Quando estudamos na faculdade como proceder em uma entrevista médica – a famigerada anamnese –, aprendemos a buscar as seguintes informações: identificação, queixa e duração, história pregressa da doença atual, interrogatório complementar, antecedentes pessoais, antecedentes familiares, exame físico, hipóteses diagnósticas, condutas…
Sem dúvida a entrevista ajuda a focar naquilo que incomoda naquele momento. Mas acabamos nos esquecendo de tudo depois de um tempo. Na minha opinião, a anamnese é ótima para pensamentos pragmáticos, mas péssima para a memória como um todo, causando uma perda da visão holística do caso.
Façamos um teste: ao invés da história da DOENÇA, por que não escrevemos a história do PACIENTE. Algo mais ou menos assim:
João de Deus, nascido em 1956, filho de Sebastião e Olinda, ambos com antecedentes de HAS e DM, aos 40 anos reparou que o seu joelho já não parecia tão bom quanto antigamente…
Quando contamos histórias, lembramos muito mais dos detalhes. Eles estão integrados aos acontecimentos e à própria história, e a sequência de eventos fica mais clara. Mas há um outro benefício em cima disso tudo: criamos empatia!
Sim, a empatia é o momento no qual você começa a observar os fatos e o mundo com os olhos do protagonista. Quando contamos a história, deixa de ser relevante o que você acha para ser relevante o que ele acha.
E uma coisa é clara nesse mundo que está virando de cabeça para baixo: a empatia é o diferencial!
Pense nisso e conte mais histórias do que de casos...