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A busca pela excelência

A busca pela excelência
Hélio Angotti Neto
out. 30 - 5 min de leitura
010

Repost de agosto de 2018

V - Compete ao médico aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do progresso científico em benefício do paciente.

Há um princípio (aprimorar-se) prescrito por meio de uma atitude (melhor uso do progresso científico) em prol de uma causa (benefício do paciente).

A atualização constante é obrigação do profissional, cabendo a ele comprovar sua constante busca por conhecimentos caso seja questionado.[1] O Conselho Federal de Medicina alerta que:

O artigo 5º do CEM configura um dever do médico, qual seja aprimorar seus conhecimentos em benefício do paciente; exorta-o a estudar e instruir-se para servir melhor ao beneficiário. Configura um dever e constitui uma recomendação ao profissional para que busque renovar e aprimorar técnicas ou conhecimentos, quer seja mediante curso, congresso, simpósio ou leitura de livros e periódicos.[2]

Deixar de atualizar-se é negligência, que pode levar ao erro por imperícia.[3]

A caracterização desse erro necessita, além da demonstração do dano e do nexo causal, a demonstração de que uma conduta contrária às regras vigentes adotadas pela prudência e pelos cuidados habituais foi realizada, assim como é necessário demonstrar que o dano causado seria evitado caso outro profissional atuasse nas mesmas condições e circunstâncias.[4]

Há meios oficiais de comprovação da atualização, como o credenciamento de pontos a serem acreditados pelas associações de especialidades junto ao Conselho Federal de Medicina e à Associação Médica Brasileira. Outros modelos consistiriam, por exemplo, em provas periódicas.

A importância de adquirir uma boa formação com sólidas bases de conhecimento para prosseguir avançando ao longo da vida é uma antiga lição.

II. Aqueles treinados na arte médica por longo tempo têm seus meios à disposição, e descobriram tanto um princípio quanto um método, por meio dos quais as descobertas feitas ao longo de muito tempo são muitas e excelentes. E novas descobertas serão feitas se o inquiridor for competente, se conduzir suas pesquisas sobre o conhecimento já adquirido, tomando-os como ponto de partida. Mas qualquer um que deseja inquirir de forma alternativa ou seguindo outra orientação, deixando de lado e rejeitando tais meios, e afirma que encontrou algo, é e foi vítima do engano. Sua afirmação é impossível; e as causas dessa impossibilidade eu me esforçarei para expor por uma declaração e exposição do que a Arte é.[5]

O médico escuta desde novo que medicina não é e nem será fácil. É necessária uma boa inclinação à vida intelectual.

XVI. Considero uma importante parte da medicina a capacidade de estudar corretamente o que foi escrito. Penso que aquele que aprendeu e usa tais habilidades não cometerá grandes erros ao exercer a arte. Aprender de forma precisa cada compleição das estações assim como a doença, qual o elemento comum na compleição ou na doença que é bom, qual elemento é mau, qual doença é crônica e fatal, qual é crônica e pode terminar em remissão, qual doença aguda é fatal e qual acaba em remissão são coisas necessárias. Com esse conhecimento é fácil examinar o padrão nos momentos críticos e, deles, prognosticar. Quem tem conhecimento disso tudo pode saber quem deve ser tratado, assim como o tempo e o método para o tratamento.[6]

Muitas vezes algum médico poderá ficar tentado a delegar sua responsabilidade – elemento intransferível de seus atos – com a desculpa de que alguma situação é muito complexa e que o seu estudo não foi adequado. Tal desculpa não é uma possibilidade, e não cabe ao paciente arcar com a consequência da falta de estudos de determinado médico. O paciente, muito justamente, espera o que há de melhor, incluindo um médico bom, preocupado, atualizado, inteligente e habilidoso.

 


[1]FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal 10ª Edição. Rio de Janeiro: GEN Guanabara-Koogan, 2015. P. 567.

[2]CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Parecer Consulta 09/1995. Brasília, DF: Conselho Federal de Medicina, 1995. Internet, http://www.portalmedico.org.br/pareceres/CFM/1995/5_1995.htm

[3]DANTAS, Eduardo; COLTRI, Marcos, op. cit., p. 15-16.

[4]FRANÇA, Genival Veloso de. Comentários ao Código de Ética Médica 6ª edição. Rio de Janeiro, RJ: GEN Guanabara-Koogan, 2010, p. 20.

[5]HIPPOCRATES. Ancient Medicine. Airs, Waters, Places. Epidemics 1 and 3. The Oath. Precepts. Nutriment. Translated by W. H. S. Jones. Loeb Classical Library 147. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1923, p. 14-15. II. Ἰητρικῇδὲπάλαιπάνταὑπάρχει, καὶἀρχὴκαὶὁδὸςεὑρημένη, καθ᾿ἣντὰεὑρημέναπολλάτεκαὶκαλῶςἔχονταεὕρηταιἐνπολλῷχρόνῳ, καὶτὰλοιπὰεὑρεθήσεται, ἤντιςἱκανόςτεἐὼνκαὶτὰεὑρημέναεἰδὼςἐκτούτωνὁρμώμενοςζητῇ. ὅστιςδὲταῦταἀποβαλὼνκαὶἀποδοκιμάσαςπάντα, ἑτέρῃὁδῷκαὶἑτέρῳσχήματιἐπιχειρεῖζητεῖν, καίφησίτιἐξευρηκέναι, ἐξηπάτηταικαὶἐξαπατᾶται·ἀδύνατονγάρ·δι᾿ἃςδὲἀνάγκαςἀδύνατον, ἐγὼπειρήσομαιἐπιδεῖξαι, λέγωνκαὶἐπιδεικνύωντὴντέχνηνὅτιἐστίν. ἐκδὲτούτουκαταφανὲςἔσταιἀδύναταἐόνταἄλλωςπωςτούτωνεὑρίσκεσθαι.

[6]HIPPOCRATES. Ancient Medicine. Airs, Waters, Places. Epidemics 1 and 3. The Oath. Precepts. Nutriment.Translated by W. H. S. Jones. Loeb Classical Library 147. Cambridge, MA: Harv

ard University Press, 1923, p.256-257. XVI. Μέγαδὲμέροςἡγεῦμαιτῆςτέχνηςεἶναιτὸδύνασθαισκοπεῖνκαὶπερὶτῶνγεγραμμένωνὀρθῶς. ὁγὰργνοὺςκαὶχρεώμενοςτούτοιςοὐκἄνμοιδοκεῖμέγασφάλλεσθαιἐντῇτέχνῃ. δεῖδὲκαταμανθάνειντὴνκατάστασιντῶνὡρέωνἀκριβῶςἑκάστηνκαὶτὸνόσημα, ἀγαθὸνὅτικοινὸνἐντῇκαταστάσειἢἐντῇνούσῳ, κακὸνὅτικοινὸνἐντῇκαταστάσειἢἐντῇνούσῳ, μακρὸνὅτινόσημακαὶθανάσιμον, μακρὸνὅ10τικαὶπεριεστικόν, ὀξὺὅτιθανάσιμον, ὀξὺὅτιπεριεστικόν·τάξιντῶνκρισίμωνἐκτούτωνσκοπεῖσθαικαὶπρολέγεινἐκτούτωνεὐπορεῖται. εἰδότιπερὶτούτωνἔστινεἰδέναιοὓςκαὶὅτεκαὶὡςδεῖδιαιτᾶν.


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