Olá, amigo(a) leitor(a), hoje nossa conversa continua sobre o tema mais discutido no momento: o Novo Coronavírus.
Apresento a você um artigo publicado na Nature, no dia quatro de maio. Ele pertence ao pesquisador Chunyan Wang (Universidade de Utrecht - Holanda) e à sua equipe. Seu título chama a atenção tanto daqueles que gostam do assunto, como dos que querem acabar logo com essa história de Novo Coronavírus.
Intitulado "Um anticorpo monoclonal bloqueando a infecção por SARS-CoV-2" (tradução), o artigo joga uma luz em meio a tanta gente propagando a escuridão das fake news.
A publicação começa destacando o papel dos anticorpos monoclonais como agentes que são direcionados a locais vulneráveis nas proteínas da superfície viral. Cita também a importância baseada na presença dos anticorpos nos medicamentos de combate a doenças infeciosas e demonstram, de fato, eficácia terapêutica contra variados tipos de vírus (1,2).
Segundo Wang et al., o alvo dos anticorpos voltados contra os coronavírus seriam as glicoproteínas das espículas triméricas (chamadas de proteínas S), que medeiam a entrada do vírus nas células. Essas espículas triméricas, amigo(a) leitor(a), seriam como uma espécie de "braços" do vírus, que fazem a ligação com nossas células e, a partir daí, feita essa ligação, ocorre a entrada do vírus nelas. Esses "braços" são aqueles espinhos que vemos nos vírus nas imagens que circulam por aí (em sites confiáveis, claro).
Segundo a publicação, a proteína S possui duas subunidades: uma responsável pela ligação celular (a S1, que possui quatro domínios principais S1A, S1B, S1C e S1D) e outra que cuida da fusão das membranas celular com a viral (a S2).
O que notou-se é que os anticorpos virais focam sua ação em S1 (3-8). Além desta descoberta, notou-se que, em termos de sequência primária de aminoácidos, a SARS-CoV (que causa síndrome respiratória aguda grave) e SARS-CoV-2 (a COVID-19) são semelhantes em 77,5%, ou seja, notamos aqui uma possibilidade de um anticorpo podendo atuar nas duas (já voltamos a falar sobre).
Além disso, esses vírus mencionados da SARS costumam se ligar à Enzima Conversora de Angiotensina 2 (ECA-2), por isso que as pessoas com problemas cardíacos, como também pressão alta, estão enquadradas em um grupo de risco ainda maior.
Como foi a experiência de Wang e sua equipe?
Utilizando o método E.L.I.Z.A, foi avaliada a reatividade de 51 hibridomas (um hibridoma seria uma célula voltada para a produção de anticorpos) que foram extraídos de camundongos transgênicos (H2L2) já imunizados. Esses camundongos produzem imunoglobulinas com algumas características humanas.
Dos 51 hibridomas testados, quatro demonstraram reatividade cruzada com a subunidade S1 da SARS-CoV2. Desses quatro, apenas um deles, chamado de 47D11, desempenhou uma atividade capaz de neutralizar tanto SARS-CoV, quanto SARS-CoV-2.
Lembra que falamos há cinco parágrafos atrás que os quatro domínios de S1 são S1A, S1B, S1C e S1D?
Então, o hibridoma 47D11 se ligou em S1B tanto no vírus SARS-CoV, quanto no SARS-CoV2, segundo o autor.
Falando especificamente sobre a SARS-CoV2, o S1B é formado por um domínio central e um subdomínio de ligação ao receptor. Segundo o autor do artigo, o 47D11 atua longe do subdomínio de ligação ao receptor.
O que isso possibilita?
Isso faz com que o anticorpo possa ser usado em combinação num futuro tratamento da COVID-19, porque enquanto ele atua em um sítio distante ao subdomínio de ligação ao receptor, outros anticorpos que atuam nessa região podem ser usados em conjunto para que se obtenha uma maior eficácia terapêutica.
O autor cita que seu artigo é o primeiro relato de anticorpo monoclonal humano que neutraliza a SARS-CoV2 (ou Novo Coronavírus). Além de ser usado no tratamento, o hibridoma 47D11 pode ser usado de alguma forma também na detecção de antígenos do Novo Coronavírus.
A pergunta que fica é: achamos a cura ou um tratamento completo e eficaz contra o novo coronavírus?
Infelizmente, até o momento, não. A medicina baseada em evidência precisa de um chão sólido para afirmar qualquer coisa, ou seja, precisamos testar, avaliar, estudar efeitos adversos e mais uma infinidade de coisas para se definir uma estratégia concreta.
Mas, enquanto muita gente dorme, tem outras milhares correndo atrás de estudar estes anticorpos para produzir vacinas e outras possibilidades de combate.
Dessa forma, deixo aqui meu agradecimento aos profissionais da pesquisa e da saúde, a outros setores como caminhoneiros, garis, coleta de resíduos sólidos e recicláveis e muitos outros. Enfim, uma carga enorme de pessoas que não ficam em casa, não por escolha, mas por necessidade.
Fique em casa, porque eles estão lá fora por você, amigo(a) leitor(a). Proteja a si e as pessoas que ama.
Até breve!
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Referências Bibliográficas
Artigo principal:
https://www.nature.com/articles/s41467-020-16256-y
1.Prabakaran, P. et al. Potent human monoclonal antibodies against SARS CoV,
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2. Saphire, E. O., Schendel, S. L., Gunn, B. M., Milligan, J. C. & Alter, G.
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6. Hwang, W. C. et al. Structural basis of neutralization by a human anti-severe
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