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Depressão, uma realidade urgente

Depressão, uma realidade urgente
Gabriel Couto
jan. 3 - 4 min de leitura
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No mundo, cerca de 300 milhões de pessoas sofrem de depressão e menos da metade destas passam por tratamento; aproximadamente 800 mil pessoas cometem suicídio no mundo por ano; no Brasil, a cada 45 minutos, uma pessoa tira sua própria vida. Dados recolhidos em estudo do ano passado e retrasado.

Esses números, retirados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do canal de notícias do Senado Federal, exibem uma triste realidade relacionada à pressão social e profissional, bullying, problemas de relacionamento, financeiros, familiares, de saúde, enfim, se for fazer uma lista de tudo não terminaríamos isso. 

Hoje, qual pode ser o foco de tantos relatos de depressão?

O sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman escreveu um livro chamado "Modernidade líquida", no qual expõe uma realidade muito bem definida dos comportamentos e relações humanas. Líquido, algo que não representa uma coisa firme, que pode evaporar rapidinho. Basicamente, as relações atuais não são mais genuínas e seguem o postulado por Bauman e isso identificamos em um passar de olhos pelos nossos dias.

Um exemplo são as redes que aqui eu chamo de "redes antissociais". A inserção das redes sociais fez com que muita coisa boa surgisse (facilidade na comunicação, um instrumento que até desencadeou revoltas sociais importantes como a Primavera Árabe), mas a forma com que algumas pessoas encaram as redes sociais pode ser muito nociva, o que me faz oportuno o termo "redes antissociais".

Agressões verbais por conta de partidarismo, vaidade por status, disseminação de fotos que expõem intimidade (caso mais recente do WhatsApp), racismo, xenofobia, intolerância religiosa (...). A chuva de ódio que circula pelas redes sociais deve ser lembrada não como a única, mas uma forma importante de aumento nos índices de depressão. Além das questões sociais, as profissionais também são incluídas, pois a sobrecarga emocional a qual os profissionais como os da saúde (os quais eu tenho contato e posso falar sobre), por exemplo, é notavelmente excessiva.

Mas como identificá-la?

Segundo médicos do Hospital Israelita Albert Einstein, os sintomas afetam o humor (tristeza, ansiedade, apatia e culpa), comportamento (irritabilidade, choro, automultilação), sono (falta dele ou sonolência excessiva), cognição (falta de concentração, pensamentos suicidas), peso (aumento exagerado ou perda dele), corpo (fadiga excessiva, cansaço). Esses sintomas que lhe forneci não são apenas para uma auto avaliação, mas para que saiba identificar no próximo. 

Se identificados, por favor, procure o médico ou estimule, no papel de médico(a), quem você tenha notado esses sintomas a fazer o mesmo.

Por fim, o que o Brasil pode fornecer de ajuda para a depressão?

O Centro de Valorização à Vida (CVV) foi criado em São Paulo em 1962. Ele surgiu com a nobre tarefa de ajudar quem está passando por essa fase tão difícil. Hoje ele dispõe de assistência em todos os estados e possui inúmeras formas de comunicação, a saber: chat, página da web (cvv.org.br), email e a central de atendimento ao usuário, a qual tem ligação gratuita e basta ligar no 188.

Toda essa discussão foi necessária para além de entender qual é gravidade da doença em números e suas origens na atualidade, fornecer um subsídio mínimo para podermos compreender como identificar sinais da depressão na clínica, bem como orientar as pessoas a como identificar sintomas e buscar ajuda em caso de problemas como na CVV. Além do mais, fica não só como uma forma de avaliar a doença nas outras pessoas, mas identificar a tempo se nós mesmos, com toda a pressão e sobrecarga que passamos, também não possuímos alguns sintomas de alarme.

Saiba que isso tem uma saída, você não está sozinho e podemos resolver muita coisa, desde que, no presente, comecemos a incentivar pacientes e nós mesmos a procurar por ajuda, pois é algo urgente.


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