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Como garantir o estoque de bancos de sangue em uma região carente do Brasil

Como garantir o estoque de bancos de sangue em uma região carente do Brasil
João Octávio Ambrósio
abr. 20 - 4 min de leitura
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Em contraste à opulência econômica vivida pela região brasileira do Vale do Jequitinhonha no estado de Minas Gerais durante o período colonial do Brasil, a realidade atual é de pobreza e precariedade dos serviços oferecidos à população, incluindo saúde. (1)

De acordo com estudo apresentado pela Subsecretaria de Vigilância em Saúde de Minas Gerais, a taxa bruta de mortalidade geral da macrorregião de saúde Jequitinhonha é de 6,4%, superior à taxa de mortalidade do Estado de Minas Gerais que é 5,9%. Ao ser ajustada, a taxa de mortalidade por mil habitantes na macrorregião Jequitinhonha sobe para 7,9%, a maior entre todas as 13 macrorregiões do Estado de Minas Gerais. (2)

Nesse cenário, a hemotransfusão muitas vezes se faz vital e é nesse contexto que o projeto Gota de Sangue: Salvando Vidas em Diamantina, da recém criada Faculdade de Medicina da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri se justifica.

Garantir o abastecimento dos bancos de sangue é um problema de interesse mundial, uma vez que não há uma substância capaz, em sua totalidade, de substituir o tecido sanguíneo. Os hemocentros têm dificuldade em manter o estoque de sangue para atender às necessidades específicas e emergenciais. (3)

O Projeto Gota de Sangue tem como objetivo aumentar a fidelização e o número de novos doadores de sangue. Para isso, os alunos do projeto desenvolvem um trabalho de mobilização e sensibilização entre as instituições de ensino e a população da cidade de Diamantina, por meio de intervenções em salas de aula e abordagens individuais em locais públicos que visam contribuir com a educação da população acerca da coleta sanguínea. Para intensificar a conscientização, o projeto é divulgado em redes sociais, televisão e rádios locais.

O Hemonúcleo de Diamantina-MG tem como meta mensal a coleta de 350 bolsas de sangue e anual de 4.319 bolsas. Em 2014, a primeira foi alcançada em apenas 5 meses e houve uma coleta anual de 4.103 bolsas, abaixo da meta. A partir de 2015, ano de início das atividades do projeto, a instituição passa a ter uma limitação de recursos humanos, ficando sem o profissional responsável pela multiplicação de novos doadores e fidelização dos antigos. Apesar disso, a manutenção e o aumento do número de doações em alguns meses em 2015 e 2016, quando comparado ao ano de 2014, sugerem um reflexo positivo do projeto sobre o número de captações. Até junho de 2017 o projeto conta com o número de 1391 pessoas sensibilizadas diretamente.

Para os acadêmicos, a participação no projeto possibilita um maior conhecimento sobre a realidade do sistema de saúde em que estão inseridos, bem como sobre a população e seu grau de informação, mitos e tabus relativos à doação de sangue, uma oportunidade única de aplicar a teoria assimilada nas salas de aula à pratica, sob a ótica de uma visão crítica de que a realidade, muitas vezes, não é igual ao que consta nos livros.

Além disso, o projeto auxilia a universidade a cumprir com o seu papel social quando aproxima a instituição da população. Apesar do projeto ter se revelado importante na manutenção do abastecimento dos bancos de sangue na cidade de Diamantina  a resposta para o título deste artigo é compreender que os desafios são cada vez maiores e energia não deve ser poupada para mudança dessa realidade.

 

Quer saber mais sobre o projeto ?

Basta acessar a nossa página no facebook, disponível neste link.

 


Referências:

(1) DATASUS. SIM – Sistema de Informações de Mortalidade. 2011. Disponível em: http://www.datasus.gov.br

(2) MARTINS, A. L. “Breve História dos Garimpos de Ouro no Brasil” in: Rocha, G. A .(organizador) “Em busca do ouro: Garimpos e garimpeiros no Brasil” Rio de Janeiro. Editora Marco Zero. 1984.

(3) RODRIGUES, Rosane Suely May; REIBNITZ, Kenya Schmidt. Estratégias de captação de doadores de sangue: uma revisão integrativa da literatura. Texto contexto - enferm., Florianópolis , v. 20, n. 2, p. 384-391, June 2011


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