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Biomarcadores revelam o início oculto da demência frontotemporal

Biomarcadores revelam o início oculto da demência frontotemporal
Comunidade Academia Médica
mai. 18 - 4 min de leitura
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A demência costuma ser associada ao envelhecimento, especialmente em idosos acima dos 65 anos. No entanto, um número significativo de pessoas começa a manifestar sintomas ainda na meia-idade, muitas vezes entre os 40 e 60 anos. Nesse grupo, a forma mais comum é a demência frontotemporal (DFT), que frequentemente é confundida com depressão, esquizofrenia ou até mesmo Parkinson, atrasando o diagnóstico e o tratamento adequado.

Agora, um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Francisco, traz descobertas importantes sobre a fisiopatologia da demência frontotemporal hereditária. Publicado na revista Nature Aging em 16 de maio de 2025, e divulgado em Science Daily, o trabalho abre perspectivas para novos métodos de diagnóstico e possíveis tratamentos personalizados para essa forma devastadora de demência.

A equipe de cientistas analisou o líquor — fluido colhido por punção lombar — de 116 pacientes com demência frontotemporal hereditária, comparando os resultados com os de 39 parentes saudáveis. O foco da pesquisa estava na proteômica, ou seja, no mapeamento das mais de 4.000 proteínas presentes no líquido cefalorraquidiano.

Ao estudar apenas casos com mutações genéticas conhecidas para a doença, os pesquisadores garantiram que estavam avaliando indivíduos com diagnóstico confirmado ainda em vida — algo raro, já que muitos casos desse tipo de demência só são diagnosticados post-mortem.

Os cientistas identificaram alterações consistentes na composição proteica do líquor, que indicam disfunções na regulação do RNA. Essa etapa é essencial para a expressão adequada dos genes no cérebro. Além disso, também foram observadas alterações em proteínas envolvidas nas conexões sinápticas, sugerindo que a comunicação entre neurônios já está comprometida precocemente.

Essas descobertas fortalecem a hipótese de que a demência frontotemporal hereditária pode ser detectada por biomarcadores específicos, antes mesmo da manifestação clínica completa — uma revolução para o diagnóstico precoce.

Segundo os pesquisadores, essa é a primeira vez que se encontram marcadores moleculares específicos da doença em pessoas vivas, oferecendo uma janela de oportunidade para diagnosticar a doença em estágios iniciais e não apenas após a progressão dos sintomas.

O problema afeta as pessoas no auge de suas vidas, tirando-lhes a independência”, disse o professor Rowan Saloner, PhD, da UCSF Memory and Aging Center e autor correspondente do estudo. “Mas ainda não há uma forma definitiva de diagnosticá-la em pacientes vivos, como ocorre com o Alzheimer.”

Aplicações práticas: diagnóstico e medicina personalizada

A identificação desses biomarcadores proteicos poderá ajudar a:

  • Diagnosticar a demência antes da perda significativa de função cognitiva ou comportamental;

  • Encaminhar os pacientes para ensaios clínicos de terapias emergentes;

  • Desenvolver tratamentos personalizados, com base nas vias moleculares afetadas;

  • Diferenciar esse tipo de demência de outras doenças neurológicas com sintomas semelhantes, como depressão maior ou doenças do movimento.

Este estudo marca um avanço significativo no entendimento da demência frontotemporal, especialmente em sua forma hereditária. Ao identificar proteínas-alvo no líquor que mudam à medida que a doença avança, os pesquisadores estão traçando um caminho promissor para diagnósticos mais precisos, terapias direcionadas e acompanhamento clínico individualizado.

No momento em que a medicina caminha cada vez mais para a personalização do cuidado, estudos como este reforçam a importância da ciência de ponta para transformar vidas — especialmente aquelas que, por muito tempo, ficaram à margem dos grandes esforços diagnósticos em saúde mental e neurológica.


Referência:

University of California - San Francisco. "How do middle-aged folks get dementia? It could be these proteins." ScienceDaily. ScienceDaily, 16 May 2025. <www.sciencedaily.com/releases/2025/05/250516134531.htm>.


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