Na historia, como um todo, poucas vezes as mulheres são lembradas por desempenharam papeis de destaque . Sendo assim, é necessário sempre exaltar e compartilhar o conhecimento por elas produzido. A médica de hoje é americana. Muitos acham que era pediatra, mas na verdade era anestesista. Seu método, desenvolvido com análise e aplicação, está hoje presente na rotina de todos os hospitais do mundo e leva seu nome. A médica hoje é Virginia Apgar.
Nascida em 7 de Junho de 1909, na cidade de Westfield, Nova Jersey, nos EUA, seus pais eram músicos e a incentivaram desde cedo a tocar instrumentos, chegando até a aprender a arte de reformá-los. Em 1926, iniciou os estudos em Zoologia no Mount Holyoke College e teve a habilitação em fisiologia em química. Logo após, ingressou no curso médico, formando-se em Medicina com a 4ª melhor nota de sua turma, na Universidade de Columbia. Realizou sua residência em Cirurgia, com enfoque em anestesiologia, no Hospital Presbiteriano de Nova York.
Na época, o chefe do Departamento de Cirurgia do referido hospital não acreditava que mulheres dariam certo na área cirúrgica. Contudo, percebeu algo de diferente em Virginia e a incentivou a continuar, principalmente no campo da anestesia. Em 1937 concluiu a residência, e logo após foi contratada para ser chefe do Departamento de Anestesiologia. Ela também assumiu a diretoria do Departamento de Anestesiologia da Universidade de Columbia durante anos.
É importante ressaltar o contexto em que Virginia iniciou sua carreira, ou seja, em plena Segunda Guerra Mundial e em uma sociedade predominantemente machista. Logo, não havia jovens médicos que quisessem assumir esse departamento, considerando a guerra e pelo fato de a anestesiologia só ter sido reconhecida como especialidade em 1946.
Não é de se espantar que a especialidade começou também a ter maior reconhecimento, principalmente, pelo uso de anestésico nos hospitais de campanha de guerra, necessitando de médicos mais habituados a essa área.
Em 1949, Virginia Apgar foi oficialmente contratada como titular da cadeira de anestesiologia da Universidade de Columbia, sendo a primeira mulher professora de medicina dessa Universidade, uma das mais famosas e renomadas dos EUA. E durante os 10 anos que permaneceu no cargo, fez uma longa e extensa pesquisa na aplicação da anestesia no setor da Obstetrícia.
No ano de 1952, finalmente é desenhado o seu trabalho que entraria para a história da Medicina, ao avaliar a repercussão dos anestésicos não apenas na mãe, mas também nas crianças. Nessa época, não havia ainda a anestesia epidural, de forma que a aplicação de anestésicos acabava afetando os bebês. Assim, analisando essa situação, Virginia propôs a construção de uma escala simples e fácil de usar por qualquer médico.
A ideia foi avaliar 5 itens primordiais (frequência cardíaca, respiração, tônus muscular, reação aos estímulos e coloração da pele), que poderiam dirigir o médico sobre a situação do neonato após o parto. Usando apenas a observação e o exame físico básico, o médico avalia cada item de 0 a 2, sendo a maior nota 10.
É curioso notar que, normalmente, muitos dos neonatos, quando tiram a nota 9, perdem ponto principalmente na coloração da pele. Devido ao ambiente mais frio de algumas salas obstétricas, o neonato pode fazer uma vasoconstrição periférica na tentativa de se manter mais aquecido.
Além disso, o médico deve avaliar as faixas em que cada recém nascido pode se encaixar:
- De 0 a 4, precisa-se de cuidados imediatos.
- De 5 a 7 precisa-se ficar em observação.
- E de 8 a 10 é considerado em bom estado geral.
Normalmente, realiza-se o exame em 2 vezes. No 1º minuto de vida e no 5º minuto de vida. É importante ressaltar que o valor preditivo é maior aos 5 minutos, por ser a oxigenação do cérebro maior que no 1º minuto de vida.
Em 1959, Virginia obteve o título de mestre pelo Johns Hopkins Institute. De 1959 até 1974, Virginia trabalhou com a Fundação March of Dimes, uma ONG que visa melhorar a saúde das mães e seus recém-nascidos, e tem como uma das suas prioridades evitar o parto prematuro, cuja incidência é maior em populações de baixa renda e em pacientes que não realizam pré-natal. Em várias conferências, Virgínia chegou a abordar sobre a gravidez na adolescência e doenças congênitas, temas muito controversos na época.
Na década de 60, chegou a ser a porta voz da vacinação universal, escrevendo trabalhos e palestrando sobre o tema, em decorrência de um surto de rubéola nos EUA. Em seus estudos a Dra Apgar chegou a defender também triagem sanguínea no quesito do Rh para avaliar possíveis doenças congênitas.
A Dra Virginia Apgar faleceu em 1974, sem ter se casado ou tido filhos. Ela faleceu devido a uma cirrose, e passou seus últimos dias no Centro Médico da Universidade de Columbia, local onde treinou e formou vários médicos.
A Escala de Apgar é usada até hoje, com a mesma formatação que ela criou. Sua história é de força e determinação.
A Dra Virginia Apgar salvou varias gerações e deu aos médicos a oportunidade de diagnosticar e realizar uma triagem de forma prática e eficiente. Mesmo não tendo filhos de sangue, de certa forma todos passamos pelo seu índice e somos um pouquinho filhos dessa heroína.
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Referências
- CORDEIRO, Mario - Príncipes Da Medicina -editora Saida de Emergência - Portugal
- https://hospitaldocoracao.com.br/novo/midias-e-artigos/artigos-nomes-da-medicina/quem-foi-virginia-apgar/
- https://cbc.org.br/virginia-apar-uma-mulher-fantastica/