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Clínicas populares: futuro ou decadência da prática médica?

Clínicas populares: futuro ou decadência da prática médica?
Victor Rennó
mai. 23 - 3 min de leitura
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Em decorrência da atual conjectura de incertezas e crises tanto políticas quanto econômicas, as clínicas populares, ou de baixo custo, atraem cada vez mais os olhares de investidores e profissionais da área da saúde. Apresentando-se como uma alternativa à saúde complementar falha e aos altos preços das consultas particulares, essa nova modalidade de sistema de saúde vem crescendo e traz consigo debates acerca dos benefícios e malefícios intrínsecos a ela.

Por um lado, tem-se as clínicas populares como alternativa a diversos problemas do sistema de saúde nacional. Voltado principalmente para o público de classe média baixa, o qual tem condições de arcar com o baixo valor cobrado pelas consultas e exames, sem precisar depender da rede pública, mas não tem condições suficientes para arcar com um plano de saúde, que obteve no ano de 2017 um reajuste de cerca de 13,55%. A partir da atenção a esse estrato social, há a possibilidade de facilitar o acesso à saúde compatível com o orçamento dessa classe e ainda descongestionar o SUS, deixando-o prioritariamente para aqueles que realmente não possuam condições.

Outro ponto positivo atribuído às clinicas populares se deve ao valor equivalente, ou superior, que o profissional recebe por atendimento em comparação à tabela de serviços do sistema complementar. As consultas de especialidades pelas seguradoras de saúde pagam cerca de 30 a 50 reais, já as clínicas populares cobram, pelos mesmos atendimentos, cerca de 80 a 120. Valores diferenciados em mais de 100%, que acabam por atrair olhares dos profissionais.

Todavia, a questão do barateamento das consultas e exames médicos toca na questão do demérito das práticas em medicina. Muito se debate acerca dos valores “impraticáveis” que são cobrados e abre-se a discussão sobre a qualidade desse atendimento. Para que esse estilo de negócio seja economicamente rentável, o tempo médio de consulta para uma avaliação geriátrica ampla, por exemplo, que é estimado entre 60 a 90 minutos, deveria ser reduzido a menos de um terço. Sendo assim, o tempo de duração e a qualidade do atendimento se tornam dúvida e baseiam grande parte das críticas às clínicas populares.

De toda forma, com críticas e elogios sobre si, as clínicas populares representam uma das principais áreas de investimento no setor da saúde, o qual, mesmo em tempos de instabilidade político-econômica, continua a crescer. Assim, faz-se necessário que o debate acerca dessa nova “modalidade” de regime seja ampliado, bem como seja feita regulamentação e a fiscalização institucionalizada, com intuito de que o futuro da prática médica não se torne decadente.

 


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