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Autópsia em tempos de Pandemia

Autópsia em tempos de Pandemia
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jul. 5 - 4 min de leitura
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A Autópsia ou Necropsia é um procedimento médico aplicado para determinar a causa mortis de um indivíduo, dentro da área da Medicina Legal. 

Nestes tempos de Pandemia onde a epidemiologia associada a uma diversidade de sintomatologias, produzidas pelo vírus SARS-CoV-2, garantem um viés de confusão na confirmação da COVID-19, a autópsia abre um leque de possibilidades para estudos post mortem de casos suspeitos.

O Royal College of Pathologists elaborou uma série de recomendações para realização de autópsias em casos suspeitos de COVID-19 e as técnicas para diagnóstico da doença.

1) Classificando o Risco do Agente infeccioso

O novo coronavírus, assim como o SARS anterior, é classificado como um agente HG3, ou seja, é considerado um vírus do grupo 3 de acordo com o ACDP,  possibilitando o desenvolvimento de doenças graves em humanos e alta capacidade de disseminação, desse modo o nível de contenção adotado pelos médicos patologistas também deve ser de nível 3 estabelecido pelo COSHH.

Outros vírus classificados como HG3 incluem o vírus da Raiva, vírus da Dengue, vírus da Hepatite B,C, D e E, HIV 1 e 2, dentre outros.

2) Prevenção durante o procedimento

Para os profissionais que irão se expor ao agente infeccioso, quatro áreas de atenção devem ser adotadas. São elas:

  • Avaliação dos riscos; 
  • Compreensão da patologia que pode ser encontrada;
  • Medidas de precaução universal
  • Procedimentos operacionais padronizados para agentes categorizados com nível HG3.

 A avaliação dos riscos pode ser mensurada pela correlação clínico-patológica com a leitura dos prontuários, evolução do paciente e motivo do óbito estabelecido pelo médico que prestou assistência.

As informações sobre os achados patológicos na COVID-19 ainda são consideradas limitadas. Mesmo que alguns relatos de caso tenham sido compartilhados, a vasta manifestação clínica da doença e os níveis de evidência de alguns estudos conduzidos e da avaliação de revistas científicas para publicá-los requer interpretações criteriosas.

A Public Health England (PHE) delineou critérios para avaliar a possibilidade de infecção por COVID-19 em pacientes suspeitos. Resumidamente o paciente deve ser admitido em setor hospitalar, apresentar evidência clínica ou radiológica de pneumonia ou insuficiência respiratória compatível com SARA/SDRA ou doença semelhante à influenza (febre ≥37,8 ° C e pelo menos um dos seguintes sintomas respiratórios, que devem ter início agudo: tosse persistente (com ou sem escarro), rouquidão, secreção nasal ou congestão, falta de ar, dor de garganta, chiado no peito e espirros. Ainda podem conter sintomas como anosmia isoladamente ou em combinação com outros sintomas. Testes complementares devem ser realizados, assim como testes moleculares e/ou sorológicos.

Se o paciente for considerado como COVID-19 positivo e a doença ser relacionada à morte por esses critérios, a escolha de realizar uma autópsia completa ou apenas a análise de amostras diminutas deve ser tomada de acordo com o caso individual e deve incluir os requisitos do médico legista ou de qualquer indivíduo pertinente. 

Os médicos devem utilizar todo o equipamento de proteção individual corriqueiro acrescentando máscara de proteção plana e moldada ou o traje de corpo inteiro.

3) Aspectos macroscópicos

Acredita-se que as alterações histopatológicas provocadas pelo vírus SARS-CoV-2 sejam oriundas de alterações pulmonares como pleurisia, pericardite, consolidação pulmonar e edema pulmonar. O peso do pulmão também pode estar aumentado.

4) Aspectos microscópicos

Os achados relatados em literatura vão desde achados inespecíficos como edema, hiperplasia de pneumócitos, inflamação focal, formação de células gigantes multinucleadas e ausência de membranas hialinas, até dano alveolar difuso com presença de exsudatos e pneumócitos atípicos.

 

Texto elaborado por Renata Campos Cadidé

Veja mais em:

Hanley B, Lucas SB, Youd E, et al. (2020). Autopsy in suspected COVID-19 cases.

Journal of Clinical Pathology. 73:239-242.

 


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