Por Marina Melek
Para muitos dos leitores, pode parecer um tema meio antigo falar de diferença de ganhos entre os sexos. Muitos até podem achar que é um tema ultrapassado e que nossa sociedade já não remunera de maneira diferente homens e mulheres.
Muitos de nós, inclusive, rimos de piadas machistas ou de comentários sexistas porque realmente achamos que é só isso, que não passa de uma piada que já se encontra longe da realidade. Mas o que observamos, muitas vezes, não é bem assim.
Um artigo publicado no JAMA, em junho de 2012, mostra que esse tema ainda acontece e também atinge a área médica. O estudo, que foi realizado nos EUA, demonstrou diferenças significativas entre pesquisadores homens e pesquisadoras mulheres na área médica.
Para comparação, foram selecionados médicos com tempo semelhante de formação e experiência. Foram comparadas variáveis de sexo, idade, especialização, mestrado e doutorado, posição de chefia, número de publicações, horas de trabalho e tempo gasto na pesquisa, para garantir uma amostra satisfatoriamente homogênea para comparação.
Os resultados foram de que médicas pesquisadoras recebiam um salário em média 16% menor do que o dos homens, para realizar o mesmo trabalho.
Vejam bem, não estou aqui para pregar o feminismo, mas acredito que alguém que execute o mesmo trabalho, que tenha a mesma qualidade de formação e especialização, deveria receber quantias muito semelhantes, independente do sexo.
Porém, as diferenças entre homens e mulheres da área médica não são apenas na remuneração. Devemos admitir que ainda vivemos em uma sociedade repleta de conceitos machistas, o que faz com que, muitas vezes, médicas passem por situações desafiadoras e constrangedoras no dia-a-dia. Um exemplo é que, ainda hoje, vemos pacientes que não querem ser atendidos por mulheres.
Falo isso como alguém que já passou pela situação extremamente desagradável de ouvir de um paciente que não queria ser atendido por mulher médica, disse que queria um médico homem porque "homens são melhores". Objetivamente falando, posso ser tão boa quanto qualquer homem com a mesma experiência que eu e não gosto de ser julgada antes mesmo de dar o primeiro atendimento.
Em consultórios particulares, esse problema é menos importante porque o paciente escolheu o médico. Porém, isso se torna mais comum em unidades de saúde e pronto-socorro, onde o paciente não teve escolha.
Seja quanto à remuneração ou quanto ao preconceito que ainda sofremos, praticar a medicina ainda é um desafio para muitas mulheres.
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O artigo publicado no JAMA é de 2012, mas nos dias atuais essa realidade mudou?
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