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10 dicas para médicos não serem enganados  por vendedores

10 dicas para médicos não serem enganados  por vendedores
Henri Hajime Sato
ago. 22 - 10 min de leitura
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  • Disclaimer: Declaro para fins de conhecimento do leitor que não fui patrocinado por nenhuma das empresas mencionadas ou deixo implícito qualquer benefício de oposição comercial ou similar.

Graças a  Internet, os algoritmos de redes sociais e o boom do número de médicos registrados no Brasil, as empresas e prestadores de serviços encontraram uma oportunidade de nicho de mercado e criou-se um ramo muito comum de  “produtos para médicos”. Dentre esse produtos, encontramos desde cursos fora do âmbito médico, academia, clubes de investimentos, viagens, desconto na compra de serviços e até mesmo desconto em casas noturnas.

Porém, nem tudo é perfeito e justo. Partindo-se do princípio do mito “médico ganha bem”, muitos produtos e serviços podem ser oferecidos de forma incorreta, descontos falsos (o famoso “desconto de metade do dobro”) e serviços ruins se aproveitando da ingenuidade do médico na área e até mesmo por ser médico o preço final com desconto fica mais caro que para a população em geral.

Mais uma coisa que a faculdade não ensina e deveria: Planejamento financeiro.

Então trouxe dicas de como não cair em ciladas de promoções falsas para médicos e para economizar uns trocados e privilegiar bons serviços.


1ª dica -> Nunca use a ''carteirada'' como primeiro recurso - e se possível, use como o último: 

O benefício da dúvida e da incerteza sempre coloca o jogo a favor do cliente frente ao vendedor. Tanto que os melhores vendedores tem um olhar clínico para decifrar o cliente tão bom que daria inveja a muito médico. Se apresentar como um cidadão comum e explorar descontos comuns e acumular depois para o fato de ser médico é muito mais inteligente. Lembre que existe o velho preconceito “médico ganha bem” vamos aproveitar dessa situação e ter a discrição de um membro de elite intelectual na sociedade.


2ª dica -> Nunca feche um negócio ou um acordo de primeira ou de forma impulsiva:

Por mais tentador que seja o vendedor, o médico tem a obrigação moral de não cair no mesmo. Se nem muitas vezes confiamos no paciente, colega ou o gestor, iremos cair como pessoas no “papo de vendedor”?
Existem vendedores treinados para convencer um médico a comprar dele. Mas tenha sapiência e explore as alternativas disponíveis. Não é incomum com vendedores de serviços e contratos, tentar apressar o fechamento ou até as vezes apelar para o emocional.
Cirurgias eletivas com preparo e noção de campo cirúrgico e anestésico são mais seguras que aquelas decisões cirúrgicas de última hora sem nenhum conhecimento de campo, na vida cotidiana não é diferente.


3ª dica -> Leia o contrato:

Advogados não decoram as  leis, modelos de contrato e códigos de forma literal, mas sabem como procurar e principalmente como ler as leis, os modelos de contrato e os códigos para aplicação no processo jurídico. Nós médicos não somos muito diferentes com bulas, guias e protocolos de conduta. Nunca assine algo sem ler tudo antes ou não saber o que está lendo, não é de graça que pedem para você rubricar todas as páginas de um contrato: é a prova que você leu mesmo só passado o olho. Se você tem dúvida, circule e pergunte. É também  uma prova clara de testar a índole do fornecedor de serviço, se ainda tem mais dúvidas peça para ler o contrato em casa com calma e se por acaso persistir dúvidas, procure um contador ou um advogado de confiança. Se forem te apressar, siga a dica número 2 e encare como uma possível cilada. Leve uma cópia do contrato com você, não se sabe se alguém pode “perder o contrato original”.


4ª dica -> Pesquise outros serviços e locais:

Uma das coisas boas do livre mercado é a concorrência, muitas vezes um produto pode ter um “desconto atrativo para médicos”, mas o concorrente sem esse desconto oferece por um preço menor ou uma qualidade melhor. Segunda opinião não é válido somente na relação médico/paciente, no mundo dos negócios isso salva muito dinheiro de negócios ruins.
Existem aplicativos e sites de confiança que fazem essa comparação de forma gratuita, como o Buscapé, Google, o mercado livre para compras, o Banco original, Sofisa e o Warren para renda. Inclusive muitos sites oferecem negociação direta com o cliente. Compensa analisar fatores de lucro, preço, frete e desconto conforme necessidade.


5ª dica -> atente se o “desconto” do seu clube de serviço não foi compensado na filiação do mesmo:

Não é incomum você ver “afiliações para médicos” que dão descontos. Mas se colocar os valores na ponta do lápis com taxas de afiliações, você pode estar pagando o desconto ou pior: pagando mais que o valor original.
A exemplo disso algumas classes de medicações são ofertadas como mais baratas, mas se contarmos os gastos com sintomáticos para efeitos colaterais, ela fica mais cara que outras medicações ditas mais caras com o mesmo resultado terapêutico e que não produzem ou produzem menos  efeitos colaterais.
Compensa muito mais negociar direto com o prestador que colocar sua carteirinha de “associação médica” ou se filiar de primeira.
Um fato importante, se houver a obrigação de afiliação ou até mesmo a necessidade de compra de outro produto pode configurar venda casada que além de proibido do código de defesa do consumidor geralmente não produz bons descontos.


6ª dica -> use sempre a calculadora e anote no papel:

Quando fechar um orçamento com tanta porcentagem, descontos, condicionais é fácil se confundir. Médicos que usam cálculos como pediatras, profissionais de UTI, endocrinologistas e anestesistas usam calculadoras e anotam em rascunhos para não se perder em conduta.  
Por que você médico acha que na vida pessoal seria diferente? Até o Smartphone tem a calculadora e o bloco de notas mais básicos do mundo. Compensa também a reflexão de evitar o ímpeto de compra para observar a necessidade do gasto. Faça contas, pontue o que não entendeu, você está colocando seu dinheiro suado e seu tempo de plantão em cima.


7ª dica -> veja se realmente você precisa deste serviço e tem dinheiro para pagar por ele:

Parece bem básico, mas essa é uma das primeiras perguntas de organização financeira que é feita. Eu preciso disso e tenho dinheiro para comprar? Compensa analisar se esse desconto para médicos é útil.

Para exemplificar: Em um dia comum o algoritmo de uma rede social me direcionou para comprar um carro importado novo dando 20% de desconto para médicos. Eu, em início de carreira, mesmo se o desconto fosse bom, nunca pensaria em gastar meu dinheiro com um carro que irá me trazer gastos desnecessários na compra e na manutenção. Se tenho um carro médio que me traz pouco gasto ou até mesmo dependendo do local de destino deixo o carro  em casa e uso um Uber para me deslocar. O gasto de um produto que você não pode comprar vai ao desperdício de dinheiro. Já vi muitos colegas se encherem em dívidas por seguirem esse “desconto”, fazendo plantões infindáveis para sustentar um status que não existe.

Muitas vezes compensa seguir a dica do Julius "Se eu não comprar nada o desconto será ainda maior


8ª dica -> Cuidado com parcelamentos:

O parcelamento é uma excelente ferramenta para comprar produtos e serviços mais caros e necessários, porém deve-se atentar ao número de parcelas, número de compras parceladas e principalmente o “parcelamento para médicos”, famosos em consórcios. Muitas vezes compensa comprar a vista ou com entrada mais gorda, financiar sem essa carteirada ou até mesmo pagar com juros para pessoas normais.  Vou deixar aqui  um link para uma crítica pesada e bem construtiva sobre os parcelamentos de consórcios. 


9ª dica -> Verifique a origem do prestador:

Saber quem está oferecendo, se o serviço é honesto e bom são essenciais. Se uma boa cirurgia exige bons equipamentos e de boa procedência, na vida não é diferente.
Uma dica de inteligência empresarial de serviços para médicos são mais confiáveis se esses são feitos por médicos, primeiro pela inteligência de marketing, segundo pela (pouca mas existente) cooperação entre colegas e terceiro pela adaptação ao meio.
Um exemplo positivo desses serviços e o mais recente são as aulas e o clube de investimento com médico Francinaldo Gomes em parceria do academia médica que adaptou a dinâmica  do mercado financeiro a sua vida de médico e vende a sua fórmula que o levou ao sucesso em finanças para os médicos. Outro exemplo de sucesso vindo com a filosofia  “de médicos para médicos” é o app Whitebook para conduta médica.


10ª Última e mais importante dica -> Você pode e deve se mimar um pouco as vezes.

A vida não é feita somente de boletos e economias infindáveis, você é médico, de fato não ganha rios de dinheiro, mas na estatística ganha um pouco mais que a maioria. Você pode comprar coisas legais, satisfazer suas excentricidades desde que não entre em falência e autodestruição no processo.

Moderação é importante na conduta médica e na vida financeira.

Dinheiro é um dos fatores de risco para o stress se mal administrado, inclusive como mencionei acima, se você tem alguma dúvida ou quer saber mais, além do bom e velho Google, compensa conversar com seu gerente do banco, seu contador e inclusive a Academia Médica oferece a um bom preço um curso confiável sobre finanças para médicos.

Todo cuidado é pouco. Inclusive não é de graça que empresas contratem médicos e treinem pessoas  para divulgar seus produtos seja dentro do ato médico ou fora dele.


O Médico é, para o mercado, ''muito lucrativo'' que aliado à falta do mesmo em preparo para lidar com o cotidiano acabam resultando em serviços caros, ruins e muitas vezes desonestos.

Conhecer é essencial para separar o joio do trigo e achar a oportunidade de ouro.

Tem mais algum pulo do gato para oferecer? Conte para gente nos comentários.


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