Apesar da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) incluírem pacientes asmáticos como grupos de risco da Covid-19, um estudo da Universidade de Colorado sugere o contrário. Os pesquisadores analisaram os número de indivíduos com asma entre os hospitalizados pelo novo coronavírus.
A pesquisa, publicada em 31 de agosto de 2020, na revista médica American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, analisou a prevalência entre pacientes com o novo coronavírus e asma através de 15 estudos diferentes e outros 436 pacientes com Covid-19.
Mas primeiro, o que é a asma?
A asma é uma das doenças crônicas mais comuns que afeta tanto crianças quanto adultos, sendo um problema mundial de saúde, acometendo cerca de 300 milhões de pessoas. Estima-se que no Brasil existam aproximadamente 20 milhões de asmáticos. A asma é uma causa importante de faltas escolares e no trabalho.
É uma doença inflamatória crônica que acomete os brônquios e resulta em crises de tosse e falta de ar. A forma mais comum de asma é o efeito de uma resposta alérgica contra componentes dos ácaros, fungos, polens e animais domésticos. Se não for adequadamente tratada, a asma pode levar a uma perda progressiva da função respiratória e, eventualmente, à morte precoce.
Por causa do componente inflamatório e da sua natureza crônica, a asma pode aumentar a chance do desenvolvimento de formas mais graves de pneumonias causadas por vírus e bactérias. Assim, acreditava-se que pacientes com asma seriam mais vulneráveis à infecção pelo Sars-CoV-2, o vírus causador da Covid-19. Porém, considerando que foram analisados a maioria dos artigos científicos relacionados à Covid-19 publicados no princípio da pandemia (primeiros seis meses), os autores acreditam que a asma não se constitui condição importante de risco.
Asma não parece ser fator de risco para doença grave
A análise constatou que pacientes asmáticos correspondiam por 12% das internações por Covid-19, um número menor do que os atuais 20% de pacientes com asma internados em virtude da gripe nos Estados Unidos. Apesar de haver poucos dados sobre a incidência, o estudo relata que asmáticos não parecem ser tão afetados quanto outros grupos de risco da Covid-19.
A título de comparação, pessoas acometidas por outras infecções respiratórias, como H1N1, rinovírus e parainfluenza, colocam os pacientes com asma como 30% dos afetados em estado grave. Enquanto isso, a China descobriu que apenas cerca de 9% dos doentes por coronavírus tem asma – taxa semelhante à proporção geral de asmáticos no mundo.
No estudo, os pesquisadores se concentraram nos níveis do receptor de ACE2, uma proteína que trabalha no corpo humano para regular a pressão arterial, e que é usada pelo coronavírus para adentrar as células humanas. Por isso, doenças como hipertensão e obesidade são acompanhadas por altos níveis de ACE2 e, consequentemente, pelo aumento da gravidade da Covid-19.
Ao contrário da asma, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), que obstrui as vias aéreas e dificulta a respiração, continua sendo um fator de alto risco para o novo coronavírus. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 210 milhões de pessoas no mundo tem DPOC e a estimativa é de que a doença se torne a terceira principal causa de morte.
Referências
[1] Estudo sugere que asma não é fator de risco para Covid-19: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2020/09/17/estudo-sugere-que-asma-nao-e-fator-de-risco-para-covid-19
[2] Mendes, NF, Jara, CP, Mansour, E. et al. Asma e COVID-19: uma revisão sistemática. Allergy Asthma Clin Immunol 17, 5 (2021). https://doi.org/10.1186/s13223-020-00509-y
[3] Association of respiratory allergy, asthma, and expression of the SARS-CoV-2 receptor ACE2: https://www.jacionline.org/action/showPdf?pii=S0091-6749%2820%2930551-0