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Desistir ou não da Residência?

Desistir ou não da Residência?
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jul. 5 - 5 min de leitura
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Em tempos difíceis e incertos, como os que temos enfrentado neste ano de 2020, questões pessoais e profissionais acabam surgindo e colocando a prova nossa ideia de futuro.

Para aqueles que estão cursando uma residência médica as dúvidas são imensas, pelo baixo fluxo, pelas propostas de trabalho mais rentáveis, pela hierarquia médica, pelo descontentamento geral.

O que fazer?

repostagem autorizada de Solon Maia - Meus Nervos - originalmente postada em 16/10/2019

Acordei neste domingo com um e-mail que me sensibilizou…

O drama de um médico que acabou de ingressar na residência. Não está satisfeito e não sabe o que fazer. Passei por isso e acredito que muitos outros colegas também.

Respondi o e-mail e resolvi compartilhar com vocês, para que a questão seja levantada, discutida, e também porque talvez ajude outras pessoas que estejam passando pelo mesmo problema, nem que seja para verem que não estão sozinhas… O drama da residência é comum à grande maioria dos médicos. Só quem está dentro ou que já passou por isso é que sabe o quanto é difícil.

 E-mail do estimado R1 de Ortopedia:

“Boa noite. Tudo bem?

                Vi recentemente uma postagem sua que retratou exatamente o que estou passando. Estou iniciando meu segundo mês de residência medica em ortopedia e não  é nada do que eu esperava. Porem, hoje vivo com um agravante, que é a falta de oportunidades para médicos na atenção primária. Estou correndo o risco de largar a residência e ficar desempregado!

                A carga de serviço é extenuante, os preceptores são uns “animais” e, para completar, o tema não esta me seduzindo nem um pouco. Como você já passou por essa situação, será que me sugere algo? Algum conselho? Alguma consideração a fazer? Estou perdido!

Obrigado pela atenção.

R1 de Ortopedia.”

Minha resposta:

Olá, colega!  

Obrigado pela confiança ao se expor e pedir meus conselhos, mas saiba que talvez eu não seja a melhor pessoa para isso… Sou exageradamente revoltado com o esquema que vigora na maioria das residências médicas, a “mera tocação de serviço”, e mais revoltado ainda com o bullying praticado pelos “colegas” que estão a mais tempo na residência… De qualquer forma, vamos lá!

Tentarei ser racional para te dar essa resposta… Então, aí vão alguns pontos que você deve levar em consideração:

  •  Está cada vez mais difícil passar na prova de residência! Largar e ficar desempregado é menor dos problemas… O complicado mesmo é conseguir seguir adiante e passar novamente!
  • Quanto mais você demora a passar, mais difícil vai ficando! Inevitavelmente elevará seu padrão de vida, terá que trabalhar mais, e passará a ter que conciliar trabalho com estudo… Quanto mais o tempo passar, maior será sua desvantagem em relação à turma nova que está saindo da faculdade. É preciso muita disciplina pra estudar de forma correta anos depois de formado.
  • O mercado de trabalho em medicina está se saturando exponencialmente; explodiram milhares de vagas de faculdades meia-boca e ainda é só o começo. Residência agora é mais importante que nunca!
  • Quanto mais demora para ingressar, mais difícil será aguentar a residência. Você já terá certa idade e experiência; não será fácil engolir sapos, acatar ordens absurdas, levar a culpa por coisas que não fez, etc. Vivo isso atualmente; é bastante complicado. Quanto mais cedo você passar por isso, melhor.
  • Você tem que identificar se o seu problema é com a especialidade, ou se é com o modo que funciona sua residência. 
  • Por mais que você ame a especialidade escolhida, se for apenas “tocação de serviço”, com carga horária realmente exagerada, sendo constantemente humilhado, destratado, desrespeitado, talvez não valha a pena.
  • Residências de especialidades cirúrgicas (ortopedia, cirurgia, otorrino e ginecologia e obstetrícia) são realmente mais puxadas. Dificilmente 60h semanais serão suficientes para que aprenda a lidar com ambulatório, enfermarias e centro-cirúrgico. Se você escolheu uma dessas, terá que estar ciente de que não será nada fácil.  
  • Os primeiros meses sãos os piores. São tipo um teste ou período de adaptação que os idiotas fazem com você. Após certo tempo você se adapta, ganha certo respeito, e os imbecis se cansam, te deixando mais quieto, desde que você faça seu serviço.

Após todas essas considerações, eis os meus conselho:

- Se você não gosta da especialidade escolhida, desista! Tem que fazer o que gosta!

- Se a residência é ruim, desista! Se ferrar durante anos para ter uma má formação não compensa!

- Se a especialidade é realmente a que você quer, se a residência é boa, e o problema é apenas com os residentes mais antigos e da grosseria dos preceptores, continue firme! Não permita que esses imbecis atrapalhem sua vida!

 Espero ter ajudado… Sucesso, cara!

Um grande abraço! 

 


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