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Especialidades Médicas - Medicina Intensiva

Especialidades Médicas - Medicina Intensiva
ANA CAROLINA AZEVEDO SALEM
jun. 15 - 9 min de leitura
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Essa especialidade é relativamente nova, pois surgiu nos anos 50, quando se iniciaram os conceitos em ressuscitação cardiopulmonar e cerebral. Em 1980, foi criada a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), tendo sido reconhecida como especialidade pela Associação Médica Brasileira (AMB), em 1981 e  pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), apenas em 2002.

Ela engloba os conhecimentos médicos da Clínica Médica, Clínica Cirúrgica e Pediatria, somados aos conhecimentos de fisiologia aplicada, utilização de tecnologia avançada, habilidades em procedimentos práticos, farmacologia, ética e humanização para a assistência ao paciente grave.

Em março de 2020 - A Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) concluiu o levantamento sobre o número total de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Brasil. De acordo com o mapeamento de janeiro de 2020 a partir do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) do DATASUS, ANS e IBGE, o País tinha 45.848 leitos de UTI, sendo 22.844 do Sistema Único de Saúde (SUS) e 23.004 que fazem parte do sistema de saúde privado.

Para se tornar um médico intensivista você pode escolher entre dois caminhos para a formação. Um deles é escolher fazer a Residência Médica em Medicina Intensiva. O outro é através de um Programa de Especialização em Medicina Intensiva em um Centro Formador credenciado pela AMIB. Vamos explicar então sobre essas duas vias de formação:

Programa de Residência Médica em Medicina Intensiva:

A residência em medicina intensiva tem duração de 2 anos e tem como pré-requisito a realização de residência prévia em alguma das seguintes áreas: Clínica Médica, Cirurgia,  Pediatria, Anestesiologia, e agora também Infecto, Neuro e Medicina da Família.

Após o término da residência em Medicina Intensiva (MI), o egresso pode prestar a prova de título de especialista da AMIB/AMB e também registrar-se no CRM como especialista em MI, assim que terminar o programa.

Nos Programas de Residência Médica, não é obrigatório prestar a prova de título para registrar-se no CRM como especialista. Mas, segundo a AMIB a importância da aprovação na prova de título é que:  "(...) reflete a comprovação da aquisição das habilidades, competências e atitudes necessárias ao especialista. A titulação da sociedade de especialistas representa, portanto, o selo de qualidade da formação do profissional e é essencial para que o mesmo possa sedimentar sua liderança entre seus pares, na especialidade e na comunidade em que atua".

Os requisitos básicos recomendados pela CNRM para o Programa de Residência Médica em Medicina Intensiva são:

-O treinamento deve ocorrer dentro de unidades de tratamento intensivo (UTIs) adulto ou pediátrica, classificadas segundo as normas estabelecidas pela Portaria 3432/98 do Ministério da Saúde como nível 1, 2 e 3.

-Deve haver uma relação máxima de um residente para cada três leitos de UTI, um preceptor em tempo integral para cada três médicos residentes, ou dois preceptores em tempo parcial para cada três médicos residentes.

-O treinamento deve oferecer experiência assistencial no atendimento a pacientes gravemente enfermos nas grandes síndromes, como choque, comas, insuficiência respiratória, sepse severa e parada cérebro-cardio-respiratória, em pelo menos 40% da carga horária anual.

-Deve ainda oferecer experiência no atendimento e suporte pré e pós-operatório de pacientes submetidos a cirurgias de grande porte (10% da carga horária anual), pacientes traumatizados e/ou grande queimado (10% da carga horária anual) e pacientes imunodeprimidos e/ou oncológicos na mesma proporção (10% da carga horária anual).

-Estágios obrigatórios: A experiência assistencial envolvendo pacientes especiais pode se dar na forma de estágio obrigatório, atendendo assim, a carga de treinamento com pacientes de cirurgia de grande porte, de trauma e grande queimado, no total de 10% ao ano, em cada área.

-Estágios optativos: Serviço de emergência; endoscopia digestiva e ou respiratória; diagnóstico por imagem; suporte nutricional; Comissão de Controle de Infecção Hospitalar; transporte de pacientes graves e cirurgia experimental.

-Cursos optativos: Fundamental Critical Care Support (FCCS/SCCM), Terapia Nutricional no Paciente Grave Adulto e Pediátrico (TENUTI), Humanização, Neurointensivismo.

A outra forma possível de especialização em Medicina Intensiva é através de um Programa de Especialização em Medicina Intensiva em um Centro Formador credenciado pela AMIB (PEMI-AMIB):

Esse programa é um treinamento teórico-prático em centros credenciados e reconhecidos pela AMIB para isso.

Ao contrário da residência médica (em que o acesso é exclusivamente indireto, ou seja, o candidato precisa ter realizado alguma das residências prévias), no programa de especialização, o ingresso pode ser feito de duas formas, por:

-Acesso Direto em programa de 4 anos.

-PEMI-AMIB com duração de 2 anos para os candidatos que já tenham realizado residência médica ou algum programa de especialização, reconhecido pelas respectivas sociedades, nas áreas de: clínica médica, anestesiologia, cirurgia, pediatria, neurologia, infectologia ou cardiologia.

Outra diferença entre o Programa de Especialização e o Programa de Residência, é que na especialização o egresso só pode registrar-se no CRM como especialista em medicina intensiva após realizar a prova de título pela AMIB/AMB e ser aprovado, ou seja, ao final do programa de especialização, o egresso precisa obrigatoriamente realizar a prova de título para obtenção do registro como especialista no CRM. Enquanto que, no programa de residência, o egresso já pode se registrar no CRM como especialista assim que concluir o mesmo, podendo escolher fazer ou não a prova de título.

Como a Medicina Intensiva é uma área que está em constante crescimento no Brasil, em geral, costuma haver mais vagas do que candidatos, com exceção de alguns serviços mais renomados em que a concorrência está na faixa de 3/1. Além disso, a remuneração costuma ser boa, mesmo no início da carreira, e a constante necessidade de profissionais em todas as regiões do país, tanto em hospitais públicos quanto privados, tem valorizado ainda mais o especialista nessa área.

Existem também diversas opções de atuação: é possível trabalhar como rotineiro/diarista (exercendo função de coordenação ou não) em UTIs gerais ou especializadas; como plantonista; ou ainda, exercendo também a especialidade na área em que fez residência anteriormente (clínico, cirurgião, pediatra, anestesista, neuro, etc).

Ao pesquisar sobre a especialidade, uma das informações que me chamaram a atenção, e que eu considero de suma importância para quem pensa seguir essa carreira, é sobre o perfil do médico intensivista. Dentre as várias competências e habilidades importantes para o futuro intensivista, acredito que, a capacidade de trabalhar sob pressão, habilidade de dar más notícias e a empatia, são características essenciais para quem atua nessa área.

Como a medicina intensiva lida com aqueles pacientes que estão em estado mais grave, as vezes com poucas chances de sobrevivência, ou necessidade de tratamentos muito invasivos, essas qualidades acima citadas são essenciais para a boa prática médica. Por exemplo: a liderança da equipe multidisciplinar está sob responsabilidade do médico, que deve ser o responsável por dar as coordenadas e tomar as decisões a cerca do tratamento, sabendo avaliar até que ponto certo procedimento pode ser benéfico ou não para o paciente. Muitas vezes também é o médico o responsável por "cuidar" das famílias, conversando, orientando e as vezes até preparando os familiares para o desfecho de morte do ente querido.

Nesse sentido, a empatia é algo essencial para o médico saber lidar e respeitar as diferenças culturais, sociais e religiosas a respeito da forma como os pacientes e familiares enxergam a morte, e outras questões como suporte de vida, doação de órgãos, etc. Também é importante saber abordar o assunto doação de órgãos, com muito cuidado e sabendo respeitar o momento de sofrimento pelo qual a família está passando, mais uma vez entra ai a empatia.

Mas nem tudo é só dor. Apesar de ter que lidar com vários momentos de sofrimento, a medicina intensiva também parece ser muito gratificante quando a equipe consegue fazer com que aqueles pacientes graves se recuperem e tenham alta .

Segundo o intensivista Dr. Mario Diego Teles Correia, no livro Como Escolher a Sua Residência Médica:

"Resumindo, a Medicina Intensiva é uma disciplina apaixonante e desafiadora e que poderia ser resumida em 4 palavras: trabalho em equipe, cuidado, compaixão e organização".

Enfim, como qualquer outra carreira, existem muitos prós e contras a serem analisados durante a escolha da especialidade que você irá exercer pelo resto da sua vida. Uma boa dica é sempre pesquisar muito, conversar com pessoas que já são da área, e se possível, até acompanhar algum especialista para conhecer de fato a rotina. E se, para você, os prós superarem os contras, ai estará feita a sua escolha.

Fontes:

-Livro: Como escolher a sua residência médica

-Associação de Medicina Intensiva Brasileira 

-Comissão Nacional de Residência Médica


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