Pesquisadores da Universidade de Exeter, liderando uma colaboração internacional com instituições de renome como a Universidade de Cambridge, o Instituto Sanger, a Universidade de Copenhague na Dinamarca, e a Universidade de Lund na Suécia, fizeram uma descoberta promissora no campo da genética da obesidade. O estudo, publicado na revista Med e financiado pelo National Institute for Health and Care Research e pela British Heart Foundation, aponta para um gene específico, o SMIM1, como um novo fator genético predisponente para o sobrepeso.
O gene SMIM1, descoberto há apenas uma década durante pesquisas sobre o grupo sanguíneo Vel, mostrou-se crucial na regulação do metabolismo basal. A pesquisa identificou que indivíduos que carecem de ambas as cópias deste gene, denominados Vel-negativos — uma condição rara afetando um em cada 5.000 indivíduos — tendem a ter um peso corporal mais elevado devido a um menor gasto energético em repouso.
Além do aumento do peso corporal, a falta do gene SMIM1 também está associada a outros indicadores de obesidade, como altos níveis de gordura no sangue, disfunção do tecido adiposo, aumento das enzimas hepáticas e baixos níveis de hormônios tireoidianos. Esses achados sugerem que essa variação genética pode desempenhar um papel significativo no desenvolvimento da obesidade em uma fração da população.
A equipe de pesquisa está otimista com a possibilidade de tratar a obesidade em pessoas Vel-negativas usando um medicamento barato e amplamente disponível usado para disfunções tireoidianas, esperando confirmar sua eficácia em futuros ensaios clínicos. Tal tratamento poderia representar uma abordagem personalizada e eficaz contra a obesidade para esse grupo específico.
O estudo utilizou dados genéticos de quase 500.000 participantes do UK Biobank para identificar 104 pessoas com a variante que leva à perda de função no gene SMIM1. Análises adicionais em quatro coortes confirmaram que ter a variante estava associado a um aumento médio de peso de 4,6 kg em mulheres e 2,4 kg em homens.
Esta descoberta ilumina um aspecto até então desconhecido do gene SMIM1, e reforça a importância de entender as causas genéticas da obesidade para melhor selecionar tratamentos eficazes e reduzir o estigma social associado à condição.
A equipe de pesquisa está ansiosa para ver como essa nova informação pode ser transformada em soluções práticas que beneficiem as pessoas com essa configuração genética, oferecendo esperança de tratamentos mais direcionados e eficientes no futuro.
Referência:
University of Exeter. "New genetic cause of obesity could help guide treatment." ScienceDaily. ScienceDaily, 20 June 2024. <www.sciencedaily.com/releases/2024/06/240620152240.htm>.