No Brasil, existe uma grande diferença entre ser médico e ser formado em medicina - Kiko Tozatti
Talvez estejamos presenciando uma das maiores revoluções na ciência e na medicina. É a Revolução da Informação, que engloba diversas modificações na prática da nossa arte milenar de tratar doentes e curar doenças.
O papel do médico não restringe-se a essas duas esferas de atuação citadas acima. Exercer medicina transformou-se, principalmente ao longo do século passado, e adquiriu novos sentidos nos últimos anos. Veremos o porquê.
A atenção em pesquisa e produção de ciência é uma indústria de altos investimentos. Os EUA gastam, anualmente, 95 bilhões de dólares em pesquisas só na área médica. Informação e atualização devem formar um binômio e andarem juntas numa era em que a 'verdade' passou a chamar-se 'evidência'. E as evidências não são estáticas, podem mudar de acordo com as novas descobertas do meio científico.
Dessa forma, o conhecimento médico não pode mais ser considerado como uma verdade absoluta, e estar atento às constantes mudanças e novas 'verdades' é fundamental numa era em que a informação nos cerca por todos os lados, como o ar. Não absorver informações de qualidade é um grande risco que o médico pode correr, caso não tenha acesso a boas fontes de dados. E isso pode sufocar a sua carreira e comprometer a vida dos seus pacientes.
Até mesmo eles, os pacientes, mudaram, sofreram a influência da revolução da informação. Eles chegam ao consultório "googados", ou seja, vêm com dados (nem sempre relevantes) acerca do próprio quadro clínico, e às vezes chegam para discutir apenas o "diagnóstico diferencial" da sua doença, pois as principais hipóteses e tratamentos já estão na ponta da língua. O médico da nossa era não deve agir da maneira paternalista, hipocrática, e apenas delegar tratamentos. É preciso informar o paciente, educá-lo, e essa é a nova etapa da consulta clínica, que não termina com a prescrição do tratamento. Depois disso, é hora de explicar os porquês e as justificativas da ação terapêutica. Caso contrário, a adesão ao tratamento, e a remissão da doença podem não acontecer de maneira satisfatória. A medicina não estará sendo feita.
Hoje, o paciente nos procura não exclusivamente para obter alívio do sofrimento e postergar sua vida, mas também para "saber" o que ele tem, e nós podemos fazer isso fornecendo material educativo de qualidade ao fim da consulta, dando acesso a dados médicos online em sites idôneos, ou mesmo através de uma explanação de cinco minutos a respeito das causas de sua doença e do objetivo do seu tratamento.
É imprescindível que o médico esteja em contato com fontes de informação para poder evoluir cientificamente e trazer ao paciente melhores serviços. Além disso, construir uma carreira de sucesso é impossível sem saber das constantes mudanças que acontecem nas diversas áreas médicas e especialidades. Novos tratamentos são instituídos, novas maneiras de cuidar da saúde e as velhas práticas vão ficando para trás.
Uma forma muito utilizada, principalmente no EUA, é o Twitter. Nele, diversas comunidades científicas publicam diariamente informação de qualidade (@MedicalNews, @HopkinsMedicine, @bmj_lasts, @NewsMedical). Outra ferramenta são os sites que auxiliam os médicos e estudantes a se atualizarem, como o Academia Médica.
Você pode acessar também:
O Medscape é um dos mais abrangentes sites para médicos e profissionais de saúde e reúne desde notícias a artigos revisados, fornece educação médica continuada e tem um extenso banco de dados sobre medicamentos.
Site oficial do NEJM, renomada entidade científica com publicação dos mais recentes estudos científicos da área médica.
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Nota do editor: Publicado originalmente em 27/12/2019.