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Teste Molecular Substituirá Gradualmente Papanicolau na Rede Pública

Teste Molecular Substituirá Gradualmente Papanicolau na Rede Pública
Comunidade Academia Médica
ago. 17 - 4 min de leitura
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O Ministério da Saúde iniciou, em 15 de agosto de 2025, a implementação de um novo método para o rastreamento do câncer do colo do útero no Sistema Único de Saúde (SUS): o teste molecular de DNA-HPV. Desenvolvido pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná (Fiocruz), o exame é 100% nacional e representa um marco para a saúde da mulher no Brasil.

O novo exame substituirá gradualmente o tradicional Papanicolau, utilizado há décadas. Enquanto o Papanicolau depende da análise citopatológica de células já alteradas, o teste molecular identifica a presença de 14 genótipos de HPV, o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. Essa detecção precoce permite diagnóstico antes do surgimento de lesões, inclusive em mulheres assintomáticas, aumentando as chances de tratamento precoce e cura.

A tecnologia começa a ser ofertada em 12 estados e no Distrito Federal: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Bahia, Pará, Rondônia, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná e Pernambuco. A implementação ocorrerá inicialmente em um município por estado, ampliando-se gradativamente até a cobertura nacional prevista para dezembro de 2026, quando deve beneficiar 7 milhões de mulheres de 25 a 64 anos por ano.

Nos primeiros cinco anos, a meta é rastrear 5,6 milhões de mulheres, principalmente em regiões onde a cobertura de saúde é limitada.

Benefícios clínicos e operacionais

Entre as vantagens do novo teste, destacam-se:

  • Maior sensibilidade diagnóstica em relação ao Papanicolau.

  • Intervalos mais longos entre exames (até 5 anos em resultados negativos, contra 3 anos do método anterior).

  • Menor número de intervenções desnecessárias.

  • Uso da mesma amostra em caso de resultados inconclusivos, sem necessidade de nova coleta.

  • Rastreamento equitativo, alcançando populações remotas e vulneráveis.

Além disso, o Brasil aproveita a infraestrutura laboratorial de biologia molecular criada na pandemia da Covid-19, acelerando o processamento e reduzindo custos.

A implementação faz parte das Diretrizes Brasileiras de Rastreamento do Câncer do Colo do Útero, lançadas junto com o programa. O modelo é organizado: equipes de Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde identificarão mulheres de 25 a 64 anos que nunca fizeram o exame, estão com o rastreamento atrasado ou não foram vacinadas contra o HPV.

Uma inovação importante será a possibilidade de autocoleta, ampliando o acesso a grupos que enfrentam barreiras de deslocamento ou resistência ao exame ginecológico. Essa estratégia prioriza populações vulneráveis, como mulheres em situação de rua, privadas de liberdade, migrantes, refugiadas, quilombolas, circenses, entregadoras por aplicativo e LGBTQIAPN+.

O procedimento será ensinado por profissionais de saúde, e a amostra poderá ser entregue na Unidade Básica de Saúde (UBS).

O programa “Agora Tem Especialistas” garante que pacientes com resultados positivos tenham fluxo completo de atendimento, incluindo colposcopia e biópsia. O Ministério da Saúde disponibilizará:

  • Kits e insumos para coleta.

  • Capacitação de profissionais do SUS em parceria com o INCA e o Hospital Israelita Albert Einstein.

  • Suporte do Super Centro para Diagnóstico do Câncer, que reduz o tempo de emissão de laudos de 25 para 5 dias, utilizando telepatologia.

Impacto esperado

De acordo com o INCA, o câncer do colo do útero é o terceiro mais incidente entre mulheres no Brasil, com 17.010 novos casos estimados por ano (2023–2025) e uma taxa de 15 casos por 100 mil mulheres. Atualmente, são 20 mortes por dia — número que, segundo o ministro Alexandre Padilha, supera até os feminicídios em algumas regiões.

Com diagnóstico rápido e tratamento precoce, o novo teste representa uma mudança histórica na luta contra a doença, aproximando o Brasil de experiências bem-sucedidas já adotadas no Reino Unido, Espanha e Portugal.


Referência:

Ministério da Saúde. (2025, agosto 15). Ministério da Saúde oferta tecnologia inovadora 100% nacional para detectar câncer do colo do útero no SUS. Gov.br. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2025/agosto/ministerio-da-saude-oferta-tecnologia-inovadora-100-nacional-para-detectar-cancer-do-colo-do-utero-no-sus



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