Sejamos bem-vindos ao futuro, no qual a revolução tecnológica na área da medicina possibilita que cirurgiões, como o Doutor e Professor canadense Mehran Anvari, operem pessoas que estão a quilômetros de distância, a partir da excepcional telecirurgia¹.
Cortes. Suturas. Reparos de hérnia. Tudo (e muito mais) realizado por um robô cirurgião controlado, do outro lado do país, por Anvari através de um console. Zeus, robô cirurgião de Anvari, atua de um hospital comunitário com as devidas instalações para a realização da cirurgia.
“É o mesmo que eu estivesse na sala de cirurgia”, diz. “Tenho ambas as mãos no robô do mesmo jeito que teria instrumentos em ambas as mãos. Basicamente, é o mesmo que se eu estivesse próximo ao paciente, apenas usando telecomunicação e robóticas. Não parece ser diferente em nada”².
A demanda pelo desenvolvimento da telecirurgia surgiu de pacientes incomuns, que se encontravam... em outro planeta. Foi na década de 70, que a NASA sugeriu que pesquisadores e engenheiros investigassem a opção de robôs controlados remotamente para operar astronautas adoecidos. Desde então, acontece o “spin-off” dessa opção terapêutica para a vida civil. Os primeiros robôs-cirurgiões para civis apareceram em 1998, e o Hospital Broussais, em Paris, foi o primeiro estabelecimento médico a realizar cirurgias por meio da tecnologia.
A telecirurgia conta com diversos benefícios, como aumento da precisão cirúrgica e redução no percentual de tecidos danificados após procedimento cirúrgico, além da possibilidade de atendimento por profissionais altamente especializados, os quais o acesso se tornava restritivo devido ao grande distanciamento geográfico. No Brasil, o Da Vinci é o robô-cirurgião com uma das tecnologias mais avançadas existentes. O robô é capaz de realizar cirurgias com mais de um instrumento, com a ajuda de seus 4 braços robóticos e suas incisões de poucos milímetros.
Embora seja provedor de serviços com óbvias vantagens, a construção de um sistema financeiramente sustentável e a quebra de barreiras na desconfiança popular são algumas das diversas limitações que giram em torno da telecirurgia. Entretanto, dado o avanço da tecnologia e da robótica, poderemos em breve presenciar um “novo normal” nos centros cirúrgicos.
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REFERÊNCIAS
1. Cutait Raul. Telemedicina e cirurgia. Rev. Col. Bras. Cir. [Internet]. 2001. June; 28(3).
2. https://www.bbc.com/future/article/20140516-i-operate-on-people-400km-away.