{"status":200,"response":{"result":"PUBLIC_ARTICLES_RETRIEVED","data":{"count":17,"content":[{"id":"61945352aacb203e2913de4c","updated":"2021-11-18T20:33:05.450Z","created":"2021-11-17T00:56:50.087Z","statuses":{"approval_status":"approved","publish_status":"published","visibility_status":"public","has_pending_changes":false,"is_pinned":false,"is_paywall_disabled":true,"scheduled_date":null,"rejection_reason":null},"metadata":{"location":"home","location_slug":"blog","content_type":"post","publish_date":"2021-11-18T20:33:05.472Z","likes_count":3,"bookmarks_count":0,"comments_count":0,"score":"2021-11-18T23:33:05.472Z","sharing_title":"Cavalos, zebras ou zebras e cavalos? A navalha de Ockham e o Dito de Hickam","sharing_description":"Que barulho é esse? \n\nImagine que vc esteja lendo um jornal e começa a ouvir o som de cascos se aproximando. Sem olhar vc deduz que o animal que se aproxima é provavelmente um cavalo, não é? Instintivamente, vc busca a hipótese mais simples...vc pensaria em zebras? Obviamente não.\n\nEsse é o princípio da Navalha de Ockham...a hipótese mais simples é a preferida\n\nMas se estiver diante de uma série de sintomas apresentados por um paciente... vc busca um diagnóstico que englobe a maioria deles, quando na verdade, varias doenças podem estar se manifestando ao mesmo tempo...\n\nNesse caso o dito de Hickam já diz que o paciente pode ter quantos diagnósticos ele bem entender...\n\nQual a sua opinião sobre isso?","sharing_image":"https://58b04f5940c1474e557e363a.redesign.static-01.com/f/images/7822ead971a7227f5db4615f2fe4407ceab1d189.png","tag_ids":["59272e708ece5611e8b2f771","593f52d411eebc073efd4b52","593f5bd711eebc073efd591e"],"author_user_id":"5f21e0a55a14521e83028c98","moderator_user_id":"6025272770a8cb6fad97b181","project_id":"58b04f5940c1474e557e363a","course_id":null,"course_module_id":null,"group_id":null,"version":1,"tags":[{"id":"59272e708ece5611e8b2f771","title":"Semiologia","slug":"semiologia","fixed":0,"app_id":"56e066bd9cbb047348354ea6","account_id":"58b04e55e9dd6944b5ee4daf","project_id":"58b04f5940c1474e557e363a"},{"id":"593f52d411eebc073efd4b52","title":"clinica médica","slug":"clinica-medica","fixed":0,"app_id":"56e066bd9cbb047348354ea6","account_id":"58b04e55e9dd6944b5ee4daf","project_id":"58b04f5940c1474e557e363a"},{"id":"593f5bd711eebc073efd591e","title":"raciocínio clínico","slug":"raciocinio-clinico","fixed":0,"app_id":"56e066bd9cbb047348354ea6","account_id":"58b04e55e9dd6944b5ee4daf","project_id":"58b04f5940c1474e557e363a"}]},"content":{"title":"Cavalos, zebras ou zebras e cavalos? A navalha de Ockham e o Dito de Hickam","slug":"cavalos-zebras-ou-zebras-e-cavalos-a-navalha-de-ockham-e-o-dito-de-hickam","cover_image":"https://58b04f5940c1474e557e363a.redesign.static-01.com/l/images/7822ead971a7227f5db4615f2fe4407ceab1d189.png","headline":"Que barulho é esse? Imagine essa cena: é domingo de manhã, você está sentado tranquilo na sua varanda com seu jornal e seu café. De repente, você ouve um barulho que","main_content":"

Que barulho é esse? 

Imagine essa cena: é domingo de manhã, você está sentado tranquilo na sua varanda com seu jornal e seu café. De repente, você ouve um barulho que chama sua atenção, mas você, a princípio, não tira o olho das notícias. É um som que começa baixo, porém com o passar dos segundos se torna mais alto e mais reconhecível: é o barulho de cascos indo de encontro com o chão em ritmo de galope. Qual animal vem imediatamente ao seu imaginário?

Provavelmente você pensou em um cavalo pois, a não ser que você esteja lendo das savanas africanas, é muito mais provável que o trote seja de um pangaré que estava de passagem pelas redondezas do que de uma zebra. Você não pensa, inicialmente, na possibilidade das zebras terem se revoltado e fugido do zoológico ao estilo Madagascar. Esse é um exemplo clássico do princípio da Navalha de Ockham que diz que diante de duas hipóteses teoricamente viáveis a melhor é aquela que unifica a totalidade das evidências da forma mais simples. 

Outro exemplo histórico da aplicabilidade do princípio da Navalha de Ockham na ciência foi na elaboração do modelo heliocêntrico do sistema solar. Diante das observações da movimentação dos astros e dos planetas é possível montar diversos modelos do sistema solar. Entretanto, quando vemos a complexidade dos giros e malabarismos que os planetas teriam que fazer para que o modelo geocêntrico fosse compatível com as observações empíricas torna-se evidente que o modelo heliocêntrico, com toda sua simplicidade, é o mais viável. 

E na medicina?

Na medicina, por outro lado, a utilidade da navalha é um tema de controvérsia. O diagnóstico muitas vezes é, intuitivamente, feito dessa forma, por exemplo: se um paciente chega para você confuso, com febre, rigidez de nuca e dor de cabeça você não pensa que ele tem simultaneamente uma hemorragia subarachnoide, torcicolo e uma encefalopatia hepática, você pensa na explicação que engloba todos esses sinais e sintomas em um diagnóstico único, você pensa em meningite. No entanto, como já diz aquele clássico ditado francês “dans la médecine comme l'amour, ne jamais ne toujour”, na medicina assim como no amor nem sempre nem nunca. 

Quem traz o contra-argumento a Ockham é o médico americano John Hickam com o dito de Hickam que diz:

“um paciente pode ter quantos diagnósticos ele bem entender”.

Diante da nossa realidade, com o envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida global a chance de que alguém venha a desenvolver duas patologias concomitantemente é maior, uma vez que há literalmente mais tempo de vida para que se manifeste mais de uma doença ao mesmo tempo. Se nos atermos somente à navalha de Ockham estaremos muito mais vulneráveis a fechar um diagnóstico precocemente e deixar algo passar. Borden e Linklater (2013) relatam sobre um caso de uma menina de 15 anos que chegou na emergência com uma história de febre, vômitos, dor na costas e disúria há uma semana. Foi feito o diagnóstico de pielonefrite aguda e iniciado o tratamento. Poucos dias depois, a paciente apresentou melhora da dor, da disúria e da febre, entretanto, os seus episódios de vômito não melhoraram mesmo com o uso de antieméticos. Foi ai então que seus médicos decidiram continuar a investigação clínica e viram que além da pielonefrite aguda ela também tinha uma apendicite. Hickam, nesse caso, levou a melhor.

Mas e agora, o que fazer? 

Acredito, primeiramente, que estando ciente desses dois princípios, a navalha de Ockham e o dito de Hickam, nos tornamos mais perspicazes e atenciosos na prática médica para não cairmos no seus respectivos viéses. Além disso, é relevante frisar a importância de sermos extremamente meticulosos para não nos perdermos em meio a diagnósticos uma vez que o diagnóstico é uma ferramenta para estruturar e organizar a prática médica e não sua finalidade. Afinal, o trote pode ser de um cavalo, de uma zebra ou até mesmo de uma manada de zebras e cavalos, mas se você não tirar os olhos do jornal para ver o que está ali na sua frente você nunca vai saber o que esta por trás daquele barulho.  

Referências

Borden N, Linklater D. Hickam's Dictum [Internet]. NCBI. 2013 [cited 25 October 2020]. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3628473/


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Que barulho é esse? 

Imagine essa cena: é domingo de manhã, você está sentado tranquilo na sua varanda com seu jornal e seu café. De repente, você ouve um barulho que chama sua atenção, mas você, a princípio, não tira o olho das notícias. É um som que começa baixo, porém com o passar dos segundos se torna mais alto e mais reconhecível: é o barulho de cascos indo de encontro com o chão em ritmo de galope. Qual animal vem imediatamente ao seu imaginário?

Provavelmente você pensou em um cavalo pois, a não ser que você esteja lendo das savanas africanas, é muito mais provável que o trote seja de um pangaré que estava de passagem pelas redondezas do que de uma zebra. Você não pensa, inicialmente, na possibilidade das zebras terem se revoltado e fugido do zoológico ao estilo Madagascar. Esse é um exemplo clássico do princípio da Navalha de Ockham que diz que diante de duas hipóteses teoricamente viáveis a melhor é aquela que unifica a totalidade das evidências da forma mais simples. 

Outro exemplo histórico da aplicabilidade do princípio da Navalha de Ockham na ciência foi na elaboração do modelo heliocêntrico do sistema solar. Diante das observações da movimentação dos astros e dos planetas é possível montar diversos modelos do sistema solar. Entretanto, quando vemos a complexidade dos giros e malabarismos que os planetas teriam que fazer para que o modelo geocêntrico fosse compatível com as observações empíricas torna-se evidente que o modelo heliocêntrico, com toda sua simplicidade, é o mais viável. 

E na medicina?

Na medicina, por outro lado, a utilidade da navalha é um tema de controvérsia. O diagnóstico muitas vezes é, intuitivamente, feito dessa forma, por exemplo: se um paciente chega para você confuso, com febre, rigidez de nuca e dor de cabeça você não pensa que ele tem simultaneamente uma hemorragia subarachnoide, torcicolo e uma encefalopatia hepática, você pensa na explicação que engloba todos esses sinais e sintomas em um diagnóstico único, você pensa em meningite. No entanto, como já diz aquele clássico ditado francês “dans la médecine comme l'amour, ne jamais ne toujour”, na medicina assim como no amor nem sempre nem nunca. 

Quem traz o contra-argumento a Ockham é o médico americano John Hickam com o dito de Hickam que diz:

“um paciente pode ter quantos diagnósticos ele bem entender”.

Diante da nossa realidade, com o envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida global a chance de que alguém venha a desenvolver duas patologias concomitantemente é maior, uma vez que há literalmente mais tempo de vida para que se manifeste mais de uma doença ao mesmo tempo. Se nos atermos somente à navalha de Ockham estaremos muito mais vulneráveis a fechar um diagnóstico precocemente e deixar algo passar. Borden e Linklater (2013) relatam sobre um caso de uma menina de 15 anos que chegou na emergência com uma história de febre, vômitos, dor na costas e disúria há uma semana. Foi feito o diagnóstico de pielonefrite aguda e iniciado o tratamento. Poucos dias depois, a paciente apresentou melhora da dor, da disúria e da febre, entretanto, os seus episódios de vômito não melhoraram mesmo com o uso de antieméticos. Foi ai então que seus médicos decidiram continuar a investigação clínica e viram que além da pielonefrite aguda ela também tinha uma apendicite. Hickam, nesse caso, levou a melhor.

Mas e agora, o que fazer? 

Acredito, primeiramente, que estando ciente desses dois princípios, a navalha de Ockham e o dito de Hickam, nos tornamos mais perspicazes e atenciosos na prática médica para não cairmos no seus respectivos viéses. Além disso, é relevante frisar a importância de sermos extremamente meticulosos para não nos perdermos em meio a diagnósticos uma vez que o diagnóstico é uma ferramenta para estruturar e organizar a prática médica e não sua finalidade. Afinal, o trote pode ser de um cavalo, de uma zebra ou até mesmo de uma manada de zebras e cavalos, mas se você não tirar os olhos do jornal para ver o que está ali na sua frente você nunca vai saber o que esta por trás daquele barulho.  

Referências

Borden N, Linklater D. Hickam's Dictum [Internet]. NCBI. 2013 [cited 25 October 2020]. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3628473/


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\"Sintomas são a boca do corpo, enquanto os sinais são um outro idioma.\" - John Brown

Costumava dizer para meus estudantes de medicina da Semiologia Geral que a propedêutica e a semiologia são um outro idioma devido à esta frase. E de fato ela é muito verdadeira. Após muito procurar na net, não consegui achar um bom glossário de termos médicos e seus significados disponível para encaminhar a meus alunos da Semiologia Médica.

 

Com o intuito de ajudá-los e ajudar os leitores da Academia Médica, segue uma lista que engloba a maioria dos termos médicos que usamos durante a nossa vida profissional. Vale lembrar que uma anamnese e exame físicos bem feitos, e bem relatados, suprem mais de 80% do processo diagnóstico. Contei muito com a ajuda do site do grupo de Semiologia do meu professor da graduação Ivan Paredes, o GESEP.

Como apoio para a produção deste material, foi usado o livro \"Semiologia Médica\" de Celmo Celeno PortoO brasileiro é reconhecidamente um dos melhores teóricos da semiologia médica do país. Professor de semiologia há décadas, sua obra é base para a formação de milhares de médicos por gerações.\"\"
\"\"

Atentem para os prefixos e sufixos. Assim ficará mais fácil aprender. Caso queira procurar algum termo médico específico, recomento que clique em \"procurar na página\" no seu navegador (PC ou celular), ou usando o comando \"Ctrl + F\".


 

A

Abscesso – acúmulo de pus, geralmente causado por infecção bacteriana. Os sintomas podem incluir dor, inchaço, vermelhidão e possível febre.

Abulia – apatia; falta de motivação que pode levar o paciente à total falta de movimento (diferente de paciente catatônico).

Acalasia – distúrbio nervoso de causa desconhecida que interfere em dois processos: nas ondas rítmicas de contração que impulsionam o alimento pelo esôfago (peristaltismo) e na abertura do esfíncter esofágico inferior. Pode ser causada pela disfunção dos nervos que circundam o esôfago, transmitindo os impulsos elétricos para os músculos.

Acrocianose – distúrbio circulatório em que as mãos, e menos comumente os pés, estão persistentemente frios e azuis; algumas formas estão associadas ao fenômeno de Raynaud.

Acromegalia – distúrbio metabólico crônico que resulta em aumento gradual dos tecidos, incluindo-se os ossos da face, maxilar, mãos, pés e crânio. Causada pela secreção excessiva do hormônio do crescimento, quase sempre decorrente de um tumor benigno na glândula pituitária.

Adenite – inflamação aguda de gânglios linfáticos.

Adenomegalia - Hipertrofia de um gânglio linfático (linfonodo).

Aerofagia – ato de deglutir ar, muito encontrada em sua forma crônica em crianças com deficiência mental, podendo levar à distensão abdominal e a transtornos gastrintestinais, como o refluxo. Pode ocorrer em situações de tensão emocional e distúrbios neuróticos, ou em situações que levem à agitação física e psíquica.

Afasia – perda da habilidade de uso da linguagem devido a uma lesão na região cerebral relacionada à linguagem; o paciente é parcial ou totalmente incapaz de entender ou pronunciar palavras. O lobo temporal e as regiões próximas ao lobo frontal controlam as funções de linguagem, respectivamente nas áreas de Wernicke (compreensão) e de Broca (expressão). Um dano em qualquer parte destas áreas devido a um AVC, tumor, lesão na cabeça ou infecção, interfere em pelo menos um dos aspectos envolvidos na linguagem.

Aferese – infusão do sangue do próprio paciente, do qual foram removidos certos elementos celulares ou líquido.

Agalactia – ausência de leite nas mamas depois do parto; agalactose.

Ageusia – perda ou redução do sentido do paladar. Geralmente é causada por condições que afetam a língua como, por exemplo, boca extremamente seca, fumo, tratamentos com radiação para o pescoço e cabeça e efeitos colaterais de medicamentos como vincristina (medicamento para combate ao câncer) ou amitriptilina (antidepressivo). Pode estar associada a diminuição de zinco no organismo.

Aglossia – ausência congênita da língua.

Agnosia – distúrbio no qual a pessoa pode ver e sentir os objetos, mas não é capaz de associá-los a suas funções. Pessoas com determinadas formas de agnosia não podem reconhecer os rostos de seus familiares ou objetos comuns, como uma colher ou um lápis. É causada por disfunções do lobo parietal e do lobo temporal, onde as lembranças do uso e da importância de objetos familiares são armazenadas. Em geral, surge repentinamente, após um AVC ou um trauma craniano.

Agorafobia – medo de espaços abertos.

Agrafia – anortografia; logagrafia; distúrbio da capacidade de escrever.

Alopécia – afecções caracterizadas pela queda dos cabelos ou pêlos (diminuição ou ausência); Ex.: hanseníase, hipotireoidismo e sífilis.

Amaurose - Perda da visão por lesão do sistema nervoso.

Amenorréia – ausência de menstruação por mais de 3 meses (se menos de 3 meses chamamos de atraso menstrual).

Anafrodisia – frigidez.

Anasarca – edema generalizado. Ex.: ICC, edema de MMII, derrame pleural, ascite.

Anisocoria - Desigualdade no diâmetro das pupilas.

Anorexia - Falta de apetite, inapetência.

Anosmia – diminuição ou perda completa do olfato.

Anquiloglossia – freio lingual curto, \"língua presa\".

Anquilose – perda da mobilidade da articulação.

Anúria – supressão ou acentuada diminuição da diurese (menor que 50ml/24hs). Ex.: ICC (pré-renal), IRC (renal), ligadura dos ureteres (pós-renal).

Apnéia de sono – síndrome caracterizada por episódios repetitivos de completo ou parcial fechamento das vias aéreas superiores levando à fragmentação do sono noturno e hipersonulência diurna (SAHS: Sleep Apnea Hypopnea Syndrome).

Apraxia – dificuldade em realizar tarefas previamente entendidas (vestir roupas; cortar papel com tesoura); lobo parietal comprometido.

Artralgia – dor nas articulações.

Artrite – inflamação das articulações.

Artrose – destruição das articulações.

Ascite – presença de líquido na cavidade peritonial (abdome); barriga de água, hidroperitôneo.

Astenia – fraqueza, cansaço físico intenso.

Ataxia - Falta de coordenação.

Atetose – presença de movimentos involuntários, muito lentos, contínuos e extravagantes, principalmente das mãos e dos dedos, com características de ondulamento, ou movimento reptiforme (como se fossem pequenas cobras), devido a lesão do corpo estriado, área ligada ao controle motor.

B

Baqueteamento - Transformar em baqueta. Baqueta por sua vez significa pequena vara com que se toca tambor. Refere-se a dedos em baqueta. Engrossamento da última falange de cada dedo, assemelhando-se à baqueta de tambor; hipocratismo digital ou dedos hipocráticos.

Bócio – aumento da glândula tireóide não neoplásico.

Bolha – coleção líquida, elevada, com diâmetro maior que 1 cm. Pode ser serosa, hemorrágica ou purulenta.

Bradicardia – número de batimentos cardíacos menor que o normal.

Bradipnéia - Lentidão anormal da respiração

Bulimia – apetite insaciável, com vômito auto-induzido após as refeições (\"fome canina\").

C

Calázio – hipertrofia da glândula de Meibomius (glândula de óleo, longa e fina, presente na pálpebra), resultante da obstrução da abertura desta glândula na borda da pálpebra. A princípio, assemelha-se ao terçol, com inchaço da pálpebra, dor e irritação, mas os sintomas desaparecem em alguns dias, deixando nódulos duros não-inflamatórios e indolores na pálpebra.

Cacifo - Depressão anormal da pele, como a que, nos exames manuais, permanece após a cessação da pressão que o dedo do examinador exerce no local, e causada por retração do tecido. Depressão que se forma na pele edemaciada sob a pressão dos dedos.

Calvície – alopecia androgênica; afecção comum no homem e rara na mulher; pode estar relacionada à herança autossômica ou excesso de andrógenos.

Canície – descoloração adquirida e fisiológica dos cabelos; pode ser senil ou prematura.

Caquexia - Emagrecimento extremo com comprometimento franco do estado geral.

Catatonia – estado no qual o paciente permanece mudo, imóvel e não responsivo. Não segue movimentos, parece não prestar atenção ao seu ambiente e a rigidez plástica dos membros é freqüente, os quais permanecem em qualquer posição em que forem colocados. Pode ser um sintoma de psicose.

Cefaléia - Dor de cabeça.

Ceratite – inflamação da córnea.

Ceratocone – córnea que assume a forma de um cone.

Cervicalgia - Dor na região cervical.

Cervicite – inflamação do colo do útero. Cianose – cor azulada ou arroxeada da pele e das mucosas decorrente do aumento de hemoglobina reduzida.

Cianose - Coloração azul da pele e mucosas por oxigenação insuficiente do sangue.

Claudicação – mancar; coxeadura.Clônus - movimento ritmado, com contração e relaxamento rápido do músculo. Ocorre somente em membro hipertônico e com reflexos exagerados, quando o músculo está sob certa tensão.

Colestase – redução na formação e excreção da bile, bem como a retenção do conteúdo biliar no parênquima hepático e no sangue.

Colite – inflamação do cólon.

Constipação - Obstipação, prisão de ventre. Pessoa que passa vários dias sem evacuar, ou evacua diariamente, porém com fezes de consistência aumentada e com um certo sofrimento no ato de evacuar.

Coriza - Corrimento de secreção nasal.

D

Dacriocistite – inflamação do saco lacrimal.

Derrame - Presença de líquido em cavidade serosa (pleural, peritoneal, pericárdica, sinovial).

Derrame Pleural – acúmulo de líquido no espaço pleural (tórax).

Diarréia - Perturbação intestinal caracterizada por aumento do número de evacuações que se tornam de consistência líquida ou pastosa.

Diérese – divisão, separação de tecidos orgânicos, acidental ou cirúrgica, sem perda de substância.

Diplopia – visão dupla. Ex.: estrabismo.

Disacusia - Estado mórbido em que certos sons produzem distúrbio da audição, dor ou mal-estar.

Disartria – dificuldade na articulação da fala (alteração no controle neuromuscular na movimentação do palato/língua/lábios).

Disdiadococinesia – incapacidade de realizar eficientemente movimentos alternados rápidos, devido doença cerebelar.

Disenteria - Diarréia com a presença de muco, pus ou sangue nas fezes e dor à evacuação (tenesmo).

Disfagia – dificuldade para a deglutição. Ex.: megaesôfago chagásico.

Disfasia – dificuldade na compreensão e/ou expressão da linguagem.

Disfonia – dificuldade na fonação, alteração no volume e tom da voz, e alteração neuromuscular da função das cordas vocais e palato.

Dislexia – disfasia escrita ou dificuldade de leitura, apesar da visão e da articulação das palavras ser normal. Resulta de um defeito da habilidade de processar símbolos gráficos.

Dismenorréia – menstruação dolorosa (em cólica).

Dispareunia - coito difícil ou doloroso

Dispepsia – dificuldade de digestão, determinada por fatores gástricos, hepáticos, pancreáticos ou intestinais.

Dispnéia – dificuldade para respirar ao nível de trato respiratório inferior.

Dispnéia paroxística - Dificuldade da respiração que surge em crises, geralmente à noite quando o paciente deita (dispnéia paroxística noturna).

Distonia – movimento ou postura anormal mantida, devido à alteração do tônus.

Disúria – emissão difícil ou dolorosa de urina.

E

Eclâmpsia – aparecimento, durante a gravidez, de edema, hipertensão arterial, proteinúria e convulsões.

Edema – acúmulo anormal de líquido, localizado ou generalizado, no espaço intersticial ou em cavidades pré-formadas. Forma uma tumefação, visível e palpável (ver Sinal de Cacifo).

Encoprese – emissão involuntária de fezes, após a idade na qual o controle dos esfíncteres já deveria existir.

Enoftalmia – retração do globo ocular, mais comumente na Síndrome de Horner, mas também secundária a mal desenvolvimento ocular.

Enterorragia - sangramento pelo ânus, vermelho vivo, proveniente do tubo digestivo baixo (cólon descendente, sigmóide, ânus e reto)

Enurese – emissão involuntária de urina, após a idade na qual o controle dos esfíncteres já deveria existir. Freqüentemente refere-se à emissão de urina durante o sono (enurese noturna).

Episiotomia – incisão ao nível do assoalho perineal, visando ampliar o canal do parto, facilitando o desprendimento fetal.

Epistaxe – hemorragia nasal.

Equimose – mancha negra, marrom ou amarelada, resultante da infiltração do tecido celular subcutâneo por certa quantidade de sangue na pele, nas mucosas ou nas serosas.

Erisipela – infecção grave e contagiosa da pele por estreptococos, comumente na face, braços ou pernas. Surge uma erupção cutânea, levemente inchada e avermelhada, freqüentemente trazendo pequenas bolhas.

Eritema - erupção cutânea do tipo mancha vermelha.

Eritema – ruborização cutânea por vasodilatação, que desaparece por vitropressão ou dígito-pressão. Pode ser de vários tipos: cianose, rubor, enantema, exantema, eritema marginado, eritemas figurados e eritrodermia.

Eritrodermia – eritema generalizado, crônico e persistente que se acompanha freqüentemente de descamação.

Eructação – eliminação de gases pela boca, popularmente denominado \"arroto\", tem como causa principal a aerofagia.

Escotoma – visão de pontos negros ou luminosos.

Esteatorréia - Presença excessiva de gorduras nas fezes.

Estridor - ruído ápero por obstrução das vias aéreas altas (corresponde ao sintoma de cornagem)

Exantema – eritema generalizado, agudo, de curta duração. Pode ser morbiliforme, rubeoliforme (áreas afetadas entremeadas com pele sã) ou escarlatiniforme (difuso e uniforme).

Exoftalmia – projeção do olho para frente.Ex.: Hipertireoidismo.

F

Fácie de “Lua Cheia” – rosto arredondado, por depósito de gordura, acne e hirsutismo; ocorre na Síndrome de Cushing.

Fâneros - anexos cutâneos (pele e unhas)

Fasciculação – contrações irregulares e não rítmicas de fascículos musculares, resultante da ativação aleatória de unidades, presente no repouso e desaparece com o movimento voluntário.

Fenômeno de Raynaud – ciclo de alterações na coloração dos dedos das mãos e dos pés, no qual as arteríolas se contraem deixando a pele cianótica, depois pálida e em seguida vermelha; causados pelo frio ou por estresse emocional.

Fimose – condição na qual é impossível arregaçar o prepúcio sobre a glande, exteriorizando-a. A necessidade de correção cirúrgica (postectomia) deve ser avaliada pelo médico, pois em crianças a fimose pode desaparecer com o crescimento.

Flatulência – acúmulo de gases intra-abdominais, freqüentemente acompanhada de sensação de distensão do abdome.

Flebite – inflamação das veias.

Flegmasia Alba dolens – oclusão do sistema venoso profundo sem atingir o superficial. A coloração da pele é leitosa, devido ao comprometimento dos linfáticos.

Flegmasia Coerulea dolens – oclusão dos sistemas superficial e profundo concomitantemente. O membro torna-se azulado e cianótico (“flebite azul”). A cianose pode chegar ao azul escuro ou negro, podendo levar à necrose do membro.

Fonofobia - intolerância a ruídos ou sons

Fotofobia - intolerância à luz

Frêmito – sensação vibratória que se percebe ao palpar o tórax de um indivíduo no momento em que ele fala (toracovocal) ou no momento em que respira (pleural e brônquico).

Frigidez – insensibilidade sexual, anafrodisia.

G

Gangrena – resultado da ação de agentes externos sobre o tecido necrosado. Pode ser: gasosa, na qual formam-se bolhas de gás devido à ação de bactérias anaeróbias gasógenas no tecido necrosado; seca, na qual ocorre desidratação dos tecidos necrosados, que ficam secos e duros como pergaminhos (“mumificação”); úmida ou pútrida, por liquefação e putrefação (pulmões, mucosa uterina, intestino e pele).

Goma – nódulo ou tumor que se liquefaz na porção central e que pode se ulcerar, eliminando substância necrótica.

H

Halitose – presença de odor desagradável na cavidade oral.

Halo senil – opacidade cinzenta localizada na periferia da córnea, em forma de arco, devido a acúmulo de colesterol, fosfolipídios e gorduras neutras; ocorre em pacientes idosos ou em jovens com história de hipercolesterolemia e xantomatose.

Hematêmese – vômito de sangue proveniente do trato gastrintestinal superior ou ocasionalmente da nasofaringe e pulmão.

Hematoma – coleção líquida de sangue na pele ou subcutânea, circunscrita, proeminente ou não e de tamanho variável.

Hematoquezia – eliminação de sangue pelo ânus, de origem do colon ascendente ou transverso; as fezes são \"amarronadas\".

Hematúria – coloração vermelha da urina por sangramento.

Hemoptise – eliminação pela boca de sangue proveniente do aparelho respiratório (subglótica).

Hemorragia – extravasamento de sangue do sistema cardiovascular.

Hipertricose – excesso de crescimento do número de pêlos, independente de hormônios andrógenos; pode ser hereditária ou iatrogênica (medicamentos).

Hipoacusia – diminuição da acuidade auditiva.

Hipostadia – defeito congênito no pênis, onde o meato uretral pode estar localizado em qualquer ponto ao longo da haste peniana ou no períneo.

Hipotricose – queda de pêlos; no hipotireoidismo os pêlos são secos e quebradiços e no hipopituitarismo a queda dos pêlos axilares e pubianos é característica.

Hirsutismo – excesso de crescimento (número, tamanho, espessura) de pêlos, com aparecimento de barba e pêlos torácicos em mulheres. Produzido pelo aumento nos hormônios androgênicos. Por ex.: adenomas da córtex supra-renal ou da hipófise anterior. Ver Síndrome de Stein-Leventhal.

Histerectomia – operação para retirada do útero.

Hordéolo – processo inflamatório agudo das glândulas de Zeis e folículos pilosos de localização na borda palpebral.

I

Icterícia - coloração amarelada da pele e mucosas em decorrência de pinmentos biliares

Ictiose – defeito hereditário da pele no qual esta fica semelhante a escamas de peixe (dermatose ictiosiforme). Ver Síndrome de Zunich.

Ileite – inflamação do íleo (última parte do intestino delgado). Ver doença de Crohen.

Impersistência – paciente abaixa o braço sustentado, não por déficit de força, mas sim por \"impaciência em manter a posição do braço\"; sempre diferenciar de déficit de força.

Incontinência - perda da capacidade de controlar os esfíncteres anal ou vesical)

Iridociclite – infecção de um dos anexos da vista.

Irite – inflamação da íris.

K

Kernicterus – é o resultado da impregnação de núcleos da base do cérebro pela bilirrubina em crianças ictéricas. Há variações no quadro clínico destas crianças, mas geralmente apresentam espasticidade, atetose, ataxia ou posteriormente deficiência mental.

L

Lagoftalmo – fechamento incompleto das pálpebras.

Leucocitúria – presença de leucócitos conservados ou degenerados na urina; piúria.

Leucoma – opacificação da córnea.

Leucotricose – embranquecimento dos cabelos devido à falta de formação de melanina pelos melanócitos da matriz do pêlo; pode ser congênita (albinismo) ou adquirida (poliose).

Leucotríquia anular – pili annulati (pêlos anulares); distrofia congênita rara, na qual os cabelos apresentam áreas claras e escuras alternadas.

Linfadenomegalia - hipertrofia de um gânglio linfático (sinônimo de adenomegalia)

Lipotímia – desfalecimento, desmaio fugaz, sem haver perda de consciência.

Lombalgia - dor na região lombar

M

Mácula - Pequena mancha cutânea plana e com coloração diferente do tecido que a circunda.

Madarose – queda do terço externo da sobrancelha (Hanseníase).

Marasmo – desnutrição com emagrecimento acentuado.

Mecôneo – conteúdo intestinal do feto, de cor esverdeada (rico em biliverdina) e que quando presente no líquido amniótico freqüentemente se associa ao sofrimento fetal.

Melena – evacuação de fezes de cor negra, que indica presença de sangue digerido no conteúdo fecal. Fezes moles e pastosas, em “borra de café” e de odor bastante fétido.

Melenêmese – vômito em “borra de café”, ocorre quando o sangue esteve em contato com o ácido gástrico por um certo período de tempo.

Menarca – primeira menstruação, geralmente por volta dos 12 anos.

Menopausa - Período da vida da mulher em que desaparece a menstruação.

Meteorismo – intumescência abdominal provocada pelo acumulo de gases no estômago e alças intestinais; timpanismo ou timpanite.

Método não invasivo – recurso para diagnóstico ou tratamento que não implica em contato com sangue.

Metrorragia – hemorragia sanguínea uterina não menstrual.

Midríase – dilatação da pupila (mais de 5 mm).

Mioclonia – contração muscular involuntária e súbita.

Miose – retração da pupila (menos que 2 mm). Ver Síndrome de Horner.

N

Narcose – sono artificial; estado de estupor e inconsciência provocado por um narcótico.

Nevo – anormalidade congênita do desenvolvimento, resultando em falta de produção de estruturas maduras; tumor benigno de células pigmentadas.

Nictúria – predominância do volume urinário noturno sobre o diurno. Ex.: ICC.

Nistagmo – tremores rítmicos, involuntários e bilaterais dos globos oculares, horizontais, erticais ou rotatórios.

Nódulo – lesão sólida, elevada, com mais de 1 cm de diâmetro.

Nucalgia - dor na nuca

Nulípara – mulher que nunca deu à luz.

O

Obstipação – aumento no intervalo entre as evacuações, acompanhada de fezes ressecadas e dificuldade na eliminação das mesmas. É definida como uma alteração do hábito intestinal na qual o indivíduo fica sem evacuar por mais de 3 dias. Também conhecida como prisão de ventre.

Odinofagia - dor de garganta

Oligúria – volume urinário diário menor que 100 ml (adultos). O débito urinário normal de um adulto gira em torno de 0,5ml/kg/h, 1,0ml/kg/h na infância e em menores de 1 ano, 2,0ml/kg/h.

Onicólise – separação e/ou destruição da metade distal da lâmina. Ex.: cirrose fungos, doenças sistêmicas.

Onicomalácia – unha de consistência amolecida; sinal de doenças sistêmicas.

Orquite – processo inflamatório do testículo, de origem infecciosa na maioria dos casos, sendo os vírus os mais freqüentes (p. ex.: caxumba). Pode mais raramente ser causado por traumatismo ou infecções bacterianas.

Ortopnéia – dificuldade para respirar deitado; melhora quando o paciente se senta, mantendo o tronco ligeiramente fletido (diminui o retorno venoso).

Osteomalácia – doença que se caracteriza pelo amolecimento e curvatura gradual dos ossos com dor de intensidade variável. Causada pela não calcificação em virtude da deficiência de vitamina D. É mais comum nas mulheres e geralmente começa na gravidez. É também conhecida como Raquitismo do adulto.

Otalgia - dor de ouvido

Otorragia - sangramento pelo ouvido

Otorréia – saída de secreção do ouvido.

P

Palpitação - Percepção incômoda dos batimentos do coração.

Pápula – lesão sólida, elevada, de até 1 cm de diâmetro.

Paralisia de Bell – anormalidade do nervo facial que leva à fraqueza repentina ou à paralisia dos músculos de um dos lados da face.

Paraplegia – paralisia completa de dois segmentos simétricos do corpo (geralmente dos membros inferiores).

Paresia - diminuição da força muscular

Parestesia – aparecimento, sem estimulação, de sensações espontâneas e mal definidas (“formigamento”).

Paroníquia – unheiro; inflamação da borda ungueal da unha, geralmente por traumatismo, causada por bactérias, Cândida e outros fungos.

Pectorilóquia – palavra ouvida com nitidez na ausculta pulmonar (boa transmissão). Pode ser fônica (voz normal) ou áfona (voz “cochichada”). Ocorre em algumas síndromes pulmonares, como na condensação.

Pênfigo – denominação geral para um grupo de doenças autoimunes, pouco freqüentes, consistindo em dermatoses crônicas, recidivantes e algumas vezes fatais. São caracterizadas clinicamente pelo aparecimento de sucessivos grupos de vesículas e bolhas, inicialmente na mucosa bucal ou orofaríngea e, depois, na pele aparentemente sadia; as bolhas se rompem deixando uma zona erodida, posteriormente recoberta por crostas. A epiderme descola-se facilmente do plano subjacente (Sinal de Nikolski).

Pirose – azia, sensação de calor ou queimação no estômago (região retroesternal ou epigástrica).

Piúria – presença de pus na urina, leucocitúria.

Plegia - Ausência de força muscular. Perda de função, paralisia. Corretamente usada como perda de movimento voluntário por lesão do sistema nervoso.

Pletória – congestão.

Polaciúria – micções freqüentes e em pequena quantidade.

Polidipsia – ingestão exagerada de água. Ex.: na diabetes mellitus, devido à perda de água aumentada (hiperglicemia e diurese osmótica).

Polifagia - fome excessiva

Poliúria – aumento do volume urinário diário.

Priapismo – conceituado como uma ereção prolongada, não associada com estimulação sexual e geralmente dolorosa. Constitui-se numa emergência urológica, pois o tratamento precoce adequado, evita seqüelas da doença.

Proctite – inflamação da mucosa do reto.

Pródromo - Manifestação clínica que antecede uma doença.

Proptose – distensão excessiva de qualquer parte do corpo; deslocamento de um órgão para frente; proptoma. Ex.: Exolftalmia.

Pterígio – tecido fibrovascular recoberto pela conjuntiva ocular, de forma triangular e geralmente localizado no canto interno do olho.

Ptose palpebral – queda da pálpebra devido a lesão do nervo oculomotor (N.C. III). Ver Síndrome de Horner.

Pústula – vesícula com conteúdo purulento.

Puxo – contração espasmódica do reto que precede as evacuações.

R

Regurgitação – retorno à boca ou garganta do alimento recém ingerido sem esforço de vômito; ocasionado por refluxo intenso.

Ressecção – extirpação cirúrgica parcial ou total de um órgão.

Rinite – inflamação do nariz; nasite; defluxo; constipação nasal.

Rinorreia – corrimento nasal.

S

Salicismo – intoxicação por ácido salicílico (aspirina).

Sepse (antiga septicemia) – disseminação de bactérias patogênicas partir de um foco de infecção através da circulação sistêmica.

Sialorréia – aumento da secreção de saliva.

Sialosquise – diminuição da secreção de saliva. Ex.: desidratação.

Sinal – manifestação objetiva de uma doença. Sinal patognomônico: manifestação inequívoca de uma patologia.

Síncope – perda súbita da consciência, geralmente acompanhada de perda do tônus postural.

Síndrome – conjunto de sinais e sintomas de mesma marcha evolutiva porém de causas diversas, que caracterizam um estado mórbido e se repete na população.

T

Taquicardia - Aceleração dos batimentos cardíacos, geralmente aplicado a taxas acima de 100 bpm.

Taquipnéia - aumento da freqüência respiratória

Tenesmo – dor na região ano-retal por contração espasmódica do reto, que permanece após evacuação.

Tinitus - Zumbidos (=acúfenos). Sensação subjetiva de ouvir bater de campainha ou outros ruídos. Acúfenos.

Tique - movimento repetido irregular espasmódico.

Trepanação – remoção de um disco de osso ou de outro tecido compacto por meio de um trépano. Ex.: trepanação de crânio, trepanação da córnea.

Tumor – lesão sólida, elevada, com mais de 3 cm de diâmetro.

U

Unhas de Lindsay – metade proximal branca, 20-50% distal vermelho; ocorre na insuficiência renal.

Unhas hipocráticas – unhas recurvadas, em “vidro de relógio”, com baqueteamento digital.

Urtica – pápula eritêmato-edematosa, de duração efêmera que tem freqüentemente a borda irregular com aspecto de pseudópodes. Pode coalescer formando placa.

V

Vegetações – projeções sólidas, digitiformes, moles, por vezes sangrantes e de tamanhos variáveis.

Verruga – vegetação de superfície queratótica.

Vertigem - sensação de rotação (alucinação de movimento) por alteração do sistema laberíntico ou cerebelar

Vesícula – coleção líquida, elevada, com diâmetro de até 1 cm.

Vômica – eliminação súbita de grande quantidade de secreção mucupurulenta, de odor fétido; acompanha cavidades, supurações ou perfurações pulmonares.

X

Xantomatose – manifestação cutânea da lipoidose. Xantomas de pele, tendão e articular.

Xeroftalmia – perda da secreção lacrimal que pode ser devido a ulceração da córnea e geralmente está relacionada a uma deficiência sistêmica severa de vitamina A. Ver Síndrome de Sjögren.

 

 

 

Tem alguma dúvida ou sugestão de termos médicos que possam ser incluídos nesse glossário de semiologia médica?

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\"Sintomas são a boca do corpo, enquanto os sinais são um outro idioma.\" - John Brown

Costumava dizer para meus estudantes de medicina da Semiologia Geral que a propedêutica e a semiologia são um outro idioma devido à esta frase. E de fato ela é muito verdadeira. Após muito procurar na net, não consegui achar um bom glossário de termos médicos e seus significados disponível para encaminhar a meus alunos da Semiologia Médica.

 

Com o intuito de ajudá-los e ajudar os leitores da Academia Médica, segue uma lista que engloba a maioria dos termos médicos que usamos durante a nossa vida profissional. Vale lembrar que uma anamnese e exame físicos bem feitos, e bem relatados, suprem mais de 80% do processo diagnóstico. Contei muito com a ajuda do site do grupo de Semiologia do meu professor da graduação Ivan Paredes, o GESEP.

Como apoio para a produção deste material, foi usado o livro \"Semiologia Médica\" de Celmo Celeno PortoO brasileiro é reconhecidamente um dos melhores teóricos da semiologia médica do país. Professor de semiologia há décadas, sua obra é base para a formação de milhares de médicos por gerações.\"\"
\"\"

Atentem para os prefixos e sufixos. Assim ficará mais fácil aprender. Caso queira procurar algum termo médico específico, recomento que clique em \"procurar na página\" no seu navegador (PC ou celular), ou usando o comando \"Ctrl + F\".


 

A

Abscesso – acúmulo de pus, geralmente causado por infecção bacteriana. Os sintomas podem incluir dor, inchaço, vermelhidão e possível febre.

Abulia – apatia; falta de motivação que pode levar o paciente à total falta de movimento (diferente de paciente catatônico).

Acalasia – distúrbio nervoso de causa desconhecida que interfere em dois processos: nas ondas rítmicas de contração que impulsionam o alimento pelo esôfago (peristaltismo) e na abertura do esfíncter esofágico inferior. Pode ser causada pela disfunção dos nervos que circundam o esôfago, transmitindo os impulsos elétricos para os músculos.

Acrocianose – distúrbio circulatório em que as mãos, e menos comumente os pés, estão persistentemente frios e azuis; algumas formas estão associadas ao fenômeno de Raynaud.

Acromegalia – distúrbio metabólico crônico que resulta em aumento gradual dos tecidos, incluindo-se os ossos da face, maxilar, mãos, pés e crânio. Causada pela secreção excessiva do hormônio do crescimento, quase sempre decorrente de um tumor benigno na glândula pituitária.

Adenite – inflamação aguda de gânglios linfáticos.

Adenomegalia - Hipertrofia de um gânglio linfático (linfonodo).

Aerofagia – ato de deglutir ar, muito encontrada em sua forma crônica em crianças com deficiência mental, podendo levar à distensão abdominal e a transtornos gastrintestinais, como o refluxo. Pode ocorrer em situações de tensão emocional e distúrbios neuróticos, ou em situações que levem à agitação física e psíquica.

Afasia – perda da habilidade de uso da linguagem devido a uma lesão na região cerebral relacionada à linguagem; o paciente é parcial ou totalmente incapaz de entender ou pronunciar palavras. O lobo temporal e as regiões próximas ao lobo frontal controlam as funções de linguagem, respectivamente nas áreas de Wernicke (compreensão) e de Broca (expressão). Um dano em qualquer parte destas áreas devido a um AVC, tumor, lesão na cabeça ou infecção, interfere em pelo menos um dos aspectos envolvidos na linguagem.

Aferese – infusão do sangue do próprio paciente, do qual foram removidos certos elementos celulares ou líquido.

Agalactia – ausência de leite nas mamas depois do parto; agalactose.

Ageusia – perda ou redução do sentido do paladar. Geralmente é causada por condições que afetam a língua como, por exemplo, boca extremamente seca, fumo, tratamentos com radiação para o pescoço e cabeça e efeitos colaterais de medicamentos como vincristina (medicamento para combate ao câncer) ou amitriptilina (antidepressivo). Pode estar associada a diminuição de zinco no organismo.

Aglossia – ausência congênita da língua.

Agnosia – distúrbio no qual a pessoa pode ver e sentir os objetos, mas não é capaz de associá-los a suas funções. Pessoas com determinadas formas de agnosia não podem reconhecer os rostos de seus familiares ou objetos comuns, como uma colher ou um lápis. É causada por disfunções do lobo parietal e do lobo temporal, onde as lembranças do uso e da importância de objetos familiares são armazenadas. Em geral, surge repentinamente, após um AVC ou um trauma craniano.

Agorafobia – medo de espaços abertos.

Agrafia – anortografia; logagrafia; distúrbio da capacidade de escrever.

Alopécia – afecções caracterizadas pela queda dos cabelos ou pêlos (diminuição ou ausência); Ex.: hanseníase, hipotireoidismo e sífilis.

Amaurose - Perda da visão por lesão do sistema nervoso.

Amenorréia – ausência de menstruação por mais de 3 meses (se menos de 3 meses chamamos de atraso menstrual).

Anafrodisia – frigidez.

Anasarca – edema generalizado. Ex.: ICC, edema de MMII, derrame pleural, ascite.

Anisocoria - Desigualdade no diâmetro das pupilas.

Anorexia - Falta de apetite, inapetência.

Anosmia – diminuição ou perda completa do olfato.

Anquiloglossia – freio lingual curto, \"língua presa\".

Anquilose – perda da mobilidade da articulação.

Anúria – supressão ou acentuada diminuição da diurese (menor que 50ml/24hs). Ex.: ICC (pré-renal), IRC (renal), ligadura dos ureteres (pós-renal).

Apnéia de sono – síndrome caracterizada por episódios repetitivos de completo ou parcial fechamento das vias aéreas superiores levando à fragmentação do sono noturno e hipersonulência diurna (SAHS: Sleep Apnea Hypopnea Syndrome).

Apraxia – dificuldade em realizar tarefas previamente entendidas (vestir roupas; cortar papel com tesoura); lobo parietal comprometido.

Artralgia – dor nas articulações.

Artrite – inflamação das articulações.

Artrose – destruição das articulações.

Ascite – presença de líquido na cavidade peritonial (abdome); barriga de água, hidroperitôneo.

Astenia – fraqueza, cansaço físico intenso.

Ataxia - Falta de coordenação.

Atetose – presença de movimentos involuntários, muito lentos, contínuos e extravagantes, principalmente das mãos e dos dedos, com características de ondulamento, ou movimento reptiforme (como se fossem pequenas cobras), devido a lesão do corpo estriado, área ligada ao controle motor.

B

Baqueteamento - Transformar em baqueta. Baqueta por sua vez significa pequena vara com que se toca tambor. Refere-se a dedos em baqueta. Engrossamento da última falange de cada dedo, assemelhando-se à baqueta de tambor; hipocratismo digital ou dedos hipocráticos.

Bócio – aumento da glândula tireóide não neoplásico.

Bolha – coleção líquida, elevada, com diâmetro maior que 1 cm. Pode ser serosa, hemorrágica ou purulenta.

Bradicardia – número de batimentos cardíacos menor que o normal.

Bradipnéia - Lentidão anormal da respiração

Bulimia – apetite insaciável, com vômito auto-induzido após as refeições (\"fome canina\").

C

Calázio – hipertrofia da glândula de Meibomius (glândula de óleo, longa e fina, presente na pálpebra), resultante da obstrução da abertura desta glândula na borda da pálpebra. A princípio, assemelha-se ao terçol, com inchaço da pálpebra, dor e irritação, mas os sintomas desaparecem em alguns dias, deixando nódulos duros não-inflamatórios e indolores na pálpebra.

Cacifo - Depressão anormal da pele, como a que, nos exames manuais, permanece após a cessação da pressão que o dedo do examinador exerce no local, e causada por retração do tecido. Depressão que se forma na pele edemaciada sob a pressão dos dedos.

Calvície – alopecia androgênica; afecção comum no homem e rara na mulher; pode estar relacionada à herança autossômica ou excesso de andrógenos.

Canície – descoloração adquirida e fisiológica dos cabelos; pode ser senil ou prematura.

Caquexia - Emagrecimento extremo com comprometimento franco do estado geral.

Catatonia – estado no qual o paciente permanece mudo, imóvel e não responsivo. Não segue movimentos, parece não prestar atenção ao seu ambiente e a rigidez plástica dos membros é freqüente, os quais permanecem em qualquer posição em que forem colocados. Pode ser um sintoma de psicose.

Cefaléia - Dor de cabeça.

Ceratite – inflamação da córnea.

Ceratocone – córnea que assume a forma de um cone.

Cervicalgia - Dor na região cervical.

Cervicite – inflamação do colo do útero. Cianose – cor azulada ou arroxeada da pele e das mucosas decorrente do aumento de hemoglobina reduzida.

Cianose - Coloração azul da pele e mucosas por oxigenação insuficiente do sangue.

Claudicação – mancar; coxeadura.Clônus - movimento ritmado, com contração e relaxamento rápido do músculo. Ocorre somente em membro hipertônico e com reflexos exagerados, quando o músculo está sob certa tensão.

Colestase – redução na formação e excreção da bile, bem como a retenção do conteúdo biliar no parênquima hepático e no sangue.

Colite – inflamação do cólon.

Constipação - Obstipação, prisão de ventre. Pessoa que passa vários dias sem evacuar, ou evacua diariamente, porém com fezes de consistência aumentada e com um certo sofrimento no ato de evacuar.

Coriza - Corrimento de secreção nasal.

D

Dacriocistite – inflamação do saco lacrimal.

Derrame - Presença de líquido em cavidade serosa (pleural, peritoneal, pericárdica, sinovial).

Derrame Pleural – acúmulo de líquido no espaço pleural (tórax).

Diarréia - Perturbação intestinal caracterizada por aumento do número de evacuações que se tornam de consistência líquida ou pastosa.

Diérese – divisão, separação de tecidos orgânicos, acidental ou cirúrgica, sem perda de substância.

Diplopia – visão dupla. Ex.: estrabismo.

Disacusia - Estado mórbido em que certos sons produzem distúrbio da audição, dor ou mal-estar.

Disartria – dificuldade na articulação da fala (alteração no controle neuromuscular na movimentação do palato/língua/lábios).

Disdiadococinesia – incapacidade de realizar eficientemente movimentos alternados rápidos, devido doença cerebelar.

Disenteria - Diarréia com a presença de muco, pus ou sangue nas fezes e dor à evacuação (tenesmo).

Disfagia – dificuldade para a deglutição. Ex.: megaesôfago chagásico.

Disfasia – dificuldade na compreensão e/ou expressão da linguagem.

Disfonia – dificuldade na fonação, alteração no volume e tom da voz, e alteração neuromuscular da função das cordas vocais e palato.

Dislexia – disfasia escrita ou dificuldade de leitura, apesar da visão e da articulação das palavras ser normal. Resulta de um defeito da habilidade de processar símbolos gráficos.

Dismenorréia – menstruação dolorosa (em cólica).

Dispareunia - coito difícil ou doloroso

Dispepsia – dificuldade de digestão, determinada por fatores gástricos, hepáticos, pancreáticos ou intestinais.

Dispnéia – dificuldade para respirar ao nível de trato respiratório inferior.

Dispnéia paroxística - Dificuldade da respiração que surge em crises, geralmente à noite quando o paciente deita (dispnéia paroxística noturna).

Distonia – movimento ou postura anormal mantida, devido à alteração do tônus.

Disúria – emissão difícil ou dolorosa de urina.

E

Eclâmpsia – aparecimento, durante a gravidez, de edema, hipertensão arterial, proteinúria e convulsões.

Edema – acúmulo anormal de líquido, localizado ou generalizado, no espaço intersticial ou em cavidades pré-formadas. Forma uma tumefação, visível e palpável (ver Sinal de Cacifo).

Encoprese – emissão involuntária de fezes, após a idade na qual o controle dos esfíncteres já deveria existir.

Enoftalmia – retração do globo ocular, mais comumente na Síndrome de Horner, mas também secundária a mal desenvolvimento ocular.

Enterorragia - sangramento pelo ânus, vermelho vivo, proveniente do tubo digestivo baixo (cólon descendente, sigmóide, ânus e reto)

Enurese – emissão involuntária de urina, após a idade na qual o controle dos esfíncteres já deveria existir. Freqüentemente refere-se à emissão de urina durante o sono (enurese noturna).

Episiotomia – incisão ao nível do assoalho perineal, visando ampliar o canal do parto, facilitando o desprendimento fetal.

Epistaxe – hemorragia nasal.

Equimose – mancha negra, marrom ou amarelada, resultante da infiltração do tecido celular subcutâneo por certa quantidade de sangue na pele, nas mucosas ou nas serosas.

Erisipela – infecção grave e contagiosa da pele por estreptococos, comumente na face, braços ou pernas. Surge uma erupção cutânea, levemente inchada e avermelhada, freqüentemente trazendo pequenas bolhas.

Eritema - erupção cutânea do tipo mancha vermelha.

Eritema – ruborização cutânea por vasodilatação, que desaparece por vitropressão ou dígito-pressão. Pode ser de vários tipos: cianose, rubor, enantema, exantema, eritema marginado, eritemas figurados e eritrodermia.

Eritrodermia – eritema generalizado, crônico e persistente que se acompanha freqüentemente de descamação.

Eructação – eliminação de gases pela boca, popularmente denominado \"arroto\", tem como causa principal a aerofagia.

Escotoma – visão de pontos negros ou luminosos.

Esteatorréia - Presença excessiva de gorduras nas fezes.

Estridor - ruído ápero por obstrução das vias aéreas altas (corresponde ao sintoma de cornagem)

Exantema – eritema generalizado, agudo, de curta duração. Pode ser morbiliforme, rubeoliforme (áreas afetadas entremeadas com pele sã) ou escarlatiniforme (difuso e uniforme).

Exoftalmia – projeção do olho para frente.Ex.: Hipertireoidismo.

F

Fácie de “Lua Cheia” – rosto arredondado, por depósito de gordura, acne e hirsutismo; ocorre na Síndrome de Cushing.

Fâneros - anexos cutâneos (pele e unhas)

Fasciculação – contrações irregulares e não rítmicas de fascículos musculares, resultante da ativação aleatória de unidades, presente no repouso e desaparece com o movimento voluntário.

Fenômeno de Raynaud – ciclo de alterações na coloração dos dedos das mãos e dos pés, no qual as arteríolas se contraem deixando a pele cianótica, depois pálida e em seguida vermelha; causados pelo frio ou por estresse emocional.

Fimose – condição na qual é impossível arregaçar o prepúcio sobre a glande, exteriorizando-a. A necessidade de correção cirúrgica (postectomia) deve ser avaliada pelo médico, pois em crianças a fimose pode desaparecer com o crescimento.

Flatulência – acúmulo de gases intra-abdominais, freqüentemente acompanhada de sensação de distensão do abdome.

Flebite – inflamação das veias.

Flegmasia Alba dolens – oclusão do sistema venoso profundo sem atingir o superficial. A coloração da pele é leitosa, devido ao comprometimento dos linfáticos.

Flegmasia Coerulea dolens – oclusão dos sistemas superficial e profundo concomitantemente. O membro torna-se azulado e cianótico (“flebite azul”). A cianose pode chegar ao azul escuro ou negro, podendo levar à necrose do membro.

Fonofobia - intolerância a ruídos ou sons

Fotofobia - intolerância à luz

Frêmito – sensação vibratória que se percebe ao palpar o tórax de um indivíduo no momento em que ele fala (toracovocal) ou no momento em que respira (pleural e brônquico).

Frigidez – insensibilidade sexual, anafrodisia.

G

Gangrena – resultado da ação de agentes externos sobre o tecido necrosado. Pode ser: gasosa, na qual formam-se bolhas de gás devido à ação de bactérias anaeróbias gasógenas no tecido necrosado; seca, na qual ocorre desidratação dos tecidos necrosados, que ficam secos e duros como pergaminhos (“mumificação”); úmida ou pútrida, por liquefação e putrefação (pulmões, mucosa uterina, intestino e pele).

Goma – nódulo ou tumor que se liquefaz na porção central e que pode se ulcerar, eliminando substância necrótica.

H

Halitose – presença de odor desagradável na cavidade oral.

Halo senil – opacidade cinzenta localizada na periferia da córnea, em forma de arco, devido a acúmulo de colesterol, fosfolipídios e gorduras neutras; ocorre em pacientes idosos ou em jovens com história de hipercolesterolemia e xantomatose.

Hematêmese – vômito de sangue proveniente do trato gastrintestinal superior ou ocasionalmente da nasofaringe e pulmão.

Hematoma – coleção líquida de sangue na pele ou subcutânea, circunscrita, proeminente ou não e de tamanho variável.

Hematoquezia – eliminação de sangue pelo ânus, de origem do colon ascendente ou transverso; as fezes são \"amarronadas\".

Hematúria – coloração vermelha da urina por sangramento.

Hemoptise – eliminação pela boca de sangue proveniente do aparelho respiratório (subglótica).

Hemorragia – extravasamento de sangue do sistema cardiovascular.

Hipertricose – excesso de crescimento do número de pêlos, independente de hormônios andrógenos; pode ser hereditária ou iatrogênica (medicamentos).

Hipoacusia – diminuição da acuidade auditiva.

Hipostadia – defeito congênito no pênis, onde o meato uretral pode estar localizado em qualquer ponto ao longo da haste peniana ou no períneo.

Hipotricose – queda de pêlos; no hipotireoidismo os pêlos são secos e quebradiços e no hipopituitarismo a queda dos pêlos axilares e pubianos é característica.

Hirsutismo – excesso de crescimento (número, tamanho, espessura) de pêlos, com aparecimento de barba e pêlos torácicos em mulheres. Produzido pelo aumento nos hormônios androgênicos. Por ex.: adenomas da córtex supra-renal ou da hipófise anterior. Ver Síndrome de Stein-Leventhal.

Histerectomia – operação para retirada do útero.

Hordéolo – processo inflamatório agudo das glândulas de Zeis e folículos pilosos de localização na borda palpebral.

I

Icterícia - coloração amarelada da pele e mucosas em decorrência de pinmentos biliares

Ictiose – defeito hereditário da pele no qual esta fica semelhante a escamas de peixe (dermatose ictiosiforme). Ver Síndrome de Zunich.

Ileite – inflamação do íleo (última parte do intestino delgado). Ver doença de Crohen.

Impersistência – paciente abaixa o braço sustentado, não por déficit de força, mas sim por \"impaciência em manter a posição do braço\"; sempre diferenciar de déficit de força.

Incontinência - perda da capacidade de controlar os esfíncteres anal ou vesical)

Iridociclite – infecção de um dos anexos da vista.

Irite – inflamação da íris.

K

Kernicterus – é o resultado da impregnação de núcleos da base do cérebro pela bilirrubina em crianças ictéricas. Há variações no quadro clínico destas crianças, mas geralmente apresentam espasticidade, atetose, ataxia ou posteriormente deficiência mental.

L

Lagoftalmo – fechamento incompleto das pálpebras.

Leucocitúria – presença de leucócitos conservados ou degenerados na urina; piúria.

Leucoma – opacificação da córnea.

Leucotricose – embranquecimento dos cabelos devido à falta de formação de melanina pelos melanócitos da matriz do pêlo; pode ser congênita (albinismo) ou adquirida (poliose).

Leucotríquia anular – pili annulati (pêlos anulares); distrofia congênita rara, na qual os cabelos apresentam áreas claras e escuras alternadas.

Linfadenomegalia - hipertrofia de um gânglio linfático (sinônimo de adenomegalia)

Lipotímia – desfalecimento, desmaio fugaz, sem haver perda de consciência.

Lombalgia - dor na região lombar

M

Mácula - Pequena mancha cutânea plana e com coloração diferente do tecido que a circunda.

Madarose – queda do terço externo da sobrancelha (Hanseníase).

Marasmo – desnutrição com emagrecimento acentuado.

Mecôneo – conteúdo intestinal do feto, de cor esverdeada (rico em biliverdina) e que quando presente no líquido amniótico freqüentemente se associa ao sofrimento fetal.

Melena – evacuação de fezes de cor negra, que indica presença de sangue digerido no conteúdo fecal. Fezes moles e pastosas, em “borra de café” e de odor bastante fétido.

Melenêmese – vômito em “borra de café”, ocorre quando o sangue esteve em contato com o ácido gástrico por um certo período de tempo.

Menarca – primeira menstruação, geralmente por volta dos 12 anos.

Menopausa - Período da vida da mulher em que desaparece a menstruação.

Meteorismo – intumescência abdominal provocada pelo acumulo de gases no estômago e alças intestinais; timpanismo ou timpanite.

Método não invasivo – recurso para diagnóstico ou tratamento que não implica em contato com sangue.

Metrorragia – hemorragia sanguínea uterina não menstrual.

Midríase – dilatação da pupila (mais de 5 mm).

Mioclonia – contração muscular involuntária e súbita.

Miose – retração da pupila (menos que 2 mm). Ver Síndrome de Horner.

N

Narcose – sono artificial; estado de estupor e inconsciência provocado por um narcótico.

Nevo – anormalidade congênita do desenvolvimento, resultando em falta de produção de estruturas maduras; tumor benigno de células pigmentadas.

Nictúria – predominância do volume urinário noturno sobre o diurno. Ex.: ICC.

Nistagmo – tremores rítmicos, involuntários e bilaterais dos globos oculares, horizontais, erticais ou rotatórios.

Nódulo – lesão sólida, elevada, com mais de 1 cm de diâmetro.

Nucalgia - dor na nuca

Nulípara – mulher que nunca deu à luz.

O

Obstipação – aumento no intervalo entre as evacuações, acompanhada de fezes ressecadas e dificuldade na eliminação das mesmas. É definida como uma alteração do hábito intestinal na qual o indivíduo fica sem evacuar por mais de 3 dias. Também conhecida como prisão de ventre.

Odinofagia - dor de garganta

Oligúria – volume urinário diário menor que 100 ml (adultos). O débito urinário normal de um adulto gira em torno de 0,5ml/kg/h, 1,0ml/kg/h na infância e em menores de 1 ano, 2,0ml/kg/h.

Onicólise – separação e/ou destruição da metade distal da lâmina. Ex.: cirrose fungos, doenças sistêmicas.

Onicomalácia – unha de consistência amolecida; sinal de doenças sistêmicas.

Orquite – processo inflamatório do testículo, de origem infecciosa na maioria dos casos, sendo os vírus os mais freqüentes (p. ex.: caxumba). Pode mais raramente ser causado por traumatismo ou infecções bacterianas.

Ortopnéia – dificuldade para respirar deitado; melhora quando o paciente se senta, mantendo o tronco ligeiramente fletido (diminui o retorno venoso).

Osteomalácia – doença que se caracteriza pelo amolecimento e curvatura gradual dos ossos com dor de intensidade variável. Causada pela não calcificação em virtude da deficiência de vitamina D. É mais comum nas mulheres e geralmente começa na gravidez. É também conhecida como Raquitismo do adulto.

Otalgia - dor de ouvido

Otorragia - sangramento pelo ouvido

Otorréia – saída de secreção do ouvido.

P

Palpitação - Percepção incômoda dos batimentos do coração.

Pápula – lesão sólida, elevada, de até 1 cm de diâmetro.

Paralisia de Bell – anormalidade do nervo facial que leva à fraqueza repentina ou à paralisia dos músculos de um dos lados da face.

Paraplegia – paralisia completa de dois segmentos simétricos do corpo (geralmente dos membros inferiores).

Paresia - diminuição da força muscular

Parestesia – aparecimento, sem estimulação, de sensações espontâneas e mal definidas (“formigamento”).

Paroníquia – unheiro; inflamação da borda ungueal da unha, geralmente por traumatismo, causada por bactérias, Cândida e outros fungos.

Pectorilóquia – palavra ouvida com nitidez na ausculta pulmonar (boa transmissão). Pode ser fônica (voz normal) ou áfona (voz “cochichada”). Ocorre em algumas síndromes pulmonares, como na condensação.

Pênfigo – denominação geral para um grupo de doenças autoimunes, pouco freqüentes, consistindo em dermatoses crônicas, recidivantes e algumas vezes fatais. São caracterizadas clinicamente pelo aparecimento de sucessivos grupos de vesículas e bolhas, inicialmente na mucosa bucal ou orofaríngea e, depois, na pele aparentemente sadia; as bolhas se rompem deixando uma zona erodida, posteriormente recoberta por crostas. A epiderme descola-se facilmente do plano subjacente (Sinal de Nikolski).

Pirose – azia, sensação de calor ou queimação no estômago (região retroesternal ou epigástrica).

Piúria – presença de pus na urina, leucocitúria.

Plegia - Ausência de força muscular. Perda de função, paralisia. Corretamente usada como perda de movimento voluntário por lesão do sistema nervoso.

Pletória – congestão.

Polaciúria – micções freqüentes e em pequena quantidade.

Polidipsia – ingestão exagerada de água. Ex.: na diabetes mellitus, devido à perda de água aumentada (hiperglicemia e diurese osmótica).

Polifagia - fome excessiva

Poliúria – aumento do volume urinário diário.

Priapismo – conceituado como uma ereção prolongada, não associada com estimulação sexual e geralmente dolorosa. Constitui-se numa emergência urológica, pois o tratamento precoce adequado, evita seqüelas da doença.

Proctite – inflamação da mucosa do reto.

Pródromo - Manifestação clínica que antecede uma doença.

Proptose – distensão excessiva de qualquer parte do corpo; deslocamento de um órgão para frente; proptoma. Ex.: Exolftalmia.

Pterígio – tecido fibrovascular recoberto pela conjuntiva ocular, de forma triangular e geralmente localizado no canto interno do olho.

Ptose palpebral – queda da pálpebra devido a lesão do nervo oculomotor (N.C. III). Ver Síndrome de Horner.

Pústula – vesícula com conteúdo purulento.

Puxo – contração espasmódica do reto que precede as evacuações.

R

Regurgitação – retorno à boca ou garganta do alimento recém ingerido sem esforço de vômito; ocasionado por refluxo intenso.

Ressecção – extirpação cirúrgica parcial ou total de um órgão.

Rinite – inflamação do nariz; nasite; defluxo; constipação nasal.

Rinorreia – corrimento nasal.

S

Salicismo – intoxicação por ácido salicílico (aspirina).

Sepse (antiga septicemia) – disseminação de bactérias patogênicas partir de um foco de infecção através da circulação sistêmica.

Sialorréia – aumento da secreção de saliva.

Sialosquise – diminuição da secreção de saliva. Ex.: desidratação.

Sinal – manifestação objetiva de uma doença. Sinal patognomônico: manifestação inequívoca de uma patologia.

Síncope – perda súbita da consciência, geralmente acompanhada de perda do tônus postural.

Síndrome – conjunto de sinais e sintomas de mesma marcha evolutiva porém de causas diversas, que caracterizam um estado mórbido e se repete na população.

T

Taquicardia - Aceleração dos batimentos cardíacos, geralmente aplicado a taxas acima de 100 bpm.

Taquipnéia - aumento da freqüência respiratória

Tenesmo – dor na região ano-retal por contração espasmódica do reto, que permanece após evacuação.

Tinitus - Zumbidos (=acúfenos). Sensação subjetiva de ouvir bater de campainha ou outros ruídos. Acúfenos.

Tique - movimento repetido irregular espasmódico.

Trepanação – remoção de um disco de osso ou de outro tecido compacto por meio de um trépano. Ex.: trepanação de crânio, trepanação da córnea.

Tumor – lesão sólida, elevada, com mais de 3 cm de diâmetro.

U

Unhas de Lindsay – metade proximal branca, 20-50% distal vermelho; ocorre na insuficiência renal.

Unhas hipocráticas – unhas recurvadas, em “vidro de relógio”, com baqueteamento digital.

Urtica – pápula eritêmato-edematosa, de duração efêmera que tem freqüentemente a borda irregular com aspecto de pseudópodes. Pode coalescer formando placa.

V

Vegetações – projeções sólidas, digitiformes, moles, por vezes sangrantes e de tamanhos variáveis.

Verruga – vegetação de superfície queratótica.

Vertigem - sensação de rotação (alucinação de movimento) por alteração do sistema laberíntico ou cerebelar

Vesícula – coleção líquida, elevada, com diâmetro de até 1 cm.

Vômica – eliminação súbita de grande quantidade de secreção mucupurulenta, de odor fétido; acompanha cavidades, supurações ou perfurações pulmonares.

X

Xantomatose – manifestação cutânea da lipoidose. Xantomas de pele, tendão e articular.

Xeroftalmia – perda da secreção lacrimal que pode ser devido a ulceração da córnea e geralmente está relacionada a uma deficiência sistêmica severa de vitamina A. Ver Síndrome de Sjögren.

 

 

 

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No início do século 20, o repertório instrumental do médico era extremamente limitado. O estetoscópio moderno já ganhava forma, o tubo laminado acústico de Laennec recebia dois fones de ouvido, mas o diagnóstico ainda era fundamentalmente clínico. [1] A inexistência de exames laboratoriais e de imagem fazia com que o exame físico e, consequentemente, os sentidos fossem as únicas armas no arsenal médico.

A capacidade de percepção do médico – sua audição, gustação, tato, olfato e visão – era basicamente sua única ferramenta disponível. [1] Com o passar das gerações, entretanto, essa habilidade tem sido, gradualmente, deixada de lado basta comparar as edições dos livros clássicos de semiologia com seus antecedentes: os sinais clínicos e manobras perdem espaço para os exames complementares e de imagem. Não há um método concreto, sistematizado para desenvolver essa habilidade, entretanto alguma instituições tem explorado uma abordagem diferente para complementar a capacidade de observação  do acadêmico de medicina: por meio das artes visuais.

O modelo de preceptoria usado classicamente para ensinar a medicina clínica busca resgatar essas habilidades fundamentais, entretanto, é limitado. Aprendemos que o exame físico começa com a inspeção, mas não aprendemos a observar.  Desde cedo sabemos que deve-se checar as mucosas na suspeita de anemia, mas não aprendemos a diferenciar uma mucosa +3/+4 de uma +2/+4 ou +1/+4. Um estudo técnico sobre cores, tonalidade e iluminação poderia potencialmente elucidar essas diferenças sutis. Inevitavelmente, após anos de prática, adquirimos a capacidade de reconhecer um mucosa hipocorada, contudo tem-se relatado que um treinamento formal na arte da observação pode catalisar esse processo.

Em 2008 um coletivo de educadores formado por professores de diversas universidades americanas (dentre elas a escola de medicina de Harvard; a Universidade de California, Los Angeles e  a universidade de Columbia) testaram uma abordagem inovadora a qual nomearam \"Training the Eye: Improving the Art of Physical Diagnosis\" – no português: \"Treinando o olho: melhorando a arte do diagnóstico físico\". O treinamento consistia em oito sessões de exercícios de observação artística que integrava conceitos técnicos da arte com tópicos do diagnóstico físico além de uma sessão de desenho eletiva. A percepção de contornos, por exemplo, foi trabalhada por meio de uma discussão em cima do “Retrato de Mulher” do Picasso e “A Voz” de Munch e esse conhecimento foi, depois, integrado a uma discussão acerca dos contornos presentes nas imagens torácicas radiológicas. Conceitos artísticos, como forma, simetria, coesão, textura e cor eram depois interligados aos assuntos médicos como as lesões elementares da dermatologia, o exame neurológico e a pneumologia. [2]

Ao final do curso os 24 estudantes de medicina do ciclo básico que participaram do programa foram comparados a um  grupo controle de 34 estudantes de mesmo nível. Os que fizeram o curso tiveram um aumento no seu número de observações, além do grau de sofisticação de suas observações tanto em relação as obras artísticas quanto os achados físicos do paciente. Foi relatado também um efeito “dose dependente” em que os estudantes que participaram de mais de 8 sessões tiveram um aumento ainda mais significativo. [2] Perry et al (2011), em linha com Naghshineh et al (2008), relata que de acordo com a literatura o treinamento na observação artística tem uma relação positiva forte com o desenvolvimento do olhar diagnóstico, entretanto, não há evidências o suficiente para afirmar o mesmo sobre outras capacidades médicas como a empatia. [3,4]

A arte de observar, é inquestionavelmente uma habilidade que tem seu valor na prática médica. Assim como a arte a medicina também surge a partir do princípio da observação – o artista brinca em cima daquilo que é observado, enquanto que o clínico observa no paciente o que há de anormal, de diferente: desde uma variação mais descarada como uma lesão de pele a uma anomalia mais sutil como um sinal de Quincke ou uma posição antálgica.  O artista, entretanto, tem em mãos mais ferramentas para comunicar sua percepção: o pincel, a tinta, o quadro, a escultura, a cor e a forma. O médico, em contrapartida, fica limitado a linguagem técnica e epônimos o que ressalta a importância de saber propriamente o que está sendo visto para que se torne mais fácil comunicar-se adequadamente.

Osler já dizia “Não há arte mais difícil de dominar do que a arte da observação, para alguns homens é tão difícil quanto comunicar uma observação com uma linguagem simples e direta.” [5]

É quase que um clichê falar que a medicina é uma arte mas há alguma verdade nos clichês. Digo que a medicina é arte porque assim como um artista contemporâneo extrapola os padrões estéticos, o médico tenta identificar aquilo que desvia do padrão fisiológico – aquilo que extrapola os limiares da normalidade. Arrisco dizer que a medicina só surge a partir da observação –  a partir de um domínio aguçado das suas faculdades sensoriais entrelaçado a um domínio técnico. Damos bastante atenção ao conteúdo técnico, que é igualmente importante, mas é preciso reconhecer e resgatar a capacidade perceptiva dos nossos ancestrais médicos. Talvez assim, no futuro, os próximos livros de semiologia serão repletos de novos sinais e manobras e não só os mais recentes exames complementares.

 


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Referencias

1- M Klugman, C., Peel, J. and Beckmann-Mendez, D., 2011. Art Rounds: teaching interprofessional students visual thinking strategies at one school. [online] PubMed. Available at: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21869658/> [Accessed 7 February 2021].

2 - Naghshineh, S., P. Hafler, J., R. Miller, A., A. Blanco, M., R. Lipsitz, S., P. Dubroff, R., Khoshbin, S. and T. Katz, J., 2008. Formal Art Observation Training Improves Medical Students’ Visual Diagnostic Skills. [online] NCBI. Available at: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2517949/pdf/11606_2008_Article_667.pdf> [Accessed 7 February 2021].

3- Perry, M., Maffulli, N., Willson, S. and Morrissey, D., 2011. The effectiveness of arts‐based interventions in medical education: a literature review. [online] ASME. Available at: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1365-2923.2010.03848.x> [Accessed 7 February 2021].

4- M. Braverman, I., 2011. To see or not to see: How visual training can improve observational skills. [online] Cid Journal. Available at: <https://www.cidjournal.com/article/S0738-081X(10)00151-3/abstract> [Accessed 7 February 2021].

5 - B. Sykes, D. and N. Nichols, D., 2015. There Is No Denying It, Our Medical Language Needs an Update. [online] NCBI. Available at: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4507913/> [Accessed 7 February 2021].

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No início do século 20, o repertório instrumental do médico era extremamente limitado. O estetoscópio moderno já ganhava forma, o tubo laminado acústico de Laennec recebia dois fones de ouvido, mas o diagnóstico ainda era fundamentalmente clínico. [1] A inexistência de exames laboratoriais e de imagem fazia com que o exame físico e, consequentemente, os sentidos fossem as únicas armas no arsenal médico.

A capacidade de percepção do médico – sua audição, gustação, tato, olfato e visão – era basicamente sua única ferramenta disponível. [1] Com o passar das gerações, entretanto, essa habilidade tem sido, gradualmente, deixada de lado basta comparar as edições dos livros clássicos de semiologia com seus antecedentes: os sinais clínicos e manobras perdem espaço para os exames complementares e de imagem. Não há um método concreto, sistematizado para desenvolver essa habilidade, entretanto alguma instituições tem explorado uma abordagem diferente para complementar a capacidade de observação  do acadêmico de medicina: por meio das artes visuais.

O modelo de preceptoria usado classicamente para ensinar a medicina clínica busca resgatar essas habilidades fundamentais, entretanto, é limitado. Aprendemos que o exame físico começa com a inspeção, mas não aprendemos a observar.  Desde cedo sabemos que deve-se checar as mucosas na suspeita de anemia, mas não aprendemos a diferenciar uma mucosa +3/+4 de uma +2/+4 ou +1/+4. Um estudo técnico sobre cores, tonalidade e iluminação poderia potencialmente elucidar essas diferenças sutis. Inevitavelmente, após anos de prática, adquirimos a capacidade de reconhecer um mucosa hipocorada, contudo tem-se relatado que um treinamento formal na arte da observação pode catalisar esse processo.

Em 2008 um coletivo de educadores formado por professores de diversas universidades americanas (dentre elas a escola de medicina de Harvard; a Universidade de California, Los Angeles e  a universidade de Columbia) testaram uma abordagem inovadora a qual nomearam \"Training the Eye: Improving the Art of Physical Diagnosis\" – no português: \"Treinando o olho: melhorando a arte do diagnóstico físico\". O treinamento consistia em oito sessões de exercícios de observação artística que integrava conceitos técnicos da arte com tópicos do diagnóstico físico além de uma sessão de desenho eletiva. A percepção de contornos, por exemplo, foi trabalhada por meio de uma discussão em cima do “Retrato de Mulher” do Picasso e “A Voz” de Munch e esse conhecimento foi, depois, integrado a uma discussão acerca dos contornos presentes nas imagens torácicas radiológicas. Conceitos artísticos, como forma, simetria, coesão, textura e cor eram depois interligados aos assuntos médicos como as lesões elementares da dermatologia, o exame neurológico e a pneumologia. [2]

Ao final do curso os 24 estudantes de medicina do ciclo básico que participaram do programa foram comparados a um  grupo controle de 34 estudantes de mesmo nível. Os que fizeram o curso tiveram um aumento no seu número de observações, além do grau de sofisticação de suas observações tanto em relação as obras artísticas quanto os achados físicos do paciente. Foi relatado também um efeito “dose dependente” em que os estudantes que participaram de mais de 8 sessões tiveram um aumento ainda mais significativo. [2] Perry et al (2011), em linha com Naghshineh et al (2008), relata que de acordo com a literatura o treinamento na observação artística tem uma relação positiva forte com o desenvolvimento do olhar diagnóstico, entretanto, não há evidências o suficiente para afirmar o mesmo sobre outras capacidades médicas como a empatia. [3,4]

A arte de observar, é inquestionavelmente uma habilidade que tem seu valor na prática médica. Assim como a arte a medicina também surge a partir do princípio da observação – o artista brinca em cima daquilo que é observado, enquanto que o clínico observa no paciente o que há de anormal, de diferente: desde uma variação mais descarada como uma lesão de pele a uma anomalia mais sutil como um sinal de Quincke ou uma posição antálgica.  O artista, entretanto, tem em mãos mais ferramentas para comunicar sua percepção: o pincel, a tinta, o quadro, a escultura, a cor e a forma. O médico, em contrapartida, fica limitado a linguagem técnica e epônimos o que ressalta a importância de saber propriamente o que está sendo visto para que se torne mais fácil comunicar-se adequadamente.

Osler já dizia “Não há arte mais difícil de dominar do que a arte da observação, para alguns homens é tão difícil quanto comunicar uma observação com uma linguagem simples e direta.” [5]

É quase que um clichê falar que a medicina é uma arte mas há alguma verdade nos clichês. Digo que a medicina é arte porque assim como um artista contemporâneo extrapola os padrões estéticos, o médico tenta identificar aquilo que desvia do padrão fisiológico – aquilo que extrapola os limiares da normalidade. Arrisco dizer que a medicina só surge a partir da observação –  a partir de um domínio aguçado das suas faculdades sensoriais entrelaçado a um domínio técnico. Damos bastante atenção ao conteúdo técnico, que é igualmente importante, mas é preciso reconhecer e resgatar a capacidade perceptiva dos nossos ancestrais médicos. Talvez assim, no futuro, os próximos livros de semiologia serão repletos de novos sinais e manobras e não só os mais recentes exames complementares.

 


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Referencias

1- M Klugman, C., Peel, J. and Beckmann-Mendez, D., 2011. Art Rounds: teaching interprofessional students visual thinking strategies at one school. [online] PubMed. Available at: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21869658/> [Accessed 7 February 2021].

2 - Naghshineh, S., P. Hafler, J., R. Miller, A., A. Blanco, M., R. Lipsitz, S., P. Dubroff, R., Khoshbin, S. and T. Katz, J., 2008. Formal Art Observation Training Improves Medical Students’ Visual Diagnostic Skills. [online] NCBI. Available at: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2517949/pdf/11606_2008_Article_667.pdf> [Accessed 7 February 2021].

3- Perry, M., Maffulli, N., Willson, S. and Morrissey, D., 2011. The effectiveness of arts‐based interventions in medical education: a literature review. [online] ASME. Available at: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1365-2923.2010.03848.x> [Accessed 7 February 2021].

4- M. Braverman, I., 2011. To see or not to see: How visual training can improve observational skills. [online] Cid Journal. Available at: <https://www.cidjournal.com/article/S0738-081X(10)00151-3/abstract> [Accessed 7 February 2021].

5 - B. Sykes, D. and N. Nichols, D., 2015. There Is No Denying It, Our Medical Language Needs an Update. [online] NCBI. Available at: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4507913/> [Accessed 7 February 2021].

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O professor e médico, Celmo Celeno Porto,  dono de um currículo ímpar, e autor de diversos livros- Importantíssimos para a formação médica- como: Exame Clínico (8ª edição), Semiologia Médica (7ª edição), Vade Mecum de Clínica Médica (2ª edição), Clínica Médica na Prática Diária (1ª edição), Interação Medicamentosa (1ª edição), Doenças do Coração (2ª edição), Cartas aos Estudantes de Medicina (2ª edição), Dr. Calil Porto, O Menino e a Borboleta (1ª edição), todos publicados pela Editora Guanabara-Koogan, do Rio de Janeiro, disponíveis em formato físico e e-book.

Porém, durante nossa formação, é preciso ter alguns diferenciais.

“O médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe” (Abel Salazar), essa frase define bem como o acadêmico de medicina deve abrir e explorar os horizontes.

Temos que ter em mente que, não é só a doença que devemos tratar, diagnosticar ou prevenir. O ser humano possui diversos aspectos que, juntos, compõem quem e o que ele é. E essa a beleza da humanidade. O entender o todo e a parte, pois o todo sem a parte, não é o todo.

“Estes livros nos ajudam a compreender que a medicina não pode ficar aprisionada nos limites (estreitos) das ciências biológicas e das técnicas estatísticas”.

Como citou o professor, alguns livros, são necessários para expandirmos nossos limites. É necessário ir bem mais além do que a Faculdade nos ensinou.

Façam uma boa leitura!!

“Para ser médico, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui

(Nem o consciente, nem inconsciente

Nem o racional, nem o emocional)

Sê todo em cada caso

Põe quanto és

No mínimo que fazes

(Seja o exame clínico ou um transplante cardíaco)

Assim em cada paciente a medicina toda

Brilha, porque alta vive” – Prof. Dr. Celmo Celeno Porto

 

Confira abaixo as obras indicadas:

 

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O professor e médico, Celmo Celeno Porto,  dono de um currículo ímpar, e autor de diversos livros- Importantíssimos para a formação médica- como: Exame Clínico (8ª edição), Semiologia Médica (7ª edição), Vade Mecum de Clínica Médica (2ª edição), Clínica Médica na Prática Diária (1ª edição), Interação Medicamentosa (1ª edição), Doenças do Coração (2ª edição), Cartas aos Estudantes de Medicina (2ª edição), Dr. Calil Porto, O Menino e a Borboleta (1ª edição), todos publicados pela Editora Guanabara-Koogan, do Rio de Janeiro, disponíveis em formato físico e e-book.

Porém, durante nossa formação, é preciso ter alguns diferenciais.

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Temos que ter em mente que, não é só a doença que devemos tratar, diagnosticar ou prevenir. O ser humano possui diversos aspectos que, juntos, compõem quem e o que ele é. E essa a beleza da humanidade. O entender o todo e a parte, pois o todo sem a parte, não é o todo.

“Estes livros nos ajudam a compreender que a medicina não pode ficar aprisionada nos limites (estreitos) das ciências biológicas e das técnicas estatísticas”.

Como citou o professor, alguns livros, são necessários para expandirmos nossos limites. É necessário ir bem mais além do que a Faculdade nos ensinou.

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Brilha, porque alta vive” – Prof. Dr. Celmo Celeno Porto

 

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Frequentemente nos deparamos com esses termos e simplesmente aceitamos a nomenclatura sem entender bem a diferença e as informações clínicas contidas nas expressões. Mesmo os profissionais de saúde às vezes confundem um pouco as coisas com o passar do tempo. Então, vamos dar uma breve olhada nas definições e em alguns exemplos.

Sintoma

Sintoma se origina do grego sympitien, que significa \"acontecer\" [1]. Trata-se da percepção que o paciente tem de alterações no funcionamento normal de seu corpo e/ou mente. Como exemplos, podemos citar dor, cansaço, angústia, desânimo, entre outros.

Como os sintomas são relatados pela própria pessoa e não podem ser medidos, eles têm um caráter mais subjetivo e jamais devem ser ignorados ou minimizados pelo profissional de saúde. É fundamental que essas queixas sejam valorizadas, já que vão auxiliar na composição do quadro clínico.

Sintomas são diferentes dos sinais, já que estes são observáveis e/ou mensuráveis, tais como febre, rashes cutâneos, edemas, arritmias, dentre outros.

O conjunto de sinais e sintomas, aliado a exames complementares quando cabíveis, vão orientar os profissionais para as hipóteses diagnósticas de doenças, síndromes ou transtornos [2].

Doença

Por incrível que pareça, as definições de doença (ou do que é considerado doença) podem se alterar em função da época, do contexto social e do conhecimento científico naquele momento. A epilepsia, por exemplo, é considerada um dom espiritual entre tribos do sudeste asiático.

De acordo com o Dorland's Medical Dictionary e com o Merriam-Webster Dictionary, para que uma condição seja considerada doença é necessário atender aos seguintes critérios [2, 3]:

  1. causar um desvio ou interrupção da estrutura ou funcionamento normais de uma parte ou todo de um organismo;

  2. manifestar-se por meio de um conjunto de sinais e sintomas específicos; e

  3. a etiologia, patologia e o prognóstico não necessariamente precisam ser conhecidos.

Até pouco tempo atrás, saber a causa era necessário para que uma condição fosse considerada doença, mas as definições mais recentes parecem não incluir mais esse critério.

E por falar em causas, doenças podem ser provocadas por agentes externos ou por fatores internos. No primeiro grupo, temos como exemplos a COVID-19, a hanseníase e as micoses, causadas por coronavírus, bactéria e fungos, respectivamente. Já os fatores internos estão relacionadas a malformações (anatômicas) ou disfunções, tais como diabetes e lúpus.

Síndrome

A palavra síndrome tem origem do grego syndromé e significa \"confluência, junção\". Como o próprio nome sugere, refere-se a um conjunto de sinais e sintomas que caracterizam uma condição, mas que não necessariamente são exclusivos de uma única doença, ou seja, a sintomatologia não tem uma origem específica [2, 3]. Uma condição também pode ser chamada de síndrome quando o quadro clínico das doenças associadas não está bem definido.

Quando falamos de hipertireoidismo, por exemplo, estamos nos referindo a uma síndrome, pois o conjunto de sinais e sintomas podem ser causados tanto por doença de Basedow-Graves quanto por doença de Plummer, por exemplo [4].

Outro caso bastante atual é o da síndrome respiratória aguda grave (ou SARS, na sigla em inglês), que pode ser causada por SARS-CoV-2, mas apresentar a sintomatologia de SARS não quer dizer, obrigatoriamente, uma infecção por coronavírus [5].

Transtorno

Por fim, tem-se o transtorno, que é definido como um desarranjo ou anormalidade funcional, geralmente de ordem mental, que causa sofrimento ao indivíduo. Os quadros clínicos de transtornos geralmente não apresentam toda a sintomatologia ou causas bem definidas, de modo que não podem ser classificados como doenças ou síndromes (embora possam estar associados a elas) [3, 6].

Os transtornos, às vezes chamados de distúrbios, apresentam uma etiologia complexa que decorre da interação entre aspectos biológicos (as idiossincrasias do indivíduo), psicológicos e sociais (relação desse indivíduo com a sua história e com o meio em que vive).

Além disso, profissionais da área de saúde mental argumentam que o termo transtorno contribui para minimizar os estigmas e preconceitos históricos relacionados ao sofrimento mental.

Dentre os exemplos mais comuns, podemos citar os transtornos de ansiedade, o transtorno depressivo maior, transtorno do espectro autista, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, dentre outros.

Comentários Finais

Como vimos ao longo do texto, existem critérios para designar uma determinada condição de saúde e os termos utilizados para tal contêm por si só informações implícitas sobre a disfunção associada. Isso é relevante tanto sob o aspecto didático quanto clínico.

Nem sempre a nomenclatura de uma determinada condição segue os critérios aqui descritos. A síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS, na sigla em inglês), por exemplo, embora já tenha sintomatologia e etiologia bem definidas, permaneceu com esse nome por razões históricas.

Por outro lado, algumas condições podem ter suas designações revisadas, como a síndrome de Asperger, que recebeu esse nome em homenagem ao pediatra e psiquiatra austríaco que a identificou, mas que também contribuiu para o regime nazista, condenando diversas crianças à morte [7].

Por último, mas não menos importante, é sempre válido ressaltar que diagnósticos não devem ser encarados como rótulos atribuídos a pessoas, mas como uma diretriz que norteia sobre as melhores práticas para cuidar daquele paciente.

Por trás de qualquer condição médica existe um ser humano que se apresenta em uma situação de vulnerabilidade e, antes de mais nada, necessita de acolhimento.

Referências

  1. UNICAMP. Exame Clínico. Disponível em: https://w2.fop.unicamp.br/ddo/patologia/downloads/db301_un1_ExameClinico.pdf. Acessado em 30 de maio de 2020.
  2. WEBSTER. Dicionário Marriam-Webster. Disponível em: https://www.merriam-webster.com/dictionary/. Acessado em 01 de junho de 2020.
  3. ALBERT, Daniel et al. Dorland’s Illustrated Medical Dictionary. 2012.
  4. PORTO, C. C. Porto e Porto Semiologia Médica. 2015.
  5. JIH, Thomas Kuen-Shan. Acute respiratory distress syndrome (ARDS) and severe acute respiratory syndrome (SARS): are we speaking different languages?. Journal of the Chinese Medical Association, v. 68, n. 1, p. 1-3, 2005.
  6. TOLEDO, Edson. Entenda a diferença entre doença, transtorno, síndrome, sintoma e sinal. Disponível em: http://www.vyaestelar.com.br/post/2982/entenda-a-diferenca-entre-doenca. Acessado em 03 de junho de 2020.
  7. NATURE. The truth about Hans Asperger’s Nazi collusion. Disponível em: https://www.nature.com/articles/d41586-018-05112-1. Acessado em 04 de junho de 2020.

 

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Frequentemente nos deparamos com esses termos e simplesmente aceitamos a nomenclatura sem entender bem a diferença e as informações clínicas contidas nas expressões. Mesmo os profissionais de saúde às vezes confundem um pouco as coisas com o passar do tempo. Então, vamos dar uma breve olhada nas definições e em alguns exemplos.

Sintoma

Sintoma se origina do grego sympitien, que significa \"acontecer\" [1]. Trata-se da percepção que o paciente tem de alterações no funcionamento normal de seu corpo e/ou mente. Como exemplos, podemos citar dor, cansaço, angústia, desânimo, entre outros.

Como os sintomas são relatados pela própria pessoa e não podem ser medidos, eles têm um caráter mais subjetivo e jamais devem ser ignorados ou minimizados pelo profissional de saúde. É fundamental que essas queixas sejam valorizadas, já que vão auxiliar na composição do quadro clínico.

Sintomas são diferentes dos sinais, já que estes são observáveis e/ou mensuráveis, tais como febre, rashes cutâneos, edemas, arritmias, dentre outros.

O conjunto de sinais e sintomas, aliado a exames complementares quando cabíveis, vão orientar os profissionais para as hipóteses diagnósticas de doenças, síndromes ou transtornos [2].

Doença

Por incrível que pareça, as definições de doença (ou do que é considerado doença) podem se alterar em função da época, do contexto social e do conhecimento científico naquele momento. A epilepsia, por exemplo, é considerada um dom espiritual entre tribos do sudeste asiático.

De acordo com o Dorland's Medical Dictionary e com o Merriam-Webster Dictionary, para que uma condição seja considerada doença é necessário atender aos seguintes critérios [2, 3]:

  1. causar um desvio ou interrupção da estrutura ou funcionamento normais de uma parte ou todo de um organismo;

  2. manifestar-se por meio de um conjunto de sinais e sintomas específicos; e

  3. a etiologia, patologia e o prognóstico não necessariamente precisam ser conhecidos.

Até pouco tempo atrás, saber a causa era necessário para que uma condição fosse considerada doença, mas as definições mais recentes parecem não incluir mais esse critério.

E por falar em causas, doenças podem ser provocadas por agentes externos ou por fatores internos. No primeiro grupo, temos como exemplos a COVID-19, a hanseníase e as micoses, causadas por coronavírus, bactéria e fungos, respectivamente. Já os fatores internos estão relacionadas a malformações (anatômicas) ou disfunções, tais como diabetes e lúpus.

Síndrome

A palavra síndrome tem origem do grego syndromé e significa \"confluência, junção\". Como o próprio nome sugere, refere-se a um conjunto de sinais e sintomas que caracterizam uma condição, mas que não necessariamente são exclusivos de uma única doença, ou seja, a sintomatologia não tem uma origem específica [2, 3]. Uma condição também pode ser chamada de síndrome quando o quadro clínico das doenças associadas não está bem definido.

Quando falamos de hipertireoidismo, por exemplo, estamos nos referindo a uma síndrome, pois o conjunto de sinais e sintomas podem ser causados tanto por doença de Basedow-Graves quanto por doença de Plummer, por exemplo [4].

Outro caso bastante atual é o da síndrome respiratória aguda grave (ou SARS, na sigla em inglês), que pode ser causada por SARS-CoV-2, mas apresentar a sintomatologia de SARS não quer dizer, obrigatoriamente, uma infecção por coronavírus [5].

Transtorno

Por fim, tem-se o transtorno, que é definido como um desarranjo ou anormalidade funcional, geralmente de ordem mental, que causa sofrimento ao indivíduo. Os quadros clínicos de transtornos geralmente não apresentam toda a sintomatologia ou causas bem definidas, de modo que não podem ser classificados como doenças ou síndromes (embora possam estar associados a elas) [3, 6].

Os transtornos, às vezes chamados de distúrbios, apresentam uma etiologia complexa que decorre da interação entre aspectos biológicos (as idiossincrasias do indivíduo), psicológicos e sociais (relação desse indivíduo com a sua história e com o meio em que vive).

Além disso, profissionais da área de saúde mental argumentam que o termo transtorno contribui para minimizar os estigmas e preconceitos históricos relacionados ao sofrimento mental.

Dentre os exemplos mais comuns, podemos citar os transtornos de ansiedade, o transtorno depressivo maior, transtorno do espectro autista, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, dentre outros.

Comentários Finais

Como vimos ao longo do texto, existem critérios para designar uma determinada condição de saúde e os termos utilizados para tal contêm por si só informações implícitas sobre a disfunção associada. Isso é relevante tanto sob o aspecto didático quanto clínico.

Nem sempre a nomenclatura de uma determinada condição segue os critérios aqui descritos. A síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS, na sigla em inglês), por exemplo, embora já tenha sintomatologia e etiologia bem definidas, permaneceu com esse nome por razões históricas.

Por outro lado, algumas condições podem ter suas designações revisadas, como a síndrome de Asperger, que recebeu esse nome em homenagem ao pediatra e psiquiatra austríaco que a identificou, mas que também contribuiu para o regime nazista, condenando diversas crianças à morte [7].

Por último, mas não menos importante, é sempre válido ressaltar que diagnósticos não devem ser encarados como rótulos atribuídos a pessoas, mas como uma diretriz que norteia sobre as melhores práticas para cuidar daquele paciente.

Por trás de qualquer condição médica existe um ser humano que se apresenta em uma situação de vulnerabilidade e, antes de mais nada, necessita de acolhimento.

Referências

  1. UNICAMP. Exame Clínico. Disponível em: https://w2.fop.unicamp.br/ddo/patologia/downloads/db301_un1_ExameClinico.pdf. Acessado em 30 de maio de 2020.
  2. WEBSTER. Dicionário Marriam-Webster. Disponível em: https://www.merriam-webster.com/dictionary/. Acessado em 01 de junho de 2020.
  3. ALBERT, Daniel et al. Dorland’s Illustrated Medical Dictionary. 2012.
  4. PORTO, C. C. Porto e Porto Semiologia Médica. 2015.
  5. JIH, Thomas Kuen-Shan. Acute respiratory distress syndrome (ARDS) and severe acute respiratory syndrome (SARS): are we speaking different languages?. Journal of the Chinese Medical Association, v. 68, n. 1, p. 1-3, 2005.
  6. TOLEDO, Edson. Entenda a diferença entre doença, transtorno, síndrome, sintoma e sinal. Disponível em: http://www.vyaestelar.com.br/post/2982/entenda-a-diferenca-entre-doenca. Acessado em 03 de junho de 2020.
  7. NATURE. The truth about Hans Asperger’s Nazi collusion. Disponível em: https://www.nature.com/articles/d41586-018-05112-1. Acessado em 04 de junho de 2020.

 

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Celmo Celeno Porto talvez seja o maior mestre vivo da medicina brasileira. Falo isso porque todos nós, com pelo menos de 20 anos de formados, estudamos com seus livros e seus ensinamentos sobre a semiologia e a semiotécnica. Não importa o quão especialista você é, você teve ele como referência para aprender a conversar examinar e criar hipóteses diagnósticas. Reverenciar este homem que ensinou muito mais que a metade dos médicos brasileiros é um dever.

Fazemos isso porque queremos elevar a medicina através dos bons exemplos. A maneira como o mestre Porto trata a evolução tecnológica frente aos ensinamentos da medicina clássica é inspiradora. O artigo a seguir, publicado em 2006, mostra a visão do homem que, além de ser um mestre da Semiotécnica, é atualizado, inovador e criativo para absorver as novas tecnologias que surgem dia a dia.

Confira o extrato do artigo \"O outro lado do exame clínico na medicina moderna\". Se desejar, o link para o artigo completo pode ser encontrado AQUI.

 

O outro lado do exame clínico na medicina moderna

A parte mais conhecida e aplicada do exame clínico é a semiotécnica. Mas há um outro lado, tanto ou mais importante que o reconhecimento e análise dos sinais e sintomas, que coloca o exame clínico em posição ímpar na prática médica. Neste lado, tal como a outra face de uma moeda, encontram-se elementos essenciais para uma medicina de excelência, incluindo qualidades humanas, princípios bioéticos e a relação médico-paciente. Este lado é que vou abordar neste ponto de vista.

Vale lembrar, inicialmente, que a medicina nasceu associada a rituais mágicos e místicos que os povos primitivos praticavam para cuidar de seus doentes. A observação empírica da pessoa doente é a raiz mais profunda do método clínico. Sem dúvida, o momento mais significativo na evolução do método clínico foi representado pela Escola de Kós, quando Hipócrates e seus discípulos passaram a considerar as doenças como fenômenos naturais e sistematizaram o exame dos pacientes, ao mesmo tempo em que definiam as bases éticas da profissão.

Não se deve esquecer que as doenças podem ser semelhantes, mas os doentes nunca são exatamente iguais. Contudo somente quem examina pacientes compreende esta verdade e é ela uma das premissas sobre as quais se apóia uma medicina de alta qualidade.

Pacientes e médicos estão proclamando cada vez mais que o lado humano da medicina não pode ser sufocado pelos avanços tecnológicos. Ao mesmo tempo, todos desejam que novos e mais refinados recursos técnicos estejam sempre disponíveis na prática médica. Como conciliar uma coisa com a outra? Este é o maior desafio da medicina moderna. Para enfrentá-lo, não se deve esquecer que a medicina ocidental é um conjunto de tradições, conhecimentos e técnicas que vêm acumulando-se há mais de 2.500 anos, justamente o que permite ver o ser humano em sua plenitude, incluindo não apenas aspectos biológicos mas também suas relações com o contexto cultural e o meio ambiente. Nossa mente, apoiando-se em elementos lógicos e intuitivos, consegue armazenar e selecionar todo esse saber para aplicá-lo na cura ou, melhor dizendo, no cuidado dos doentes. Nenhuma máquina será capaz de fazer isso.

A possibilidade de avaliar os mais diferentes aspectos do corpo humano ou suas modificações anatômicas e funcionais, com detalhes e precisão nunca antes imaginados, fascinou os médicos a tal ponto que muitos pensaram – e alguns ainda pensam – que o método clínico teria de dar lugar à tecnologia médica. Fruto do progresso é a necessidade de rever conhecimentos e procedimentos, muitos dos quais precisam ser até abandonados. Isso significa exercer a profissão médica num momento de transição que, como seria de se esperar, fez nascer duas posições extremas: numa, concentram-se os que se apegam cegamente, por comodidade ou convicção, à maneira tradicional de exercer a medicina; na outra, aglomeram-se, às vezes, ruidosamente, os que ficaram deslumbrados pelas novidades.

É necessário manter a mente aberta e espírito crítico para encontrar uma posição de equilíbrio, que consiste em adotar o novo no que for útil sem medo de conservar o antigo no que ele tiver de bom. Sem dúvida, o exame clínico é o que há de melhor na medicina, e dele devemos tirar o máximo proveito, acrescentando-lhe os recursos técnicos com o melhor que eles tiverem. Se assim agirmos, ficaremos mais eficientes sem perder nossa sensibilidade.

Além disso, é fundamental nunca perder de vista que há um lado da medicina que não se enquadra nos limites – e nas limitações – dos aparelhos e das máquinas, por mais maravilhosos que sejam, pois aí se encontra muita coisa indispensável ao nosso trabalho, ou seja, a relação médico-paciente – é ela que possibilita reconhecer as incontáveis maneiras de sentir, sofrer, interpretar o que se sente e de relatar o que se passa no íntimo de cada um de nós –, os matizes impressos pelo contexto cultural, a participação de fenômenos inconscientes e as interferências do meio ambiente. Cuidar de pacientes com eficiência depende de todos esses fatores, porque a ação do médico não se esgota na identificação de uma doença e sua comprovação por exames complementares.

Não se pode negar, contudo, que os grandes progressos técnicos provocaram relevantes indagações. Algumas pertinentes, outras não. A mais importante delas é: será que a memória de um computador alimentado com todas as informações contidas nos tratados de medicina e ciências afins, nos periódicos e no mundo virtual não seria capaz de substituir, até com vantagem, o trabalho que os médicos fazem com apoio no exame clínico? Em outras palavras: o exame clínico estaria perdendo seu lugar?

Colocada nesses termos, a pergunta estabelece um antagonismo entre o método clínico e os avanços tecnológicos. Devemos reconhecer, de imediato, que não há conflito entre um e outro. São coisas diferentes. Uma pode completar a outra, mas nenhuma pode substituir a outra. Cada uma tem seu lugar, mas o exame clínico desempenha um papel especial, em três pontos cruciais da prática médica: para formular hipóteses diagnósticas, para estabelecer uma boa relação médico-paciente e para a tomada de decisões.

O médico que levanta hipóteses diagnósticas consistentes é o que escolhe com mais acerto os exames complementares. Ele sabe o que \"rende\" mais para cada caso, otimizando a relação custo/benefício, entendida em todos os seus aspectos. Além disso, a interpretação dos valores laboratoriais, das imagens e dos gráficos construídos pelos aparelhos será a adequada para cada paciente. Quem faz bons exames clínicos aguça o espírito crítico e não se esquece de que os laudos dos exames são apenas \"resultados de exames\" e nunca representam uma avaliação global do paciente. Na verdade, correlacionar com precisão os dados clínicos com os resultados dos exames complementares pode ser considerada a versão moderna de \"olho clínico\", segredo do sucesso dos bons médicos de ontem e de hoje, cuja essência é a capacidade de valorizar detalhes sem perder a visão de conjunto, ou seja, sem perder de vista a condição de pessoa do paciente em toda sua complexidade.

A relação médico-paciente, por sua vez, nasce e se desenvolve durante o exame clínico. É bom que se diga que sua qualidade depende do tempo e da atenção que se dedica à anamnese, tarefa que nenhum aparelho consegue realizar com a eficiência de uma boa entrevista. Aliás, os pacientes têm notado e proclamado que, quando se interpõe entre eles e o médico uma máquina, o médico pode ficar tão deslumbrado com ela que se esquece deles. Transferir para a máquina os cuidados e o carinho antes dedicados ao doente é uma tentação diretamente relacionada ao fascínio que equipamentos modernos exercem sobre muitos médicos, principalmente aqueles em início da carreira, quando as vivências da prática ainda não desenvolveram a capacidade crítica do profissional, única maneira de conhecer as possibilidades e as limitações dos exames complementares.

Precisa ficar claro que decisão diagnóstica não é o resultado de um ou de alguns exames complementares, por mais sofisticados que sejam. Tampouco é o simples somatório dos gráficos, imagens ou a quantificação de substâncias existentes no organismo. É um processo muito mais complexo porque utiliza todos esses elementos mas não se resume a eles. Numa decisão diagnóstica e no planejamento terapêutico, que é sua conseqüência prática e a que mais interessa ao paciente, é necessário levar em conta outros fatores, nem sempre aparentes ou quantificáveis. Somente o exame clínico tem flexibilidade e abrangência suficientes para se encontrarem as chaves que \"personalizam\" cada diagnóstico e cada proposta terapêutica. Convém nunca se esquecer de que ninguém nasce, ninguém vive, ninguém adoece, ninguém morre da mesma maneira em todos os lugares. É necessário lembrar, mais uma vez, que as doenças podem ser semelhantes, mas os doentes nunca são exatamente iguais.

O que parecia conflitante – o método clínico e os exames complementares – passa a exigir uma compreensão cada vez mais harmoniosa. Enquanto o método clínico caracteriza-se pela sua inigualável capacidade de ver o paciente como um todo, dando- lhe uma sensibilidade que nenhum outro método tem, os exames complementares vão adquirindo especificidade cada vez maior. A conclusão é óbvia: saber associá-los constitui o principal desafio da medicina moderna. Pode ser também o segredo do sucesso do médico.

Dizer que a medicina é uma ciência e uma arte não é uma afirmativa gratuita ou um pensamento saudosista. Tampouco representa um modo elegante de reagir aos avanços técnicos a que estamos assistindo.

O que faz a medicina tão diferente de outras profissões é esse lado não-racional, não-lógico, que nos obriga a ver além da célula lesada e do órgão alterado. O método clínico permite-nos penetrar neste mundo complexo, porque ele concilia o lado racional, que se alimenta dos conhecimentos científicos, com os outros aspectos ainda pouco conhecidos ou inteiramente desconhecidos da natureza humana, que se tornam ainda mais complexos quando há dor, sofrimento, risco de vida, medo da morte. Contudo pouco conhecer ou desconhecer não significa inexistir, nem justifica ignorar esse outro lado da prática médica. Aliás, é importante valorizá-lo porque nele podem estar os mistérios que fazem parte do estar saudável e do ficar doente. Pode estar aí a diferença entre o bom médico e o profissional medíocre.

O exame clínico, ao fazer esta fusão, rompe os limites da ciência cartesiana e positivista que circunscreve a medicina no âmbito das doenças e torna possível aceitar a presença do imponderável, sempre presente na medicina dos doentes.

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Celmo Celeno Porto talvez seja o maior mestre vivo da medicina brasileira. Falo isso porque todos nós, com pelo menos de 20 anos de formados, estudamos com seus livros e seus ensinamentos sobre a semiologia e a semiotécnica. Não importa o quão especialista você é, você teve ele como referência para aprender a conversar examinar e criar hipóteses diagnósticas. Reverenciar este homem que ensinou muito mais que a metade dos médicos brasileiros é um dever.

Fazemos isso porque queremos elevar a medicina através dos bons exemplos. A maneira como o mestre Porto trata a evolução tecnológica frente aos ensinamentos da medicina clássica é inspiradora. O artigo a seguir, publicado em 2006, mostra a visão do homem que, além de ser um mestre da Semiotécnica, é atualizado, inovador e criativo para absorver as novas tecnologias que surgem dia a dia.

Confira o extrato do artigo \"O outro lado do exame clínico na medicina moderna\". Se desejar, o link para o artigo completo pode ser encontrado AQUI.

 

O outro lado do exame clínico na medicina moderna

A parte mais conhecida e aplicada do exame clínico é a semiotécnica. Mas há um outro lado, tanto ou mais importante que o reconhecimento e análise dos sinais e sintomas, que coloca o exame clínico em posição ímpar na prática médica. Neste lado, tal como a outra face de uma moeda, encontram-se elementos essenciais para uma medicina de excelência, incluindo qualidades humanas, princípios bioéticos e a relação médico-paciente. Este lado é que vou abordar neste ponto de vista.

Vale lembrar, inicialmente, que a medicina nasceu associada a rituais mágicos e místicos que os povos primitivos praticavam para cuidar de seus doentes. A observação empírica da pessoa doente é a raiz mais profunda do método clínico. Sem dúvida, o momento mais significativo na evolução do método clínico foi representado pela Escola de Kós, quando Hipócrates e seus discípulos passaram a considerar as doenças como fenômenos naturais e sistematizaram o exame dos pacientes, ao mesmo tempo em que definiam as bases éticas da profissão.

Não se deve esquecer que as doenças podem ser semelhantes, mas os doentes nunca são exatamente iguais. Contudo somente quem examina pacientes compreende esta verdade e é ela uma das premissas sobre as quais se apóia uma medicina de alta qualidade.

Pacientes e médicos estão proclamando cada vez mais que o lado humano da medicina não pode ser sufocado pelos avanços tecnológicos. Ao mesmo tempo, todos desejam que novos e mais refinados recursos técnicos estejam sempre disponíveis na prática médica. Como conciliar uma coisa com a outra? Este é o maior desafio da medicina moderna. Para enfrentá-lo, não se deve esquecer que a medicina ocidental é um conjunto de tradições, conhecimentos e técnicas que vêm acumulando-se há mais de 2.500 anos, justamente o que permite ver o ser humano em sua plenitude, incluindo não apenas aspectos biológicos mas também suas relações com o contexto cultural e o meio ambiente. Nossa mente, apoiando-se em elementos lógicos e intuitivos, consegue armazenar e selecionar todo esse saber para aplicá-lo na cura ou, melhor dizendo, no cuidado dos doentes. Nenhuma máquina será capaz de fazer isso.

A possibilidade de avaliar os mais diferentes aspectos do corpo humano ou suas modificações anatômicas e funcionais, com detalhes e precisão nunca antes imaginados, fascinou os médicos a tal ponto que muitos pensaram – e alguns ainda pensam – que o método clínico teria de dar lugar à tecnologia médica. Fruto do progresso é a necessidade de rever conhecimentos e procedimentos, muitos dos quais precisam ser até abandonados. Isso significa exercer a profissão médica num momento de transição que, como seria de se esperar, fez nascer duas posições extremas: numa, concentram-se os que se apegam cegamente, por comodidade ou convicção, à maneira tradicional de exercer a medicina; na outra, aglomeram-se, às vezes, ruidosamente, os que ficaram deslumbrados pelas novidades.

É necessário manter a mente aberta e espírito crítico para encontrar uma posição de equilíbrio, que consiste em adotar o novo no que for útil sem medo de conservar o antigo no que ele tiver de bom. Sem dúvida, o exame clínico é o que há de melhor na medicina, e dele devemos tirar o máximo proveito, acrescentando-lhe os recursos técnicos com o melhor que eles tiverem. Se assim agirmos, ficaremos mais eficientes sem perder nossa sensibilidade.

Além disso, é fundamental nunca perder de vista que há um lado da medicina que não se enquadra nos limites – e nas limitações – dos aparelhos e das máquinas, por mais maravilhosos que sejam, pois aí se encontra muita coisa indispensável ao nosso trabalho, ou seja, a relação médico-paciente – é ela que possibilita reconhecer as incontáveis maneiras de sentir, sofrer, interpretar o que se sente e de relatar o que se passa no íntimo de cada um de nós –, os matizes impressos pelo contexto cultural, a participação de fenômenos inconscientes e as interferências do meio ambiente. Cuidar de pacientes com eficiência depende de todos esses fatores, porque a ação do médico não se esgota na identificação de uma doença e sua comprovação por exames complementares.

Não se pode negar, contudo, que os grandes progressos técnicos provocaram relevantes indagações. Algumas pertinentes, outras não. A mais importante delas é: será que a memória de um computador alimentado com todas as informações contidas nos tratados de medicina e ciências afins, nos periódicos e no mundo virtual não seria capaz de substituir, até com vantagem, o trabalho que os médicos fazem com apoio no exame clínico? Em outras palavras: o exame clínico estaria perdendo seu lugar?

Colocada nesses termos, a pergunta estabelece um antagonismo entre o método clínico e os avanços tecnológicos. Devemos reconhecer, de imediato, que não há conflito entre um e outro. São coisas diferentes. Uma pode completar a outra, mas nenhuma pode substituir a outra. Cada uma tem seu lugar, mas o exame clínico desempenha um papel especial, em três pontos cruciais da prática médica: para formular hipóteses diagnósticas, para estabelecer uma boa relação médico-paciente e para a tomada de decisões.

O médico que levanta hipóteses diagnósticas consistentes é o que escolhe com mais acerto os exames complementares. Ele sabe o que \"rende\" mais para cada caso, otimizando a relação custo/benefício, entendida em todos os seus aspectos. Além disso, a interpretação dos valores laboratoriais, das imagens e dos gráficos construídos pelos aparelhos será a adequada para cada paciente. Quem faz bons exames clínicos aguça o espírito crítico e não se esquece de que os laudos dos exames são apenas \"resultados de exames\" e nunca representam uma avaliação global do paciente. Na verdade, correlacionar com precisão os dados clínicos com os resultados dos exames complementares pode ser considerada a versão moderna de \"olho clínico\", segredo do sucesso dos bons médicos de ontem e de hoje, cuja essência é a capacidade de valorizar detalhes sem perder a visão de conjunto, ou seja, sem perder de vista a condição de pessoa do paciente em toda sua complexidade.

A relação médico-paciente, por sua vez, nasce e se desenvolve durante o exame clínico. É bom que se diga que sua qualidade depende do tempo e da atenção que se dedica à anamnese, tarefa que nenhum aparelho consegue realizar com a eficiência de uma boa entrevista. Aliás, os pacientes têm notado e proclamado que, quando se interpõe entre eles e o médico uma máquina, o médico pode ficar tão deslumbrado com ela que se esquece deles. Transferir para a máquina os cuidados e o carinho antes dedicados ao doente é uma tentação diretamente relacionada ao fascínio que equipamentos modernos exercem sobre muitos médicos, principalmente aqueles em início da carreira, quando as vivências da prática ainda não desenvolveram a capacidade crítica do profissional, única maneira de conhecer as possibilidades e as limitações dos exames complementares.

Precisa ficar claro que decisão diagnóstica não é o resultado de um ou de alguns exames complementares, por mais sofisticados que sejam. Tampouco é o simples somatório dos gráficos, imagens ou a quantificação de substâncias existentes no organismo. É um processo muito mais complexo porque utiliza todos esses elementos mas não se resume a eles. Numa decisão diagnóstica e no planejamento terapêutico, que é sua conseqüência prática e a que mais interessa ao paciente, é necessário levar em conta outros fatores, nem sempre aparentes ou quantificáveis. Somente o exame clínico tem flexibilidade e abrangência suficientes para se encontrarem as chaves que \"personalizam\" cada diagnóstico e cada proposta terapêutica. Convém nunca se esquecer de que ninguém nasce, ninguém vive, ninguém adoece, ninguém morre da mesma maneira em todos os lugares. É necessário lembrar, mais uma vez, que as doenças podem ser semelhantes, mas os doentes nunca são exatamente iguais.

O que parecia conflitante – o método clínico e os exames complementares – passa a exigir uma compreensão cada vez mais harmoniosa. Enquanto o método clínico caracteriza-se pela sua inigualável capacidade de ver o paciente como um todo, dando- lhe uma sensibilidade que nenhum outro método tem, os exames complementares vão adquirindo especificidade cada vez maior. A conclusão é óbvia: saber associá-los constitui o principal desafio da medicina moderna. Pode ser também o segredo do sucesso do médico.

Dizer que a medicina é uma ciência e uma arte não é uma afirmativa gratuita ou um pensamento saudosista. Tampouco representa um modo elegante de reagir aos avanços técnicos a que estamos assistindo.

O que faz a medicina tão diferente de outras profissões é esse lado não-racional, não-lógico, que nos obriga a ver além da célula lesada e do órgão alterado. O método clínico permite-nos penetrar neste mundo complexo, porque ele concilia o lado racional, que se alimenta dos conhecimentos científicos, com os outros aspectos ainda pouco conhecidos ou inteiramente desconhecidos da natureza humana, que se tornam ainda mais complexos quando há dor, sofrimento, risco de vida, medo da morte. Contudo pouco conhecer ou desconhecer não significa inexistir, nem justifica ignorar esse outro lado da prática médica. Aliás, é importante valorizá-lo porque nele podem estar os mistérios que fazem parte do estar saudável e do ficar doente. Pode estar aí a diferença entre o bom médico e o profissional medíocre.

O exame clínico, ao fazer esta fusão, rompe os limites da ciência cartesiana e positivista que circunscreve a medicina no âmbito das doenças e torna possível aceitar a presença do imponderável, sempre presente na medicina dos doentes.

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