A bioética é um tema que sempre me trouxe muita reflexão e complexidade, visto que abrange conceitos mistos das ciências sociais como os do Direito e das ciências biológicas com os da Biologia que é autoexplicativa quando se refere ao radical "bio" relativo à vida.
Nesse primeiro momento, temos, ao meu ver, o maior entrave, pois o conceito de vida biológica muitas vezes é simples para os termos científicos, porém bem mais profundo quando definido por outros conceitos ideológicos, culturais e religiosos presentes na sociedade, interferindo diretamente na formação da opinião dos indivíduos.
Em relação aos profissionais da saúde, que diariamente têm suas ações associadas com a vida ou morte das pessoas que cuidam, seus atos e procedimentos têm maior peso cultural e profissional, podendo, algumas vezes, ser interpretados como uma ação não bioética ou inadequada, mesmo estas tendo respaldo científico.
A diferente interpretação dos atos são, muitas vezes, carregadas de conceitos pré-determinados e por essa razão a concepção de dado ato ser bioético é tão desafiadora.
No âmbito da medicina, esse tema se torna ainda mais delicado, pois mesmo o ambiente sendo munido de protocolos e regras que trariam mais conforto e segurança às ações dos profissionais, ocorre a cobrança interior e social velada quanto às condutas dos médicos serem sempre impecáveis e agradáveis à sociedade em geral, o que em muitos casos não são possíveis, ficando o médico incumbido de agir em contrapartida às outras ideologias não científicas em detrimento do melhor ao seu paciente.
É sabido que para decidir por determinada ação são necessárias diversas reflexões, sobretudo, ao meu ver, no contexto médico, a responsabilidade e o cuidado. No que tange ao tema da bioética, alguns princípios que englobam o paciente se sobressaem, o médico tem como centro dessa relação a vida humana e sua qualidade e nesse ponto voltamos ao entrave da vida e como é complexo debater sobre as ações bioéticas quando consideramos todo o contexto biológico e social.
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