A doença de Parkinson (DP) é uma doença degenerativa do sistema nervoso central que afeta principalmente o sistema motor. Os sintomas geralmente surgem lentamente e, conforme a doença progride, os sintomas não motores se tornam mais comuns. Os sintomas mais comuns são: tremor, rigidez, lentidão de movimento e dificuldade para andar, mas também podem ocorrer distúrbios cognitivos e comportamentais. A demência na doença de Parkinson se torna comum nos estágios mais avançados. Depressão e ansiedade também são comuns, ocorrendo em mais de um terço das pessoas com a doença. Outros sintomas incluem problemas sensoriais, distúrbios do sono e comprometimento emocional. Os principais sintomas motores são chamados coletivamente de "parkinsonismo" ou "síndrome parkinsoniana". [1,2]
O diagnóstico clínico da doença de Parkinson requer a presença de parkinsonismo e critérios de suporte que incluem uma resposta benéfica clara e dramática à terapia dopaminérgica. [3] No entanto, nem todos os casos da DP apresentam esse grau de resposta à terapia. [4] Pensando nisso, um grupo de pesquisadores liderados pelo médico e pesquisador canadense Wayne Martin delinearam o objetivo de testar o critério diagnóstico de resposta dopaminérgica, avaliando sua associação com diagnósticos confirmados (autópsia post-mortem) de uma grande população de pacientes parkinsonianos. [5]
Para isso, os pesquisadores revisaram dados clínicos que estavam mantidos em prontuário eletrônico de todos os pacientes com dados de autópsia que foram atendidos no Centro de Distúrbios do Movimento na Universidade de Washington, St. Louis, entre 1996 e 2018. Todos os pacientes com parkinsonismo submetidos a exame neuropatológico post-mortem foram incluídos no estudo. [5]
No total, haviam 257 pacientes parkinsonianos com diagnósticos baseados em autópsia e que receberam terapia dopaminérgica (Levodopa). Resposta marcada ou moderada à terapia dopaminérgica ocorreu em 91,2% (166/182) dos pacientes com DP confirmada por autópsia; 52,0% (13/25) daqueles com atrofia de múltiplos sistemas confirmada por autópsia; 44,4% (8/18) daqueles com paralisia supranuclear progressiva confirmada por autópsia e 1 (1/8) com degeneração corticobasal confirmada por autópsia. Outros diagnósticos foram responsáveis pelos 24 indivíduos restantes, 9 dos quais tiveram uma resposta moderada à terapia dopaminérgica. [5]
Essas observações fornecem informações úteis sobre a sensibilidade e especificidade da resposta aos medicamentos de reposição de dopamina como um marcador da doença. Tais dados indicam que uma resposta substancial é frequente, mas não universal na doença de Parkinson. Sendo assim, uma resposta ausente não exclui a DP.
Em outras doenças neurodegenerativas associadas ao parkinsonismo, uma resposta significativa também pode ser evidente, embora com menos frequência do que na DP. Tais dados sugerem que:
O uso da ausência de uma resposta observável a uma dose de levodopa ≥600 mg/dia como um critério de exclusão para o diagnóstico clínico da doença de Parkinson, conforme recomendado nos Critérios de Diagnóstico Clínico da MDS para Doença de Parkinson, merece reconsideração. [5]
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Referências
Sveinbjornsdottir, S. (2016). The clinical symptoms of Parkinson's disease. Journal of neurochemistry, 139, 318-324.
Kalia, L. V., & Lang, A. E. (2015). Parkinson’s disease. The Lancet, 386(9996), 896–912. doi:10.1016/s0140-6736(14)61393-3
Postuma, R. B., Berg, D., Stern, M., Poewe, W., Olanow, C. W., Oertel, W., ... & Halliday, G. (2015). MDS clinical diagnostic criteria for Parkinson's disease. Movement disorders, 30(12), 1591-1601.
Hughes, A. J., Daniel, S. E., Blankson, S., & Lees, A. J. (1993). A clinicopathologic study of 100 cases of Parkinson's disease. Archives of neurology, 50(2), 140-148.
Martin, W. W., Miles, M., Zhong, Q., Hartlein, J., Racette, B. A., Norris, S. A., ... & Kotzbauer, P. T. (2020). Is Levodopa Response a Valid Indicator of Parkinson's Disease?. Movement Disorders.