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3 funções de um sistema de saúde

3 funções de um sistema de saúde
Scarlett D'Avila
mar. 14 - 5 min de leitura
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3 funções de um sistema de saúde

Antes de pensarmos qualquer sistema de saúde, é importante diferenciarmos sistema de saúde de sistema de assistência em saúde.

O sistema de saúde é considerado mais abrangente e tem como alguns de seus componentes não apenas a estrutura dedicada à assistência em saúde propriamente dita, mas também outros aspectos complementares que contribuem para resultados nos níveis de saúde da população, tais como acesso a alimentação de qualidade, saneamento básico etc. Com isso, fica mais fácil entender as 3 funções de um sistema de saúde então delimitadas por órgãos como a Organização Mundial de Saúde. São elas:

1) Melhorar a saúde da população:

Pensando em saúde como mais que apenas a ausência de doenças, mas também “bem estar físico, mental e social” (OMS), pode-se pensar em diferentes abordagens. Medicina preventiva e intervenções sociais assim como otimização de recursos na assistência emergencial, por exemplo, são incluídos em diferentes proporções nos sistemas de saúde ao redor do mundo e, com isso, diferentes países apresentam soluções distintas para o mesmo problema. Cabe aos políticos e gestores da saúde analisarem o que seria mais adequado para cada país, uma vez que prova-se muitas vezes ineficiente simplesmente importar políticas de saúde pública pelo risco de se desconsiderar as peculiaridades e já presentes vantagens e desvantagens práticas de cada país.

2) Melhorar a experiência do paciente durante a assistência em saúde em termos de qualidade e níveis de satisfação:

Quanto à experiência do paciente, pode ser considerado difícil aplacar algo considerado subjetivo de forma objetiva como requerem processos de mudança de políticas públicas. De qualquer forma, é interessante ressaltar que, para alguns povos - como no caso dos britânicos - o paciente pode ser mandado pra casa após procurar uma sala de emergência e ainda considerar que foi bem tratado em termos de assistência uma vez que em geral acredita no sistema de triagem médica.

Em outros sistemas, como na China, Estados Unidos ou até muitas vezes no Brasil, o paciente pode considerar sua exclusão do atendimento hospitalar pela triagem uma negação por parte do Estado e do profissional de saúde de lhe oferecer cuidado médico e, com isso, obtêm-se baixos níveis de satisfação pela mesma intervenção médica, o que nos mostra o quanto cada sistema de saúde está intrinsecamente ligado ao país em que está inserido, sua cultura e, principalmente, à confiança da população nos serviços públicos a que tem acesso.

3) Prover proteção financeira à população contra os custos de problemas de saúde:

Dado os altos níveis de falência financeira por custos de assistência médica em alguns países, como nos Estados Unidos, por exemplo, a proteção financeira se tornou um importante pilar de um sistema de saúde de qualidade. Ao mesmo tempo, a fim de solucionar esse problema, alguns países decidem banir a medicina privada para serviços já oferecidos pelo governo, como no caso do Canadá, de forma que o paciente que queira buscar outra alternativa, mesmo assumindo o ônus financeiro, teria que sair do país para fazê-lo, o que é considerado um atentado ao livre arbítrio e ao livre comércio por defensores do liberalismo.

Brasil. No caso brasileiro, ainda há muitos entraves vistos em diferentes proporções em todo o país como a falta de insumos básicos e práticas de corrupção com dinheiro público que seria destinado ao sistema de saúde. A preocupação com a experiência do paciente durante a assistência médica, de fato, não é tão presente. No entanto, o sistema de saúde brasileiro apresenta estratégias que objetivam prevenir falência financeira por motivação de doença, uma vez que muitas medicações de doenças prevalentes, como hipertensão e diabetes, são oferecidas gratuitamente pelo governo e tratamentos caros como transplantes, tratamentos oncológicos, cirurgias e atendimento em unidades intensivas não contam com taxas extras nem taxas de copagamentos, não é verdade?

No entanto, como vimos desde o início, um sistema de saúde não é apenas uma luta contra a doença. Assim, quanto ao ônus da falta de acesso a uma alimentação de qualidade, a saneamento básico, da falta de educação pública que leve a população a receber melhores salários e, com isso, ter em suas vidas componentes que as protejam de fatores de risco à saúde; estaria o povo brasileiro coberto?

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