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Programa Mais Médicos - a grande farsa

Programa Mais Médicos - a grande farsa
Daniele Battaglini
nov. 14 - 5 min de leitura
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Mais Médicos: você sabe como funcionava o processo de seleção para a ocupação das vagas destinas ao programa Mais Médicos?
Confira o relato da médica Daniele Battaglini, publicado em 22/12/2017, aqui na Academia Médica:

 

Não é de hoje que se sabe tratar-se de um programa eleitoreiro, corrupto e injusto. As desculpas inventadas para a implementação do programa e contratação de pseudomédicos estrangeiros foram muitas: 

- “Faltam médicos no Brasil”: mesmo nosso país sendo o 2º do mundo a mais formar médicos
- “Os médicos brasileiros não querem trabalhar no interior”: mesmo possuindo médicos desempregados querendo ir para essas cidades
- “Os brasileiros não querem trabalhar no SUS”: mesmo sem considerar os motivos exatos para esse afastamento no nosso sistema público de saúde

Ou seja: o governo e a população sempre colocaram a culpa no médico brasileiro, mesmo que a culpa, de fato, seja do Estado e toda sua ineficiência, como em quase tudo que é público.

Então, além dessas desculpas esfarrapadas, quero expôr aqui a GRANDE FARSA que é esse programa, que faz de tudo para barrar BRASILEIROS COM CRM e colocar ESTRANGEIROS em seu lugar, causando desemprego no meio médico, trazendo profissionais duvidosos sem qualquer revalidação para atender nosso povo e, claro, no final mais uma vez colocar a culpa em nós: “os médicos brasileiros não se inscreveram no programa”.

Pois bem. É a segunda vez que me inscrevo no programa. E mais uma vez não fui selecionada.

A palhaçada já começa na inscrição: o edital foi publicado, sem nenhum aviso prévio, no dia 28/11/17, tendo as inscrições abertas no mesmo dia com duração de (pasmem) apenas 3 dias – encerrava-se no dia 30/11/17 às 18 horas. Durante a inscrição, várias dificuldades: erros de sistema, lentidão, sistema caindo, inscrição não finalizada etc. Já nessa fase, muitos não conseguiram se inscrever por falhas no sistema, que, segundo o edital, eles não se responsabilizam (!!!). Ao entrar em contato por telefone, lavam as mãos e apenas se limitam a dizer que tem que continuar tentando. Nessa etapa, o médico escolhe 4 cidades em ordem de preferência. Neste edital, tivemos 8 mil (8 MIL) MÉDICOS BRASILEIROS INSCRITOS para muito menos vagas que isto (mas não faltavam médicos no Brasil?). A regra do programa, supostamente, sempre foi: estrangeiros só serão chamados se não houver brasileiros para ocupar as vagas. Mas não é isso que acontece!

Depois disso, vem a fase de seleção. Os critérios são extremamente bizarros: basicamente pontua quem tem residência ou especialização em Medicina de Família e Comunidade (até aí tudo bem), seguido por experiência prévia de 40 horas semanais em posto de saúde, seguida de participação como bolsista em projetos do SUS durante a faculdade. O desempate se dá por idade e por horário de inscrição!! Ou seja, recém formados têm praticamente ZERO chance de serem chamados (já que não possuem especializações nem experiência profissional).

Hoje, 15/12/17, saiu o resultado: consegui pontuar com participação no PET-Saúde durante a faculdade. Inscrevi-me para 4 cidades (máximo permitido). Não fui chamada em nenhuma delas (3 delas são cidades do interior). Fiquei em 4º lugar na minha primeira opção. Beleza. Aí você pensa: ok, quem sabe os primeiros desistem e você é chamada, certo? ERRADO. Lembram que eu disse que eles fazem de tudo para barrar brasileiros? Pois então, segundo o edital, caso o primeiro classificado não assuma a vaga, ela NÃO é reaberta para os próximos médicos classificados (médicos estes que possuem CRM): ela é aberta para novas fases do edital que contemplam: brasileiros sem CRM e, após, estrangeiros sem CRM.

Edital: 
7.1.4 Caso o candidato alocado não tenha a vaga validada e homologada, nos termos do Edital o candidato classificado posteriormente na ordem de pontuação não terá direito à vaga.
7.1.4.1 No caso do subitem 7.1.4, a vaga será disponibilizada para a próxima fase, ou, se.tratando de última fase, para o próximo edital, a critério da SGTES/MS.MS.

Ou seja: QUERO e POSSO assumir as vagas para as quais me inscrevi, porém sou IMPEDIDA de ser chamada, mesmo a vaga não tendo sido ocupada e vão botar estrangeiro no lugar! Mas afinal, não era para chamar estrangeiros apenas se não houvesse brasileiros interessados? Ah é, esqueci, o propósito do programa nunca foi ocupar as vagas com médicos brasileiros, nunca foi melhorar a saúde pública, nunca foi dar assistência ao povo brasileiro. Na verdade, o objetivo sempre foi claro: trazer mais e mais cubanos para desviar verbas, afinal, apenas 1/3 (ou menos) do salário fica para o profissional cubano: o restante vai para a ditadura cubana!

E assim, os médicos brasileiros permanecem desempregados e levando a culpa por tudo que acontece de ruim no SUS.

Dra. Daniele C. S. Battaglini 
CRM-SC 22.232


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