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Protocolo Spikes

Protocolo Spikes
Sandra Lúcia Nascimento
fev. 26 - 4 min de leitura
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"O objetivo do Protocolo Spikes é estruturar uma forma de revelação de más notícias que auxilie os profissionais de saúde a transmiti-las de forma simples, clara e empática."

Transmitir más notícias é um processo complexo em qualquer situação. Informar sobre doenças crônicas ou incuráveis é sempre uma situação delicada. O médico, a família e a própria sociedade têm a ilusão de que os avanços da medicina podem curar a todos, o que nem sempre acontece.

Sentimentos de culpa e frustração são comuns tanto nos médicos como nos familiares nessa situação. Os médicos também se sentem incomodados e têm dificuldade de lidar com os diversos sentimentos e as mais variadas reações que podem ocorrer quando más notícias são dadas aos pacientes e seus familiares.

Reações como choque, raiva, medo, negação, culpa, tristeza e eventualmente até agressividade, demandam um suporte emocional por parte do profissional, que muitas vezes não está preparado para isso. Pesquisas realizadas com estudantes de medicina e médicos descrevem desconforto, medo e ansiedade ao comunicar más notícias.

Há um consenso sobre a necessidade de maior treinamento nesta área. Muitas vezes, após conversar com o paciente e a família, o médico se sente frustrado por não ter conseguido comunicar-se de forma correta. Devido ao despreparo com a transmissão de notícias ruins, muitos médicos podem prejudicar o paciente, por exemplo, atrasando a discussão de um prognóstico reservado até que seja solicitado pela família, gerando estresse e ansiedade para ambos.

Existe ainda, por parte do médico, a dificuldade em expressar os seus próprios sentimentos. Muitos médicos confundem envolvimento e empatia com falta de limite profissional, o que dificulta a comunicação com os familiares, pois os sentimentos são vistos como falha. Demonstrar sentimentos em determinadas situações não é errado, e sim, considerado muito adequado.

Geralmente os médicos apresentam altos níveis de estresse, ansiedade e depressão devido a diferentes fatores. Médicos que apresentam sinais de fadiga emocional podem não ter o envolvimento necessário com os cuidados do paciente. Pesquisas associam altos níveis de estresse com a diminuição da capacidade de comunicação e uma tendência a dar menos explicações aos pacientes. Os médicos identificam muito mais facilmente esses sintomas nos colegas do que neles próprios.

A falta de treinamento em habilidades de comunicação também parece estar associada ao aparecimento de burnout. Sentimentos positivos do médico em relação a si mesmo são associados com maior abertura para discutir as queixas do paciente e mais atenção com os aspectos psicossociais.

Muito tem sido estudado sobre como melhorar a comunicação entre médico e paciente/família. Sabe-se que existem vários problemas de comunicação e que a má comunicação pode deixar marcas por longo tempo em quem recebeu a notícia. Para os próprios médicos, as dificuldades de comunicação podem ser um gerador de estresse, com prejuízo para si mesmo e para o atendimento dos pacientes. Por outro lado, está demonstrado que os médicos podem adquirir conhecimento e melhorar suas habilidades nesta área, necessitando de treinamento adequado.

Para facilitar a transmissão de más notícias foi criado o Protocolo SPIKES, cujos principais componentes incluem a manifestação de empatia, reconhecendo os sentimentos do paciente, explorando sua compreensão e aceitação, bem como fornecendo informações sobre possíveis intervenções.

O objetivo do protocolo é estruturar uma forma de revelação de más notícias que auxilie os profissionais de saúde a transmiti-las de forma simples, clara e empática.


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