A enxaqueca, que afeta significativamente crianças e adolescentes, é o foco de uma recente Network Meta-Analysis publicada na JAMA Network Open em 10 de outubro de 2024. Este estudo é uma das maiores análises realizadas até o momento sobre o tratamento preventivo da enxaqueca na infância e adolescência e traz insights sobre a eficácia, segurança e aceitabilidade dos tratamentos farmacológicos.
A enxaqueca é uma das principais desordens neurológicas na infância e adolescência, com uma prevalência estimada em 11%. Este distúrbio além de prejudicar a qualidade de vida, também causa um prejuízo no desempenho acadêmico, podendo aumentar o risco para transtornos psicológicos, como depressão e ansiedade.
Estratégias de Tratamento Avaliadas
O tratamento da enxaqueca envolve geralmente duas abordagens: medicamentos para alívio imediato e tratamento profilático para prevenir futuros episódios. Entre os tratamentos preventivos, a pesquisa destacou a eficácia de várias medicações em comparação com placebo:
- Pregabalina e topiramato, com ou sem suplementação de vitamina D3, mostraram uma redução significativa na frequência das enxaquecas.
- Flunarizina, levetiracetam, riboflavina, amitriptilina e cinarizina também foram eficazes na redução da frequência das enxaquecas, embora os resultados para cinarizina tenham sido mais impressionantes quando combinados com propranolol.
Ainda assim, é importante notar que nenhum dos tratamentos melhorou significativamente a qualidade de vida ou reduziu a duração dos episódios de enxaqueca, o que destaca a necessidade de pesquisas adicionais para explorar abordagens terapêuticas mais abrangentes.
🟦 A figura ilustra como diferentes tratamentos se associam a uma taxa de resposta igual ou superior a 50% na redução da frequência das enxaquecas, destacando os métodos mais eficazes em nosso estudo:
Fonte: Kohandel Gargari O, Aghajanian S, Togha M, et al., 2024. JAMA
A análise incluiu um grande número de estudos, aumentando a robustez e generalização dos resultados. Além disso, o estudo aplicou uma abordagem metodológica rigorosa, separando variáveis categóricas e contínuas em suas análises de tamanho de efeito, e utilizou a meta-regressão para avaliar a influência das características de base nos resultados do tratamento.
Os autores recomendam a realização de ensaios clínicos randomizados e controlados por placebo sobre várias medicações, incluindo levetiracetam, cinarizina e flunarizina. Além disso, destacam a importância da investigação adicional sobre terapias combinadas, especialmente aquelas que envolvem suplementos como vitamina D3 e riboflavina.
🟦 Esta figura demonstra a associação entre os tratamentos analisados e a intensidade da dor de cabeça, revelando quais terapias contribuem significativamente para a diminuição da severidade das enxaquecas:
Fonte: Kohandel Gargari O, Aghajanian S, Togha M, et al., 2024. JAMA
A pesquisa também reforça o potencial das terapias combinadas e ressalta a importância de testes clínicos mais amplos para confirmar esses achados e explorar novas estratégias para melhorar o cuidado no manejo da enxaqueca em crianças e adolescentes.
Para mais informações sobre esta pesquisa disponibilizamos o estudo completo aqui.
Referência:
Kohandel Gargari O, Aghajanian S, Togha M, et al. Preventive Medications in Pediatric Migraine: A Network Meta-Analysis. JAMA Netw Open. 2024;7(10):e2438666. doi:10.1001/jamanetworkopen.2024.38666