“O mestre Quíron é o ideal desejado por eles exatamente por saber lidar com o próprio sofrimento e o do outro, conseguindo estar ao lado de seus discípulos e pacientes no adoecimento e na morte.”
“Separada da prática, a teoria é puro verbalismo inoperante; desvinculada da teoria, a prática é ativismo cego.”
Podemos dizer que no final do século XIX a Medicina dava grandes passos, como a descoberta da anestesia em Boston e todos os dias alguma inovação na área médica surgia na Europa. Nesses tempos o ainda jovem cirurgião William Hlasted foi até a Europa aprender com grandes ícones da cirurgia e retornou com muitas ideias. Visto como workaholic e renomado, ele foi um dos "Big Four"da fundação do Hospital Johns Hopkins e como primeiro chefe do Departamento de Cirurgia do Hospitall. Halsted decidiu então criar o programa oficial de Residência Médica.
"He who studies medicine without books sails an uncharted sea, but he who studies medicine without patients does not go to sea at all." - William Osler
No ano de 1989, ele criou um programa de treinamento para jovens cirurgiões com ênfase em heroísmo, abdicação e diligência. Esse modelo era baseado em um programa com dedicação integral dos trainees aos seus pacientes. O nome residente acabou surgindo pelo fato de eles morarem no hospital e estarem disponíveis 24 hs por dia para atender seus pacientes. Ele defendia que dentro do programa deveria existir uma hierarquia, o que podemos hoje dividir em r1,r2, r3 e assim sucetivamente. Funcionava em 3 etapas: um ano como interno, 06 anos como residente assistente e 02 anos como "house surgeon", algo como preceptor.
William Osler pouco tempo depois abriu o programa de Clínica Médica no Hospital Johns Hopkins. Treinamengto na beira do leito e uma estrutura hirarquizada com muitos internos, alguns residentes e um residente-chefe. Ficavam igualmente durante 6 à 8 anos no programa de residência.
Podemos lembrar de Harvey Cushing "pai da neurocirurgia, foi residente de Halsted.
Em 1927 a AMA (American Medical Association) aprova a Residência Médica e começa a abrir os primeiros programas. Desde então, o padrão-ouro para ser especialista se tornou a residência médica.
Em 1945 surge no Brasil o primeiro programa de Residência Médica, no serviço de Ortopedia no recém-inaugurado Hospital das Clínicas da FMUSP. Logo após abriu vários programas. Relatos afirmam que a procura era mínima e que não existia padronização no processo de seleção ou treinamento. Normalmente pessoas que tinham boas condições financeiras, conseguiam cursar o programa.
Décadas passadas o médico que tinha o sonho de ser cirurgião, acompanhava outro mais experiente e depois se autointitulava como cirurgião. Na década de 70 com a abertura dos programas de residência médica, a exigência desse treinamento formal foi crescendo. Nessa época com o crescimento dos programas criou-se, em 1977, a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).
O programa de residência médica vem evoluindo constantemente nas leis.
A residência médica como vemos hoje, com bolsa, processos seletivos organizados e fiscalizados, férias remuneradas, etc. foi uma conquista de várias gerações de residentes das últimas décadas. Por isso é importante conhecer a história dessa etapa da nossa formação médica.
A Residência Médica é uma modalidade de ensino de pós-graduação destinada à médicos, sob a forma de curso de especialização.
O programa é gerenciado pelo Ministério da Educação (MEC), mas o seu regimento é determinado pela Comissão Nacional de Residência Médica, a CNRM, que foi instituída em 1977.
A legislação prevê uma carga horária de, no máximo, 60 horas semanais, incluindo 24 horas de plantão, descanso obrigatório de 6 horas após plantão noturno de 12 horas e, ao menos, um dia de folga semanal e trinta dias consecutivos de repouso. Desde então, a Residência Médica é reconhecida amplamente como uma modalidade de pós-graduação praticamente obrigatória para quem se gradua no curso de medicina.
A Residência Medica foi Instituída pelo decreto nº 80.281, de 5 de setembro de 1977. Veja:
Art. 1º A Residência em Medicina constitui modalidade do ensino de pós-graduação destinada a médicos, sob a forma de curso de especialização, caracterizada por treinamento em serviço em regime de dedicação exclusiva, funcionando em Instituições de saúde, universitárias ou não, sob a orientação de profissionais médicos de elevada qualificação ética e profissional. § 1º Os programas de Residência Médica serão desenvolvidos, preferencialmente, em uma das seguintes áreas: – Clínica Médica; – Cirurgia Geral; – Pediatria; – Obstetrícia e Ginecologia; – Medicina Preventiva e Social.
“A Residência em Medicina constitui modalidade do ensino de pós-graduação destinada a médicos, sob a forma de curso de especialização, caracterizada por treinamento em serviço em regime de dedicação exclusiva, funcionando em Instituições de saúde, universitárias ou não, sob a orientação de profissionais médicos de elevada qualificação ética e profissional”
Decreto nº 80.281
Bolsa de Residência Médica
Atualmente o valor bruto da residência médica é de R$ 3.330,43 por 60 horas semanais. O desconto pode variar nos hospitais filantrópicos, federais, estaduais e municipais.
Como o médico residente é filiado ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) como contribuinte individual – mesma categoria dos profissionais liberais, empresários e autônomos – ele contribui obrigatoriamente para a previdência social, por meio do INSS.
A contribuição para a previdência do médico residente é de 11% – o que significa que o valor líquido da bolsa é de R$ 2.964,13. Nos hospitais filantrópicos existe um desconto de 6% a mais.
O Ministério da Educação, Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais são os responsáveis por pagar a bolsa de residência. Na grande maioria das vezes o valor é único, ou seja: o mesmo para todas as instituições e especialidades. Mas sempre consulte o valor da bolsa no site oficial da universidade ou do hospital. Alguns programas em que os residentes ganham um pouco mais do que a bolsa prevista, como forma de incentivo. Podemos citar a Residência de Medicina de Família e Comunidade em algumas instituições, onde o residente recebe um incentivo.
Em 1967, foi criada a Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR) — órgão reconhecido pela Associação Médica Brasileira. Apenas na década de 70 ocorreu a disseminação dos programas de residência médica no país e, comitantemente, a exigência de um treinamento mais especializado cresceu por partes dos hospitais e dos pacientes. A ANMR protagonizou, desde sua fundação em 1967, o movimento que consolidou a residência médica, reconhecidamente desde sua implantação no Brasil – formalmente regulamentada em 1977, ano também da criação da Comissão Nacional de Residência Médica, que possibilitou a promulgação da Lei nº 6.932 de 1981, que dispõe sobre as atividades do médico residente e alça a residência ao seu devido patamar de padrão-ouro para a formação de especialistas e essencial em um processo nunca terminal no ensino em medicina.
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