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Anticoagulação para AVC Criptogênico com evidências de Cardiopatia Atrial

Anticoagulação para AVC Criptogênico com evidências de Cardiopatia Atrial
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fev. 8 - 3 min de leitura
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Um novo estudo publicado na revista JAMA em 7 de fevereiro de 2024, explora o tratamento preventivo para pacientes que sofreram AVC criptogênico (acidente vascular cerebral de causa desconhecida) e apresentam evidências de cardiopatia atrial, uma condição que pode aumentar o risco de formação de coágulos no coração. A pesquisa, intitulada  Apixaban to prevent recurrence after cryptogenic stroke in patients with atrial cardiopathy: the ARCADIA randomized clinical trial , buscou determinar se a anticoagulação é superior à terapia antiplaquetária para prevenir novos episódios de AVC nesses pacientes.

Fonte:  Kamel H, Longstreth WT, Tirschwell DL, et al., 2024

A fibrilação atrial (FA), um tipo comum de arritmia cardíaca, é conhecida por aumentar significativamente o risco de AVC devido à estase sanguínea no apêndice atrial esquerdo, levando à formação de trombos. Tradicionalmente, o tratamento para pacientes com FA inclui a anticoagulação para reduzir esse risco. No entanto, a ARCADIA investigou a eficácia da anticoagulação em pacientes sem evidência de FA, mas com sinais de cardiopatia atrial, sugerindo que a condição subjacente ao risco de AVC pode não ser a FA em si, mas sim uma patologia atrial mais ampla.

O estudo envolveu a randomização de 1015 participantes para receberem ou um regime de anticoagulação com apixabana ou terapia antiplaquetária com aspirina. Os participantes foram selecionados com base em critérios de imagem do cérebro, vasculares, ecocardiografia, eletrocardiograma e monitoramento contínuo do ritmo cardíaco, além de apresentarem um dos três marcadores de cardiopatia atrial estabelecidos: força terminal da onda P no eletrocardiograma, níveis séricos de peptídeo natriurético tipo B pró-terminal ou diâmetro do átrio esquerdo.

Contrariando as expectativas, o estudo foi interrompido precocemente por futilidade após uma análise interina, não demonstrando diferença significativa na eficácia entre os dois tratamentos na prevenção de novos AVCs. Ambos os grupos tiveram uma taxa anualizada de recorrência de AVC de 4,4%, e não houve diferenças significativas em outros desfechos de eficácia secundária, como AVC isquêmico recorrente ou embolia sistêmica.

Um aspecto notável foi a maior ocorrência de hemorragia intracraniana em pacientes tratados com aspirina em comparação com aqueles que receberam apixabana, embora sem diferenças significativas em outras formas de hemorragia maior ou na mortalidade geral. Isso levanta questões sobre a segurança e a eficácia relativas dos anticoagulantes versus antiplaquetários neste contexto específico.

Apesar dos resultados, os autores enfatizam que seria prematuro descartar completamente o potencial da anticoagulação baseada na presença de cardiopatia atrial, independentemente da evidência de FA. Eles sugerem que futuras pesquisas devem se concentrar em marcadores mais diretamente relacionados à patologia do átrio esquerdo para identificar estratégias terapêuticas ótimas.

Este estudo fornece insights e orientações para o tratamento de pacientes com AVC criptogênico e evidência de cardiopatia atrial, destacando a necessidade de terapias personalizadas baseadas em biomarcadores específicos, além de contribuir para o avanço do campo com lições aprendidas para futuras pesquisas.


Referência: 

  • Marcus GM, Ovbiagele B. Anticoagulation for Atrial Cardiopathy in Cryptogenic Stroke. JAMA. Published online February 07, 2024. doi:10.1001/jama.2023.23916
  • Kamel H, Longstreth WT, Tirschwell DL, et al. Apixaban to Prevent Recurrence After Cryptogenic Stroke in Patients With Atrial Cardiopathy: The ARCADIA Randomized Clinical Trial. JAMA. Published online February 07, 2024. doi:10.1001/jama.2023.27188

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