A prática regular de esportes requer disciplina e determinação. Requisitos estes também fundamentais para os estudantes de medicina e médicos. No meio médico é recorrente a justificativa de “não ter tempo” suficiente para a prática de um esporte.
Mas quais seriam os benefícios da prática de esportes pelos estudantes de medicina? Não causaria uma sobrecarga que impactaria o desempenho acadêmico?
De acordo com um estudo transversal canadense realizado com 267 estudantes de medicina, os acadêmicos que praticavam um exercício físico/esporte com envolvimento e dedicação tinham menores taxas de burnout e poderiam ter desempenho melhor nos estudos (1).
O estudo também aponta que a prática comprometida de um esporte se associa à maior motivação e bem-estar, além de fortalecer características como resiliência, alto desempenho, melhora da saúde mental e capacidade de manejo do esgotamento acadêmico (1).
Durante o curso de medicina, o objetivo é a aquisição de múltiplas habilidades e vasto conhecimento, sob considerável pressão e competitividade. Nesse sentido, a prática regular de esportes tem demonstrado potencial para o desenvolvimento de competências extracurriculares essenciais à prática médica, como: autodisciplina, gerenciamento do tempo, trabalho em equipe, estabelecimento de metas e estratégias de enfrentamento ao estresse e dificuldades (1).
Uma revisão retrospectiva do programa de residência em otorrinolaringologia da Washington University School of Medicine (EUA) avaliou os fatores preditores de sucesso dos profissionais admitidos no serviço. Variáveis como nota no USMLE, notas durante a faculdade, classificação da universidade de origem e atividades extracurriculares estão entre os fatores avaliados. Surpreendentemente, o que demonstrou ter maior relação com o sucesso foi ter se destacado em esportes de equipe (2). Para além da dedicação à prática esportiva e seus já conhecidos efeitos benéficos, os estudantes de medicina podem se beneficiar da aquisição de habilidades importantes para o sucesso, como liderança e gerenciamento de pessoas.
Por fim, tem sido demonstrada associação entre a prática de atividades físicas/esporte por médicos e estudantes de medicina e o aconselhamento acerca do tema. Tendo em vista ser esta conduta significantemente negligenciada, uma pesquisa prospectiva com 1.658 estudantes de medicina de universidades estadunidenses concluiu que “A frequência do aconselhamento dos pacientes sobre atividades físicas foi consistentemente relacionada às práticas pessoais” (3).
Assim, a prática regular e comprometida de um esporte pelos acadêmicos de medicina tem demonstrado estar associada a um melhor desempenho acadêmico, menor taxa de adoecimento mental, melhora do gerenciamento de tempo e estresse, resiliência, melhores taxas de sucesso e bem-estar assim como impacto positivo no aconselhamento dos pacientes.
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Referências
[1] FRANK, ERICA1,2; TONG, ELIZABETH2; LOBELO, FELIPE3; CARRERA, JENNIFER2; DUPERLY, JOHN4 Physical Activity Levels and Counseling Practices of U.S. Medical Students, Medicine & Science in Sports & Exercise: March 2008 - Volume 40 - Issue 3 - p 413-421 doi: 10.1249/MSS.0b013e31815ff399
[2] Chole RA, Ogden MA. Predictors of Future Success in Otolaryngology Residency Applicants. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 2012;138(8):707–712. doi:10.1001/archoto.2012.1374
[3] FRANK, ERICA1,2; TONG, ELIZABETH2; LOBELO, FELIPE3; CARRERA, JENNIFER2; DUPERLY, JOHN4 Physical Activity Levels and Counseling Practices of U.S. Medical Students, Medicine & Science in Sports & Exercise: March 2008 - Volume 40 - Issue 3 - p 413-421 doi: 10.1249/MSS.0b013e31815ff399