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A forja e o martelo

A forja e o martelo
Jefferson Kleber Forti
jun. 9 - 4 min de leitura
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Nos últimos anos, temos visto o cenário da medicina mudar. Uma invasão de opções mercadológicas que vemos se propagar como metástases, são alternativas questionáveis de qualidade. Normalmente, tememos as mudanças, principalmente quando se percebe que o controle não está sob nosso domínio. Mas medicina não pressupõe novos entendimentos? Novas descobertas? Raciocino rápido e condutas precisas? Mudanças de paradigmas?

Por mais que alguns insistam em manter uma postura reativa, a medicina de boa qualidade sempre se apresenta como uma atitude pró-ativa. Sabemos que toda ação pressupõe uma reação e, assim, concluímos que ações ruins não perduram, diluem-se com o tempo, são esquecidas. Em contrapartida, as ações positivas prevalecem e rompem barreiras temporais.

Quando nos preocupamos mais com o que o outro está fazendo, esquecemos do que deveríamos fazer. Isso ocorrendo, sem dúvida afetará a qualidade do que se faz. Em medicina isso é muito marcante e decisivo. Como discípulos de Hipócrates, sabemos que existem muitos profissionais bons e dedicados, estudantes inveterados das entrelinhas e rodapés, daqueles que se doam por completo por uma causa maior. Não é questão de ser bom, pois isso é deveras relativo. Quando estamos diante de nossos pacientes, devemos ter em mente o único desejo de sermos bons para eles, cuidando do seu problema como algo exclusivo, particular, único.

Devemos temer a má medicina? Com toda a certeza! Devemos temer pelas consequências do que tem sido feito dentro e fora dela? Claro que sim! Mas nosso foco não deve manter-se naquilo que é ruim, muito pelo contrário. Devemos nos espelhar nos bons professores da história médica, nos bons exemplos, na ciência que respalda aquilo que fazemos. Devemos estar atentos e preocupados sim! Por aqueles que confiam em nosso trabalho.

“Puxa! Mas com esse mercado desleal, chegarão até nós menos pacientes e isso afetará nossa agenda e qualidade de vida!”

Será?

Quando estamos envolvidos pelo bom senso e embalados por uma ciência honesta, teremos as melhoras ferramentas para alicerçarmos o nosso trabalho em algo moral e eticamente equilibrado. Nenhum paciente quer ser atendido por alguém despreparado, mentiroso, com propósitos financeiros exclusivos. Ele busca segurança e consequente confiança naquele que procura. Nenhum doente, verdadeiramente necessitado, será envolvido por consultas de vinte e cinco reais, promessas vãs, afirmações mentirosas.

Nesse mundo globalizado, todos estão mais antenados do que nunca. Garanto que uma consulta de poucas moedas não vai trazer ao paciente a segurança que ele busca. Esse paciente não se fidelizará ao barato, mas se curvará ao bom senso, à coragem de falar a verdade, à motivação para ir adiante lutando contra suas limitações, sentindo-se abarcado pelo primum non nocere.

Ninguém em sua sã consciência, deseja sair pior do que entrou em uma consulta médica. Podem existir aqueles que acreditem que tudo é a mesma coisa, contudo, no momento em que encontram alguém sério, a situação muda de figura.

É natural que o medo faça parte de todo esse processo. Entretanto, devemos assumir uma postura de pró-atividade frente às dificuldades que possam surgir. É certo que mudanças virão, e que venham mesmo. Nenhuma barra de ferro será moldada se não houver ação ativa do fogo e do martelo. A barra pode continuar sendo uma barra, mas nas mãos de um ferreiro experiente, pode transformar-se em uma espada ou mesmo em uma obra de arte. Sendo assim, mantenhamos acesa a chama da forja e deixemos o ferreiro trabalhar.

 

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