tudo que me convém, da melhor maneira possível, já que a faculdade não me proporciona essas pequenas alegrias. Não vale a pena abrir mão de uma possível memória feliz para se decorar aquilo que se vai esquecer. 


É preciso saber aproveitar seu tempo e, principalmente, saber dialogar com você mesmo. Ao invés de ser ouvinte, permita-se falar. Seja o paciente da sua anamnese diária. Como anda sua alimentação? E convívio familiar? Você está satisfeito com você mesmo? Suas relações psicoafetivas são boas? Como você se relaciona com as pessoas que estão ao seu redor?

Após essa análise interior e reflexão sobre autoconhecimento, defina suas prioridades, para que elas possam incluir em primeiro lugar a sua saúde. Assim você terá tempo, disposição e ânimo necessários para encarar qualquer plantão, virar noites estudando aquela matéria que você odeia e até passar o fim de semana com os amigos e família sem nenhum sentimento de culpa. Seu primeiro e principal paciente é você, zele por quem você quer ser. 

É preciso ter fé para que se possa alcançar a luz. 

 


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