Médicos tem de saber lidar com pacientes experts
Muitos médicos viram seus olhos quando pacientes falam que buscaram seus sintomas na internet a partir do Google. Eles podem também aparecer com uma folha impressa de uma página, ou vir com uma pesquisa sobre sua patologia. Esses são os pacientes experts.
Esse trecho, feito por Zachary Meisel na TIME.com pode descrever uma cena já vista por alguns de nós:
O interno ao passar o caso, o faz "virando os olhos":
- o paciente do leito 3 encontrou sangue vivo no sanitário essa manhã e vêm à consulta com uma pilha de impressos da internet listando todas as coisas que ela deve ter.
- Eu acho que ela deve ter hemorroidas - continuou o interno
- Mais um caso de cybercondria - acrescentou o residente
Devemos ressaltar que, as vezes, os pacientes aparecem com informações corretas, e a postura que você assume a partir disso definirá o bom andamento do caso ou não.
É hora de parar de debater se o paciente deve ou não procurar seus sintomas. Isso acontece diariamente e não irá parar. Podemos dizer que a classe médica pode ser melhor servida se puder lidar com essa nova realidade
De acordo com a Pew Internet e American Life Project, 69% dos pacientes procuram na web informações sobre saúde. Essa pesquisa data de Janeiro de 2013. Mais da metade dos adultos que usam internet nos EUA procuraram informações de saúde para si ou para outros e apenas 35% procurou um médico para elucidar sua condição. Impressionam esses números não? Americanos estão se auto-diagnosticando com mais frequência do que indo ao médico para tal. Não se pode afirmar, porém, que o estejam acertando no diagnóstico.
Informações sobre saúde online são, talvez, a nova fronteira a ser desbravada, pois algumas informações duvidosas acabam sendo melhor rankeadas no Google do que informações provindas de instituições com uma reputação a zelar.
É função do médico guiar seus pacientes para sites que tenha informações idôneas, revisadas por pares e baseada em evidências. Para tentar guiar isso, já publicamos aqui no academia um artigo sobre o assunto chamado "Trabalhando com o Dr. Google", no qual falo sobre a "Prescrição da informação"
No futuro médicos e profissionais da saúde terão que abandonar a ideia de que a informação aberta a todos na internet dificulta o tratamento de pacientes. A hipocrisia que aparece com o "virar de olhos" e com a rotulação de pacientes de cybercondríacos ainda será um problema, principalmente se médicos continuarem atendendo seus pacientes com a crença de que pacientes precisam sempre ser desenganados de informações sensacionalistas pegadas na internet. Continue a pensar dessa forma e veja o início do seu declínio profissional.
Ir para a rede e descobrir quais são os sites que possuem informação de qualidade para poder indicar ao paciente é responsabilidade do médico. Ao praticar isso você vera um maior empoderamento do paciente e, consequentemente, uma melhor resposta ao tratamento.
Vá online e procure as informações que seus pacientes procuram."Google it"
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Fontes: Kevin Md, Academia Médica
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