Academia Médica
Academia Médica
Você procura por
  • em Publicações
  • em Grupos
  • em Usuários
loading
VOLTAR

Células Tumorais Isoladas em Casos de Câncer de Endométrio

Células Tumorais Isoladas em Casos de Câncer de Endométrio
Academia Médica
mar. 19 - 4 min de leitura
000

O estudo publicado no JAMA Network Open em 18 de março de 2024, apresenta descobertas importantes sobre a presença de células tumorais isoladas (ITCs, do inglês "Isolated Tumor Cells") em pacientes com câncer de endométrio. Esta pesquisa se destaca por explorar as características clínico-patológicas e os desfechos oncológicos associados às ITCs em uma ampla população nacional, lançando luz sobre o significado prognóstico e as implicações terapêuticas dessas células em um contexto de câncer que representava o quarto câncer mais comum entre mulheres nos Estados Unidos em 2023.

As ITCs são definidas como um pequeno agrupamento de células cancerígenas, com diâmetro não superior a 0.2 mm ou contendo até 200 células, encontradas nos linfonodos regionais. A importância dessas células no câncer de endométrio é relativamente nova, com estudos prévios limitados por tamanhos modestos de amostra e curtos períodos de acompanhamento. Essa limitação tem levado a uma lacuna de conhecimento sobre a sua real significância prognóstica, apesar de uma tendência entre os profissionais de saúde nos Estados Unidos de oferecer terapia adjuvante para pacientes com ITCs identificadas, mesmo naqueles com um risco baixo de recorrência.

Dentre as descobertas chave da pesquisa, destaca-se que as ITCs estavam associadas a outras características tumorais e fatores patológicos ligados à metástase nodal. Além disso, pacientes com ITCs eram mais propensos a receber terapia adjuvante. A análise revelou que, em nível de coorte, as ITCs não estavam estatisticamente associadas a uma sobrevida global de curto prazo. Contudo, de forma notável, pacientes com câncer de endométrio de baixo risco portadores de ITCs apresentaram melhora na sobrevida de curto prazo quando submetidos à terapia adjuvante.

Os dados também indicam que as ITCs são raras, sendo identificadas em apenas 1 em cada 38 pacientes com câncer de endométrio teoricamente classificados sem metástase linfonodal. Entretanto, a incidência de ITCs aumenta significativamente na presença de fatores patológicos de alto risco, como invasão miometrial profunda e citologia peritoneal maligna. Isso sugere que as ITCs podem ser um indicativo precoce de disseminação e metástase tumoral.

Interessantemente, o estudo apontou um aumento na identificação de ITCs ao longo do período analisado, refletindo possivelmente um uso crescente da biópsia de linfonodo sentinela no manejo do câncer de endométrio nos Estados Unidos. Esse aumento pode ser atribuído à ultrastagificação, que tem maior probabilidade de identificar ITCs.

No entanto, o estudo enfrenta limitações, incluindo a falta de detalhes sobre as ITCs, como o número de focos e a localização anatômica, além da ausência de dados sobre fatores patológicos específicos e informações de recorrência e causa de morte. Essas limitações ressaltam a necessidade de pesquisas futuras com amostras maiores e seguimento de longo prazo.

Em conclusão, este estudo sugere que a associação das ITCs com a sobrevida em pacientes com câncer de endométrio é modesta, requerendo uma interpretação cautelosa diante de outros fatores patológicos. A decisão sobre a terapia adjuvante para pacientes de baixo risco com ITCs exige uma discussão equilibrada sobre riscos e benefícios, destacando a importância de uma tomada de decisão compartilhada até que mais dados estejam disponíveis. Este trabalho fornece uma contribuição valiosa para o campo da oncologia ginecológica, evidenciando a necessidade de investigações adicionais sobre o papel das ITCs e o uso de terapia adjuvante no câncer de endométrio.

Para aprofundar o seu conhecimento nas descobertas deste estudo, disponibilizamos aqui o link de acesso a pesquisa na íntegra. 


Referência: 

Matsuo K, Chen L, Neuman MK, et al. Lymph Node Isolated Tumor Cells in Patients With Endometrial Cancer. JAMA Netw Open. 2024;7(3):e240988. doi:10.1001/jamanetworkopen.2024.0988


Denunciar publicação
    000

    Indicados para você