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A importância do jejum pré-operatório

A importância do jejum pré-operatório
Annelise Piola Casarin
jan. 12 - 5 min de leitura
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O significado de jejum pré-operatório é a prática da não ingestão de sólidos e de líquidos por um determinado tempo antes da realização de uma cirurgia, ou seja, é o tempo que o paciente necessita ficar sem comer e beber líquidos. Ele tem o objetivo de evitar a aspiração pulmonar do conteúdo gástrico durante o processo de anestesia e é necessário sempre em que for realizado um procedimento eletivo sob anestesia geral ou sob qualquer outro tipo de sedação (no caso do uso de somente anestésicos locais ele não é necessário).

Ao ser anestesiado, o paciente perde sua capacidade de expelir substâncias (reflexos de tosse e de vômito) e caso haja conteúdo no estômago, pela anatomia do sistema gastrointestinal, ele pode voltar pelo esôfago, chegar até a boca, entrar pela traqueia e chegar aos pulmões. Esse processo é chamado de broncoaspiração.

Desse modo, o jejum pré-operatório tem como finalidade garantir o esvaziamento gástrico, ou seja, fazer com que o paciente fique com o estômago vazio (ou o máximo possível) para diminuir o risco de broncoaspiração.

Há algumas medidas que auxiliam na redução do risco de aspiração pulmonar como soluções de carboidratos pré-operatórios que devem ser ofertadas até duas horas antes das cirurgias. No entanto, o uso de estimuladores de trânsito (pró-cinéticos), de anticolinérgicos, bloqueadores da secreção gástrica (antagonistas H2) e antiácidos em pacientes sem fatores de risco para aspiração não é recomendado.

O jejum prolongado aumenta a morbidade especialmente com os extremos de idade (crianças e idosos) e por isso deve-se orientar ao paciente a não realizar jejum mais prolongado do que o necessário.

As recomendações sobre o tempo de jejum não variam de acordo com o tempo ou tipo de cirurgia, mas sim com o tipo de alimento, como por exemplo, alimentos que demoram mais para sair do estômago devem ser evitados por um maior tempo do que os que saem mais rápido.

Recomendações de jejum pré-anestésico com base em cada tipo de alimento:

  • Líquidos claros: são aqueles que não possuem resíduos e incluem café preto, chá sem leite, solução de carboidratos e suco sem polpa. Estes devem estar em jejum de 2 horas.
  • Leite materno: jejum de 4 horas.
  • Leite não humano: é classificado como alimento sólido pois contém gordura e proteínas, por isso seu jejum é de 8 horas.
  • Fórmulas infantis: jejum de 6 horas.
  • Refeição leve: inclui alimentos como biscoitos, torradas e bolachas. Jejum de 6 horas.
  • Refeição livre: são aquelas que incluem alimentos fritos ou com alto teor de gordura. Jejum de 8 horas.
  • Em relação a mascar chicletes e chupar balas não há necessidade de fazer jejum.

Importante ressaltar que o volume do líquido ingerido é menos importante do que o tipo de líquido.

Segundo o livro Rotinas em Anestesiologia e Medicina Perioperatória (2017), essas orientações não são válidas para gestantes em trabalho de parto e não garantem o esvaziamento gástrico completo. Pacientes obesos, portadores de doença do refluxo gastresofágico, diabéticos e gestantes fora do trabalho de parto podem seguramente seguir as recomendações.

Os pacientes devem ser estimulados a ingerir líquidos claros até duas horas antes do procedimento pois essa é uma medida que reduz o desconforto e melhora a sensação de bem-estar.

Gestantes saudáveis em trabalho de parto podem fazer a ingestão de líquidos claros e os alimentos sólidos devem ser evitados durante o trabalho de parto. O tempo de jejum para líquidos claros antes de procedimentos eletivos em gestantes, incluindo as obesas, seguem as mesmas recomendações anteriores, sendo de duas horas. 

Antagonistas H2 (antiácidos) devem ser administrados na noite anterior e na manhã do procedimento eletivo. O antagonista H2 intravenoso deve ser aplicado no momento da indicação de uma cesariana de urgência com anestesia geral.

 

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REFERÊNCIAS

  1. GAMERMANN, P. W.; STEFANI, L. C.; FELIX, E. A. (Org.). Rotinas em anestesiologia e medicina perioperatória. Porto Alegre: Artmed, 2017.
  2. MANICA, J. (Org.). Anestesiologia: princípios e técnicas. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.
  3. MILLER, R. D. Miller's anesthesia. 8. ed. Philadelphia: Elsevier Saunders, 2015.

 


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